Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > PAPO PET
COLUNA

Papo Pet

Por HIlcélia Falcão

informações do mundo pet
ACERVO DA COLUNA
Publicado domingo, 14 de agosto de 2022 às 6:30 h | Autor:

Machos só protegem os filhos quando as fêmeas permitem

Cuidado do pai com os filhotes só ocorre após 60 dias de vida

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
Só agora Lucca consegue chegar perto dos filhotes
Só agora Lucca consegue chegar perto dos filhotes -

A domesticação dos cães alterou a forma como eles exercem a paternidade. Se na natureza até hoje seus ancestrais do sexo masculino, os lobos, desde cedo criam um cinturão de proteção às crias, os cachorros machos nem encostam nos seus filhotes ao nascer. É que cabe à mãe, a fêmea, proteger com unhas e dentes - literalmente - a ninhada das ameaças externas e isto inclui o próprio pai. Ao macho este papel cabe lá pelos 60 dias de vida das crias, quando a mãe perde a paciência com as demandas por brincadeiras e os bichinhos já não precisam mais dela para atividades básicas.

“Durante os primeiros dias de vida dos filhotes, o tutor deve ficar atento ao comportamento do novo pai pet. Se ele não se interessar pela ninhada, o tutor deve apresentar os filhotes a ele, deixando cheirar e fazer o reconhecimento. Sempre com supervisão. Caso o pai rosne ou demonstre qualquer outra manifestação de desinteresse, é importante separá-lo da ninhada, pois, por característica de dominância, ele pode acabar machucando os filhotes, e até matá-los”, alerta a médica veterinária Maíra Planzo, especialista em reprodução.

Isto não significa que o pai pet seja incapaz de exercer a proteção, como fazem os lobos nas alcateias. Contudo, a fêmea, por instinto, não permite aproximação dele - nem de humanos, a não ser do tutor alpha - nos primeiros meses de vida dos bebês caninos. “Em linhas gerais, os cuidados à prole são todos exclusivos da fêmea; em alguns casos machos convivem harmoniosamente com a ninhada, mas não podemos atribuir isso a uma “habilidade paterna”’”, explica o médico veterinário comportamentalista Luis Sousa.

Valquíria é a responsável pelo casal Lucca e Suzy
Valquíria é a responsável pelo casal Lucca e Suzy | Foto: Raphael Müller | Ag. A TARDE

“Só as mães protegem os filhotes, os machos não estão nem aí; eles têm um pouco mais de paciência com os filhotes quanto estão maiores, mas proteção mesmo, não”, afirma a veterinária Valquíria Coutinho Espírito Santos Teles, proprietária do canil Lili Dogs (@canillilidogs). Segundo ela, as fêmeas não permitem a aproximação dos machos por instinto de proteção. Este foi o caso do casal de yorkshires Lucca, 5 anos, e Suzy, 4 anos, que recentemente pariu três filhotes. Somente agora, depois que eles estão com 60 dias, é que o pai, Lucca, pôde se aproximar e interagir com os filhos.

Sem paralelo

Desde que domesticou os lobos, há pelo menos 20 mil anos, para o servir, o homem tem criado expectativas infundadas sobre o comportamento dos cães. “Antes de tudo devemos compreender animais como animais e humanos como humanos. Dessa forma, temos maior chance de ter uma convivência mais harmônica entre as duas espécies”, orienta o comportamentalista Luís Sousa, para quem não há paralelo entre humanos e cães no quesito “paternidade”. Os bichos, obviamente, não têm a menor noção do seu papel biológico no nascimento dos filhotes, muito menos que são “parentes” ou que, do ponto de vista genético, a cruza não deve ocorrer entre irmãos, pais e filhas, mães e filhos.

E o cuidado que as fêmeas dispensam às crias, segundo Maíra Planzo, está relacionado a um hormônio chamado Prolactina. “Devido a sua própria fisiologia pós-parto, acabam desempenhando um cuidado e atenção muito maior em relação aos machos”, diz. Por instinto, os machos auxiliam na proteção da ninhada, evitando que alguém desconhecido chegue perto dos filhotes, mas não são os protagonistas desta história genealógica.

Maíra explica que machos auxiliam na proteção
Maíra explica que machos auxiliam na proteção | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A TARDE

Veja as principais diferenças entre machos e fêmeas

DR. PET

Qual a diferença do comportamento de cães machos e fêmeas em relação às crias?

As fêmeas produzem um hormônio chamado prolactina que está relacionado com a habilidade materna. Devido à fisiologia pós parto, elas desempenham um cuidado e atenção muito maior que os machos.

O que um tutor que tem casais de animais de estimação como cães deve saber para cuidar melhor dos filhotes e da relação dele com os pais?

Durante os primeiros dias de vida dos filhotes, o tutor deve ficar atento ao comportamento do novo pai pet. Se ele não se interessar pela ninhada, o tutor deve apresentar os filhotes a ele, deixando cheirar e fazer o reconhecimento. Sempre com supervisão. Caso o pai rosne ou demonstre qualquer outra manifestação de desinteresse, é importante separá-lo da ninhada,

Esse comportamento tem a ver com a disputa pela fêmea?

Sim. Estudos mostram que ao longo da evolução do cão doméstico (canis lupus familiris), há diferenças significativas ao tipo de relação de acasalamento entre machos e fêmeas quando comparados com canídeos ancestrais, que tinham estrutura social mais rígida e a monogamia era característica marcante nos seus sistemas de acasalamento. A maioria dos cães domésticos pode reproduzir com mais de uma fêmea do mesmo grupo.

Qual o papel dos machos -além da fertilização da fêmea - na proteção da prole?

Isso dependerá muito do indivíduo, do comportamento do cão. Ele pode fazer a proteção desses novos cães se houver uma estabilização da convivência.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco