Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > PAPO PET
COLUNA

Papo Pet

Por HIlcélia Falcão

informações do mundo pet
ACERVO DA COLUNA
Publicado domingo, 22 de outubro de 2023 às 8:00 h • Atualizada em 22/10/2023 às 8:30 | Autor:

Entender o cérebro do cão ajuda a evitar reações agressivas

Sono reparador e passeios controlam estresse do animal

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
Neurocientista e geneticista Camilli Chamone desenvolveu método para restabelecer a saúde mental canina
Neurocientista e geneticista Camilli Chamone desenvolveu método para restabelecer a saúde mental canina -

Aposto que muita gente aí que ama cachorros não faz a mínima ideia de como funciona o cérebro de um cão. Muito menos sabe que comportamentos agressivos, por exemplo, podem indicar que as funções neurológicas vão mal. Ou que o manejo está inadequado às necessidades do animal. É nesta hora que a neurociência, parte generalista e ampla da neurologia, entra em cena e pode ajudar.

“A maioria esmagadorados problemas comportamentais é causada por estresse crônico. Eles são um sinal de saúde mental comprometida”, explica a neurocientista e geneticista Camilli Chamone, 50 anos, que desenvolveu um método para restabelecer a saúde mental canina por meio de estratégias aplicadas na rotina dos animais.

De acordo com ela, da mesma forma que humanos estressados têm baixa tolerância à frustração, impulsividade excessiva, predisposição a comportamentos agressivos, aumento do medo, mente acelerada e dificuldade de aprendizado, cães nesta condição também têm. A causa do comportamento disfuncional, em geral, está associada, segundo ela, a uma rotina desajustada, com tutores que usam uma “régua humana” para lidar com o bicho. Sono desregulado, falta de atividade física e dieta inadequada costumam resultar em comportamento disfuncional.

Expertise

Conhecer o funcionamento do sistema nervoso do animal é a chave para o sucesso da abordagem. Contudo, atenção, é a veterinária que tem o papel de diagnosticar eventuais doenças do sistema neurológico do animal. “É na neurologia veterinária que temos a expertise de diagnosticar e tratar, mas ela se alimenta gradativamente do conhecimento crescente contínuo da neurociência”, explica o médico veterinário Felipe Purcell, 42 anos, especialista em neurologia.

Em outras palavras, caso o tutor recorra a métodos como o de Camilli Chamone e os sintomas não sejam resolvidos, o recomendado é buscar o diagnóstico de um veterinário. Afinal, a neurociência não trata doenças. “O objetivo da neurociência é compreender como o cérebro é capaz de influenciar as funções essenciais como raciocínio, aprendizado, memória, atenção, emoções e capacidade de julgamento”, explica Camilli.

Foi em busca de entender um pouco mais sobre o assunto que a médica veterinária Andrea Bispo, 39 anos, buscou o curso da neurocientista. “Busquei o curso para me comunicar melhor com os meus pacientes”, conta ela, que tem atendido muitos animais com sintomas de estresse..

Já o publicitário Matheus Toledo, 33 anos, buscou a orientação da médica veterinária Rosa Maria Makoski Linn, 34 anos, aluna de Camilli Chamone, porque os seus cães Pixel, 5 anos, e Lunga, 4 anos, tinham comportamento de dominância. “Nos passeios eles sempre apresentaram comportamentos inadequados como puxar as guias, avançar em outros cães ou até mesmo brigar entre eles quando avistavam outros”, conta. Após seguir as recomendações da veterinária, tudo mudou. “Comecei a aplicar a noite deles no escuro total, seguido de exposição ao sol em passeio longo pela manhã, passeio que se repete no final do dia. Isso regulou as questões emocionais e reduziu a ansiedade”, conta.

Pequenas mudanças na rotina que confirmam a recomendação científica. “É essencial que todos os tutores saibam que nenhuma conduta agressiva e punitiva é necessária com seus cães”, alerta Rosa. Além de tratar bicho como bicho, três coisas são fundamentais: sono reparador, alimentação adequada e atividade física regular.

Saiba um pouco mais sobre neurologia canina:

De que forma entender o funcionamento do sistema nervoso e o cérebro canino pode ajudar a lidar com a agressividade, por exemplo?

Conhecer o funcionamento do sistema nervoso é a base para compreender distúrbios de comportamento. Mas, alguns comportamentos como agressividade podem ser desencadeados por doenças neurológicas, sendo o médico veterinário o único profissional capacitado para diagnosticar e tratar esse tipo de enfermidade. Os profissionais não veterinários podem realizar um trabalho ligado ao adestramento ou “ensinamento” de técnicas que auxiliam na prevenção e no controle de distúrbios de comportamento como a ansiedade.

Antes de ter um filhote de cão em casa, o que o tutor precisa saber para não incorrer em erros?

É preciso inicialmente entender que o cão é um indivíduo de uma espécie diferente da nossa. Parece lógico, mas, para muitas pessoas essa é uma informação crucial: “Cachorro não é gente, cachorro é cachorro!”. Isso não significa que devemos tratar os cães como faziam a maioria de nossos antepassados: dando resto de comida como alimentação principal e colocando para dormir no relento e não levando nunca em uma consulta médica de rotina. O fato de dizer que cachorro não é gente é simplesmente instruir as pessoas que eles são de outra espécie e tem necessidades fisiológicas muito diferentes. Tratar um cão como uma pessoa é o primeiro passo para gerar transtornos de comportamento.

Por que o adestramento tradicional nem sempre funciona com cães com comportamentos inadequados, como agressividade e excesso de latidos?

O trabalho de adestramento tradicional possui uma fundamentação teoria muito rica e sólida, mas, a aplicação desse conhecimento depende de fatores como idade do cão, ambiente em que ele vive, raça e sua carga genética, etc.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco