Câncer de mama em animais tem tratamento e prevenção
Campanha esclarece tutores sobre tratamento
Toque amigo. É assim que se chama o equivalente ao auto-exame de mamas em animais. A verificação em busca de um eventual tumor nas cadeias mamárias de cadelas e gatas deve ser feita periodicamente pelo tutor. O procedimento é o primeiro passo para o diagnóstico precoce de câncer de mama, alvo da 11ª edição do Outubro Rosa Pet Bahia, que acontece no próximo dia 19, das 8h às 12h, no Hospital de Medicina Veterinária (Hospmev) da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A iniciativa é do Núcleo de Pesquisa em Oncologia Mamária (NPqOM), o Projeto Mama.
Os tutores devem levar ao hospital cadelas e gatas com tumores mamários para ter acesso a atendimento a baixo custo. Em geral, cerca de 150 pacientes são atendidos nesta ação e encaminhados para o tratamento. “As ações são importantes para a conscientização, a prevenção, o diagnóstico precoce e para consolidar a ideia de que existe tratamento”, explica a médica veterinária Alessandra Estrêla, coordenadora do Projeto Mama e do Outubro Rosa Pet Bahia. Ela acrescenta que quanto mais precoce iniciar o tratamento, maior as chances de assegurar qualidade de vida ao paciente.
Chances de vida
A cadelinha Amora, 12 anos, diagnosticada com a doença há 4 anos, em plena pandemia, é um bom exemplo de quanto o diagnóstico precoce é capaz de barrar a doença. Na época que a o tumor foi identificado, a tutora dela, a técnica de enfermagem Ana Carolina Di Gaspar, 42 anos, desconhecia que o câncer de mama também afetava animais. “Quando aconteceu foi um susto para a gente, porque ela é um cachorro que nunca ficou doente. Eu desconhecia”, explica, referindo-se ao câncer de mama. Embora seja profissional da área de saúde, Ana Carolina ignorava que os animais podiam ser acometidos por este tumor.
A cachorrinha fez a cirurgia de mastectomia em outubro de 2020, as sessões de quimioterapia e agora segue monitorada pela equipe multidisciplinar da Ufba. “No caso de Amora, foi um tumor maligno grau 2, malignidade intermediária, não tinha metástase para linfonodo, o que é bom, e Amora tem um diferencial incrível que é a tutora”, afirma a professora Alessandra Estrela. O bichinho reagiu bem ao tratamento e não apresentou nenhum efeito colateral.
Um pouco mais velha, ca delinha Maila, 16 anos, também passou por mastectomia em 2020 e, desde então, teve qualidade de vida assegurada pelo tratamento. “O tratamento foi bom, foram seis meses de quimioterapia e ficou tudo certo”, conta a tutora de Maila, a aposentada Luzia Maria Cerqueira, 67 anos. Atualmente, a cadeelinha apresentou um ferimento na pele e está investigando se há malignidade na lesão.
Cuidados paliativos
O acompanhamento multidisciplinar do paciente, que tem acesso a outras especialidades no hospital, humaniza (no melhor sentido) a abordagem e dá segurança ao tutor. Além de toda a rotina de acompanhamento, o atendimento no hospital, que em outubro fica todo enfeitado de rosa, envolve o tutor em simbologias e rotinas de acolhimento.
Uma delas, apontada pelos tutores como positiva, envolve o fechamento do ciclo de quimioterapia. Para marcar o final do tratamento, o tutor é levado a tocar um sininho, perto do qual uma frase motivacional lembra que a esperança é importante. “Acredite, tudo vai dar certo” é a frase escrita no quadro num dos consultórios. No Hospmev, também é oferecido apoio em caso de necessidade de cuidados paliativos.
Clínicas veterinárias particulares também costumam promover mobilizações com ações de prevenção e combate ao câncer de mama. Este é o caso da Petmix, que desde 2021 oferece avaliação gratuita de cadelas e gatas na tentativa de promover o diagnóstico precoce. “Além disso, durante todo o mês temos condições especiais de castração de fêmeas e mastectomia (se essa se fizer necessária)”, explica a médica veterinária Adriana Gonçalves, proprietária da clínica. A intenção dela e da colega Lavínia Muniz, que divide com ela a rotina de atendimento às pacientes, é o mesmo da equipe multidisiciplinar do Hospmev: a redução de casos de tumor de mama por meio de ações preventivas.
Veja os principais cuidados para evitar a doença
Qual a importância do Outubro Rosa Pet para o combate ao câncer de mama?
Apesar de todos os avanços científicos, a doença ainda é responsável pelo número significativo de mortes tanto de humanas quanto de animais. O Outubro Rosa Pet, que acontece há 11 anos, é importante ferramenta de conscientização sobre prevenção e tratamento precoce.
Uma vez identificado o tumor, como o tutor deve proceder?
O tutor deve buscar atendimento médico veterinário para avaliação e direcionamento do tratamento que consiste em mastectomia e quimioterapia, a depender de cada caso. O tamanho do tumor determina o prognóstico. Quanto maior o tumor, pior o prognóstico.
Qual a melhor forma de prevenção da doença?
A castração no momento adequado, o não uso de injeções anti-cio e o acompanhamento médico veterinário periódico do animal.
Fonte: Veterinários ouvidos para esta matéria