Tarifas americanas ameaçam a economia baiana
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Na sexta-feira, 01 de agosto, deverá entrar em vigor a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações de produtos brasileiros para esse país.
Essa tarifa, se não for extinta, reduzida ou no mínimo prorrogada, gerará grandes prejuízos para a economia baiana, nos tornará mais vulneráveis, reduzirá nossas exportações e ameaçará a nossa competitividade externa, em diversos setores como papel e celulose, químicos e petroquímicos, borrachas, metalúrgico e agronegócios, afetando a exportação de produtos como carne, café e laranja. Segundo estudos da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, em 2024 nosso estado exportou US$ 882 milhões para os Estados Unidos, o que representa 7,4% das nossas exportações totais, sendo o nosso 3º. parceiro comercial mais importante, enquanto a China é o primeiro.
Além disso, existem outras perspectivas ruins para a indústria local, em caso de retaliação do governo brasileiro, que poderá sofrer com o aumento de insumos importados, aumentando os custos de produção e poderá implicar em desaceleração industrial. Essas consequências, em conjunto, representará uma queda no PIB estadual, estimada em até R$ 1,8 bilhão/aa.
As razões econômicas utilizadas para justificar esse tarifaço contra as exportações brasileiras, não se sustentam na análise fria dos números. O fato é que a participação americana nas exportações brasileiras vem caindo nos últimos anos, saindo de 24,4% em 2001 para 12,2% em 2024, enquanto a China vem crescendo, saindo de 3,3% em 2001 para 28% em 2024. Os dados oficiais revelam que o Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os Estados Unidos desde 2009, sendo que nos últimos dezesseis anos as vendas americanas ao Brasil superaram as importações em US$ 88,61 bilhões.
Como líder do Business Bahia, que congrega mais de 260 empresários baianos, buscamos nos manter afastados de questões partidárias. Para nós não se trata, nesse momento, de encontrar culpados, esses serão julgados e possivelmente condenados nas urnas em 2026, mas de se encontrar caminhos para solução negociada da questão.
O empresário baiano já sofre com os sucessivos aumentos de impostos, com o descontrole dos gastos públicos, com o juro alto e com a nova tributação sobre a distribuição dos lucros que possivelmente virá no próximo ano. Os nossos empreendedores da área de serviço já imaginam a possível quebradeira com o maior IVA do mundo, e que aumentará a sua carga tributária em alguns casos, em mais de 100%. Não merecemos ser ainda mais espremidos nessa guerra de egos e narrativas, mas de uma solução para mais essa grave ameaça a nossa economia.