Inseto voador (mosquito palha) é vetor de doença grave
Mosquito é vetor de transmissão também da Leishmaniose
O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue aos humanos e o “verme do coração” aos pets, não é o único “vilão com asas” da saúde dos nossos animais de estimação. Se você é responsável por um gato ou cão, fique atento: o “mosquito palha” é vetor de transmissão de uma doença grave e, se não tratada, letal. Trata-se da leishmaniose, zoonose conhecida como Calazar e causada por um protozoário que invade as células de defesa e pode levar à morte.
A doença, endêmica na Bahia, afeta também humanos e cavalos. O Brasil concentra 96% dos casos nas Américas, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). A médica veterinária e doutora na área Gabriela Porfírio (@gabrielaporfiriovet), 45 anos, explica que a enfermidade atinge todos os mamíferos, porém nem todos ficam doentes. “É uma doença de caráter crônico e progressivo, quanto mais tarde o diagnóstico, maior é o avanço dela”, alerta.
Sinais clínicos
A falta de sinal clínico específico é o principal inimigo do diagnóstico precoce. Esta inespecificidade atrapalhou, em parte, o tratamento do American Bully Churchill Teles, 4 anos de 4 meses. Segundo a tutora dele, a empresária Anne Paz, 32 anos, em 2022, ele começou a perder o apetite e ficar abatido. “Ele tinha feridinhas entre os dedos, que sangravam”, conta. Ela o levou ao veterinário que identificou e tratou Babesiose.
Mesmo assim, como ele seguia apático, Anne recorreu a outra veterinária, que suspeitou de leishmaniose. “Quando a gente dosou, apareceu lesão nos dedos e ele tinha características que eu não sabia: unhas crescidas, focinho áspero; também já havia lesão no rim e baço”, conta Anne que acredita que a contaminação tenha ocorrido em Lauro de Freitas. Atualmente, eles vivem no município de Cruz das Almas.
O tratamento foi iniciado com Milteforan, único produto autorizado no Brasil para o combate à Leishmaniose Visceral Canina (LVC). O medicamento consta na lista das substâncias sujeitas a controle especial.
A supervisão da comercialização da substância é feita pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo CFMV, o único profissional autorizado a prescrever a medicação é o médico veterinário. O uso de repelentes veterinários (pipetas e coleiras) é a melhor prevenção, além do cuidado com a limpeza do ambiente já que o mosquito se reproduz em matéria orgânica.
A suspeita precoce dos estudantes de veterinára Bianca Avela e Eduardo Andrade de que a SRD Pretinha que resgataram há 2 anos tinha a doença ajudou a barrar o avanço da doença.“O tratamento foi realizado sem uso de Mitelforzina e logo no primeiro mês ele apresentou melhora significativa”, conta Bianca.
Segundo Gabriela Porfírio, os sinais clássicos, descritos na literatura, são perda de peso progressiva, crescimento exagerado das unhas, feridas que não cicatrizam, vômitos, diarreia, sangramento nasal, descamação da pele, aumento do abdômen, dentre outros.
Foi o sangramento nasal o sintoma que levou o advogado João Pedro Santana Costa, 30 anos, a identificar que algo não ia bem com a saúde da sua Golden Retriever Mel. “Uma vez diagnosticada, ela iniciou o tratamento medicamentoso. Está bem, brincando; faz tempo que não sangra mais”, conta o advogado, confiante no tratamento prescrito por Gabriela Porfírio. “A leishmaniose tem prevenção e tratamento; a eutanásia de cães positivos não é a solução”, alerta ela.
DR. PET
Conheça um pouco do ciclo de transmissão da doença
O que é leishmaniose?
Leishmanioses são zoonoses transmitidas pelo vetor alado conhecido popularmente como “mosquito palha”, que precisa se alimentar de sangue de hospedeiros (homem, cães, gatos, cavalos) e então transmitir o protozoário no momento da picada.
O que acontece?
As células de defesa são invadidas e dentro delas o protozoário Leishmania se multiplica e infecta outras células se espalhando pela corrente sanguínea, pele e outros tecidos de defesa. Quando um novo “mosquito-palha” vai se alimentar, então “absorve” junto com o sangue o parasito.
Que medidas preventivas o tutor deve adotar?
Preconiza-se o uso de coleiras impregnadas com inseticidas que também são repelentes do inseto vetor.