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Olhar Econômico

Por Luiz Carlos Lima

ACERVO DA COLUNA
Publicado sexta-feira, 17 de novembro de 2023 às 5:30 h | Autor:

Um olhar verde para o futuro

Confira a coluna Olhar Econômico desta sexta-feira, 17

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Imagem ilustrativa da imagem Um olhar verde para o futuro
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Dados são coletados diariamente em tudo que acontece no planeta. Esse volume gigantesco de informações, também conhecido por BIGDATA, serve ao propósito de evoluir a sociedade moderna, desde que sejam organizados e utilizados de forma inteligente. As organizações e até os indivíduos estão sempre em busca de informações para planejarem seu futuro. Essa preocupação parece não atingir os governantes, sejam eles no âmbito municipal, estadual ou federal. Salvo raras exceções, os gestores públicos montam planos para cumprir seus “mandatos” de 4 (quatro) anos e todas as ações que necessitam de maior prazo não são executadas ou simplesmente esquecidas.

Notadamente o setor de energia é um dos que mais precisam de planejamento e estratégias de longo prazo, não é por acaso a existência da EPE – Empresa de Planejamento Energético, vinculada ao MME-Ministério de Minas e Energia, cuja finalidade é organizar o futuro do Brasil em termos de geração, transmissão e distribuição de energia. Apesar de terem profissionais com qualidade técnica e competência, falta coordenação e decisão para fazer frente à lentidão dos órgãos que manejam o setor diante das evoluções, cada vez mais rápidas, ágeis e impactantes. Um exemplo dessa situação e completamente na contramão da descarbonização do planeta, a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica publicou, nesta terça-feira-14/11/23, uma consulta pública para debater um orçamento para 2024 de R$ 37,17 BILHÕES em subsídios com o título de CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), a serem pagos pelos consumidores, na conta de luz do próximo ano. Isso representa um aumento de 17% em relação aos subsídios que pagaremos até final de 2023. A proposta é escandalosa por diversos motivos, mas um deles, em particular, nos chama a atenção: são os R$ 10 BILHÕES que serão destinados para pagar o uso de combustíveis fósseis, principalmente na região amazônica.

A pauta dos noticiários em novembro está repleta de manchetes e notícias sobre energias verdes, mas não encontramos nenhuma visando eliminar a geração com combustíveis poluentes. As ações em curso são fruto de iniciativas isoladas e sem uma coordenação governamental clara de onde o Brasil vai chegar. Uma delas está na Câmara dos Deputados, na comissão especial sobre transição energética, que está por aprovar o marco legal do hidrogênio de baixo carbono (verde) até final deste ano. Isso trará segurança para investidores como a gigante australiana Fortescue Metals Group (www.fortescue.com) que recebeu, na sexta (10/11), as primeiras licenças para construir uma planta de 2.100 MW no hub de hidrogênio verde do Porto do Pecém-Ceará. O Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) aprovou a LP-Licença Prévia e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Já existem mais de 50 memorandos de intenções para produção de hidrogênio verde no Brasil, representando cerca de US$ 30 bilhões em investimentos, porém a maioria com foco na exportação de amônia verde (produzida com H2V).

Também nesta terça-feira, 14/11/23, a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) emitiu os dois primeiros Certificados H2V do Brasil, uma carga de 295 kg produzidos com a fonte solar fotovoltaica pela EDP Energias Renováveis dentro do Complexo Termelétrico do Pecém-Ceará e outro para uma carga de 730 kg produzida a partir de energia solar/hidráulica em Araporã, pela ELETOBRAR-Furnas. Os dois projetos fazem parte de programas de P&D (pesquisa e desenvolvimento).

Várias empresas estão iniciando estudos para aplicação de combustíveis verdes nos setores da indústria de mineração, siderurgia e de mobilidade urbana. Essa reviravolta é recente e tem como exemplo a TOYOTA que lançou o primeiro veículo de série com uso do H2V, o MIRAI (www.toyota.com/mirai). Apesar do motor elétrico a energia vem de uma célula combustível que une o oxigênio do ar com hidrogênio armazenado em tanques dentro do carro. Ao invés de expelir CO2, o resíduo é apenas água. A Revista VEJA publicou semana passada que a CCR Mobilidade assinou com a Hyundai protocolo para estudar o uso de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) movido a H2V. Exemplos não faltam, mas na iniciativa privada.

Com todas essas informações e aceleração tecnológica voltada para a descarbonização do planeta, como justificar o pagamento de 10 bilhões em subsídios para uso de combustíveis fósseis? Afinal aqui o que não falta é sol, vento e tecnologia! Quem souber a resposta ganha um prêmio!

Engenheiro eletricista, especialista em Gestão e Comercialização de Energia Elétrica

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