É preciso saber colher
Confira a coluna Made In Bahia
Não sei se essa informação habita as rodas empresariais e políticas da Bahia, mas o Estado é referência em produtividade por hectare de soja, somos os mais eficientes do Brasil em uma série história publicada pelo Rally da Soja realizado pela APROSOJA, além de ostentarmos a posição de melhor pluma de algodão do País.
A AIBA – Associação do Irrigantes do Estado da Bahia, uma prestigiada e respeitada associação, sediada no Oeste da Bahia, que congrega alguns dos grandes produtores rurais do Estado e ativa no debate e construção das políticas públicas voltadas ao agronegócio regional, publicou que cultura do algodão no oeste baiano possui 19% da produção nacional e 8% da produção nordeste.
Já a soja do oeste baiano corresponde acerca de 5% da produção nacional e a 49% da produção do Nordeste. A safra 22/23 registrou um recorde histórico ao contabilizar uma produção de cerca 7.477 milhões de toneladas da oleaginosa, um incremento da ordem de 7,70% em relação à anterior e a safra 23/24 apresenta uma leve alta.
Reunimos municípios que figuram com os maiores PIBs agrícolas do País, como é o caso de São Desidério, Formosa do Rio Preto, Barreiras, Correntina, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Jaborandi, Mucugê e Juazeiro.
O PIB agrícola do Estado, hoje, equivale a aproximadamente 20% da economia baiana, essa, sem qualquer exagero, é uma Bahia que dá certo.
Estamos preparados, enquanto Estado e classe empresarial, para colher tamanha relevância?
Não conseguimos beneficiar nossa produção e agregar valor à cadeia do agronegócio por ausência de disponibilidade de fornecimento de energia. Uma contradição! Um Estado que vem se destacando na geração de energia renovável é o mesmo que não consegue beneficiar a sua produção por indisponibilidade de infraestrutura de rede de distribuição e transmissão de energia elétrica para as zonas produtoras.
Com a falta de modal logístico eficiente, sem ferroviais, hidrovias e com uma malha rodoviária deficiente, escoamos boa parte da produção agrícola por outros Estados, deixando de gerar receitas aos cofres públicos locais e incrementar a carga para abastecer a nossa infraestrutura portuária já instalada.
Ou seja, temos cargas, mas empurramos parte relevante da nossa produção agrícola para escoar fora do Estado. Precisamos aprender a colher tudo que o homem do campo, o produtor rural, faz pelo nosso Estado. Precisamos nos unir em prol da segurança jurídica no campo, do investimento assertivo em infraestrutura para gerar eficiência logística, da disponibilidade energética e o aproveitamento da cadeia do agronegócio dentro da Bahia. Temos o potencial de criar a agroindústria do nosso Estado, um novo ciclo de prosperidade, desenvolvimento econômico e relevância.
Vamos à colheita.
*Washignton Pimentel é Advogado e Sócio do escritório Washington Pimentel Advocacia, Diretor do Instituto Washington Pimentel, instituição mantenedora de programas de capacitação empresarial voltadas ao agronegócio, membro da Associação Comercial da Bahia