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Caso Joca expõe risco de bagageiros de aviões para animais

Campanha que combate crueldade contra os bichos é alerta para evitar maus tratos, dor e sorimento

Publicado domingo, 28 de abril de 2024 às 07:00 h | Atualizado em 28/04/2024, 17:48 | Autor: HIlcélia Falcão
Cão Joca, da raça Golden Retriever
Cão Joca, da raça Golden Retriever -

Era para ser mais mês para refletir sobre o Abril Laranja, época da Campanha de Combate à Crueldade contra os Animais. Porém, a trágica morte do cão Joca, da raça Golden Retriever, durante o voo G3 1527 da empresa Gol, no início desta semana, ampliou a dimensão do alerta preconizado pela iniciativa contra maus tratos aos animais.

O episódio envolvendo Joca, que gerou comoção nacional, mobiliza tutores e médicos veterinários na cobrança de medidas efetivas contra situações semelhantes. Neste domingo, 28, às 10h, haverá manifestação no aeroporto de Salvador pedindo providências para resolver o problema. O protesto se repete em terminais de várias regiões do País.

“O cão Joca não é o primeiro cão a morrer devido à falha operacional de empresa aérea. Esperamos que seja o último e faz com que toda a sociedade se mobilize para cobrar mais uma vez justiça para os animais que sofrem maus tratos e exigindo do poder público a regulamentação de transportes aéreos e terrestres para os animais”, afirma a empresária Patruska Barreiro, 47 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Caso Joca expõe risco de bagageiros de  aviões para animais

Joca deveria ter feito uma viagem de 2 horas e meia de São Paulo a Sinop, no Mato Grosso, e acabou não resistindo a exaustivas 8 horas e meia numa caixa de transporte após ter sido enviado por engano ao Ceará. Segundo o médico veterinário Sidney Gonçalves Gonzalez, do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-BA), é considerado crueldade qualquer comportamento que fira as cinco liberdades dos animais. “Isto inclui qualquer situação que inflija ao animal certas privações“, explica Gonzalez, que é conselheiro do CRMV. Eles devem ser livres de doenças; de dor por desconforto físico ou psicológico, fome e sede, medo e estresse, e de impedimento de expressar comportamento.

Só de carro

Por receio de protagonizar uma tragédia, a gerente comercial Luana Araújo, 32 anos, nunca permitiu que seus cães viajassem de avião. Sofia, 7 anos, e Luke, 4 anos e 8 meses, ambos da raça Golden Retriever, a mesma do cão Joca, sempre viajam de carro, com Luana ao volante. Toda vez que ela precisa fazer uma viagem mais longa, de um estado para outro, vão sempre cercado de cuidados. Quando se mudou de Santa Catarina para Salvador com os dois, desistiu de trazê-los de avião e fez, em 11 dias, uma viagem de carro que duraria, no máximo 7, não fosse a necessidade de parar para evitar estresse aos animais.

“ Na época, em 2020, eu tinha comprado caixa para a viagem que faríamos num voo de cerca de 4 horas de Porto Alegre para Salvador e já havia muitos relatos de maus tratos e voltei atrás”, conta Luana, que, por não se sentir segura, doou as caixas, trocou de carro e fez o percurso sozinha de Santa Catarina até a Bahia. “Embarquei nesta aventura por puro amor e dedicação a eles”, relembra. Em determinado momento da viagem, ela enfrentou trânsito intenso e por estresse os cães apresentaram diarreia. Ela entrou em contato co m a veterinária que os acompanha e a orientação foi parar alguns dias, o que fez também em Sâo Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em municipios da Bahia.

Luke e Sofia já viajaram também a Brasília, percurso que fizeram de carro, com Luana ao volante e acompanhada por um veterinário. Comovida com o episódio de Joca, ela fez questão de mandar um recado: “Quero ratificar que animal não é bagagem. O sentimento que temos por eles é amor, esperamos, pedimos um zelo para esta questão de extrema urgência e esperamos que essa dor pela perda de Joca traga algo positivo para a sociedade e que os responsáveis sejam punidos”.

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Tire dúvidas sobre regras de transporte de pets em voos

As empresas aéreas são obrigadas a oferecer o serviço de transporte de animais?

O transporte de animais de estimação e de assistência emocional não é obrigatório. O serviço depende de uma série de fatores (como o perfil de operação da empresa aérea, modelo de aeronave e rotas, por exemplo), portanto uma empresa não é obrigada a ofertá-lo. O único obrigatório é o de cães-guia.

Há regulamentação da ANAC sobre limite de peso para transporte de animais ou especificações de caixas de transporte?

Não. O limite de peso permitido é definido por cada companhia aérea.

Fonte: site da Agência Naciona de Aviação Comercial (ANAC)

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