Ferrovias Made in Bahia: Inovação e Viabilidade
Coluna analisa o projeto do Trem Intercidades Salvador–Feira de Santana e seu impacto no futuro da mobilidade ferroviária no Brasil

O projeto do Trem Intercidades Salvador–Feira de Santana, desenvolvido pela TIC Bahia, representa um marco de modernização no transporte sobre trilhos. Ele adota padrões operacionais que não apenas superam os projetos nacionais existentes, como apontam para um novo futuro da mobilidade integrada no país.
Com trens de passageiros projetados para velocidades de até 200 km/h e composições de carga operando acima de 160 km/h, a linha rompe com as limitações das ferrovias tradicionais brasileiras. Em vez de se restringir a traçados com raios mínimos estreitos e rampas acentuadas, o projeto estabelece geometrias amplas e suaves, garantindo desempenho, segurança e conforto em nível internacional, comparável ao que se vê em países como China e Alemanha.
Esse novo padrão só é possível graças ao potencial topográfico da Bahia, cuja conformação do relevo favorece a implantação de linhas de alta velocidade a um custo menor. Assim, o Trem Salvador–Feira pode ser construído com até 30% menos gasto por quilômetro do que projetos semelhantes em estados como São Paulo e Rio de Janeiro – caso do Trem SP–Campinas.
O projeto também conta com um forte lastro econômico. Segundo a Fundação Dom Cabral, circulam pela Bahia cerca de 147 milhões de toneladas de carga no sentido Norte–Sul e 107 milhões no sentido Oeste–Leste todos os anos. Esse é um dos maiores potenciais logísticos do Brasil, hoje escoado majoritariamente por rodovias.
Com a implantação de um corredor ferroviário moderno e eficiente, parte expressiva desse fluxo poderá migrar para os trilhos, aumentando a competitividade e reduzindo custos logísticos. Estimativas internas da TIC Bahia indicam que as ferrovias Made in Bahia podem alcançar taxas de retorno superiores a 20% ao ano, impulsionadas pela operação mista de passageiros e cargas, além das integrações previstas com a FIOL, a Ferrovia Norte-Sul, a Transnordestina e os portos da Baía de Todos os Santos.
Amparado pelo novo marco legal das ferrovias (Lei nº 14.273/2021), o projeto estruturado via autorização privada pode se tornar um exemplo de sucesso nacional e internacional.
A Bahia, portanto, não está apenas retomando sua malha ferroviária – está redesenhando o que pode ser o novo padrão ferroviário brasileiro.
*Osvaldo Ottan, diretor Comercial da TIC Bahia.
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