Crematórios de pets oferecem serviço acolhedor
Espaços possuem licenciamento, seguem lei ambiental, tem capela e até serviço psicológico para o tutor
Ainda há quem não entenda o tamanho do afeto que envolve a relação entre humanos e animais de estimação. Contudo, conhecer os rituais de luto e os serviços oferecidos atualmente na Bahia por crematórios para pets dimensiona o quanto a relação entre bichos e seres humanos mudou. Capelas, velórios, relicários, pingentes em forma de cápsulas, porta pelos, porta retratos com a digital do animalzinho, urnas funerárias para as cinzas e câmaras de cremação integram a lista de itens para materializar o luto do tutor.
Na Grande Salvador, pelo menos três empresas oferecem o serviço de cremação em espaços devidamente licenciados para este fim: PetFênix (Simões Filho), PetSaudade (Lauro de Freitas) e ByeBye Pet (Catu de Abrantes). Apesar de envolver uma relação comercial - os preços da cremação variam entre R$ 250 a R$ 1300 - e técnica (enterrar é crime ambiental), o que mais chama a atenção é o cuidado, o acolhimento e o respeito ao sofrimento do tutor.
Há 2 meses, a empreendedora Arielle Carneiro, 39 anos, perdeu a poodle Mel, aos 15 anos, e encontrou na Bye Bye Pet a despedida digna que desejava. “As cinzas enterrei no jardim de casa e o restante joguei no mar pois era um local que ela gostava”, conta.
Na PetFênix, há até assistência psicológica para o enlutado. A empresa atua em quatro estados do Nordeste: além da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Na Bahia, ela funciona há dois anos e traz a marca da relação do fundador Erardo Costa com os animais. “Já tive muitos animais e a morte foi uma coisa com a qual nunca me acostumei; vejo que o apoio psicológico é muito importante”, diz. Segundo o gerente da unidade na Bahia, João Luiz de França Filho, neste momento delicado o principal é o cuidado com o tutor que pode receber as cinzas em até 24 horas.
Respeito
Neste ponto, a visão parece ser comum a todos do ramo. Inaugurada este ano, no bairro de Vida Nova, em Lauro de Freitas, a Pet Saudade prima pelo respeito. “Fiquei impressionada com o atendimento da equipe, eles tratam você com cuidado, atenção e importância que esse momento merece”, afirma a empresária Mariana Bandeira, que recorreu à PetSaudade para a cremação de sua gatinha Serena, em julho.
Sócio responsável pelo crematório, o empresário Caio Lagrota Ribeiro, 35 anos, afirma ter visto no Pet Saudade a oportunidade de reencontrar um propósito profissional. “Vi a oportunidade de fazer algo bonito, acolhendo famílias em um momento extremamente delicado”, conta ele, que abandonou a carreira no mercado financeiro para se dedicar ao negócio. Caio é o tutor de Dexter, um SRD de 14 anos, que o inspira todos os dias na missão de acolher.
Foi o diferencial que Mariana percebeu ao cremar a gatinha de estimação lá. Ela viajou 300 quilômetros de Ilhéus a Salvador para trazer Serena ao Pet Saudade. A gata siamesa adotada quando Mariana tinha 14 anos ganhou uma despedida com flores e música. Hoje, as cinzas repousam numa urna personalizada com foto, que fica ao lado da imagem de São Francisco de Assis, padroeiro dos animais. A gatinha era o xodó da mãe da empresária que eternizou assim a a memória do seu animal.