Bahia 2026: um cenário desafiador
Coluna Made in Bahia desta terça-feira, 23

A economia baiana chega a 2026 diante de um ambiente nacional complexo e de transição. O país entra no ano pressionado por um déficit fiscal elevado, pela necessidade de consolidar o arcabouço fiscal e pela implementação gradual da reforma tributária. Esses fatores influenciam diretamente o dinamismo econômico da Bahia, que depende tanto de condições internas quanto das políticas macroeconômicas brasileiras.
No plano estadual, as perspectivas são cercadas de cautela. A Bahia mantém setores estruturais com potencial de expansão — como energia renovável, mineração, agronegócio, petroquímica e serviços de tecnologia — que devem seguir como motores de crescimento. O agronegocios no Oeste, novos projetos no Polo de Camaçari, a chegada da BYD, a ampliação da capacidade de energia eólica e solar no interior, oferecem bases para um desempenho mais robusto, caso o ambiente macroeconômico permita.
Entretanto, o cenário nacional impõe limites. Um déficit fiscal persistente tende a elevar a percepção de risco, encarecendo o crédito e reduzindo a margem de investimento público federal. Para um estado que depende de grandes obras estruturantes — portos, ferrovias e infraestrutura logística — a eventual restrição orçamentária pode atrasar projetos estratégicos, freando a competitividade baiana e a atração de investimentos privados.
A reforma tributária, por sua vez, é um fator ambíguo. No longo prazo, tende a simplificar o sistema, reduzir litígios e melhorar o ambiente de negócios. Contudo, 2026 marca uma fase de transição, com mudanças de alíquotas, adaptações das empresas ao IVA dual e incertezas sobre o impacto efetivo na carga tributária dos setores predominantes na economia baiana. Serviços e comércio podem enfrentar aumento relevante de custos no curto prazo, afetando margens e capacidade de expansão.
Assim, 2026 se desenha como um ano de oportunidades, mas também de riscos. A Bahia pode crescer acima da média nacional se conseguir combinar sua vocação setorial com estabilidade macroeconômica, segurança jurídica e execução eficiente de projetos estratégicos. O desempenho do estado dependerá, em grande parte, da capacidade do Brasil de equilibrar suas contas, implementar uma reforma tributária funcional e reconstruir um ambiente de confiança para o investimento produtivo.
O Business Bahia e o Made in Bahia, atuam como um hub de inteligência empresarial, articulando líderes, promovendo discussões estratégicas e antecipando efeitos de políticas públicas sobre o ambiente de negócios, e se consolidará no próximo ano como plataforma fundamental para integrar mercado, governo e sociedade na construção de um ambiente econômico mais sólido e competitivo em nosso estado. Feliz 2026 Bahia!
*Carlos Sergio Falcão- presidente do Business Bahia
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