Médicos gêmeos dão exemplo de dedicação à saúde dos animais
Cosme e Damião buscam ação humanitária no exercício da profissão
Eles carregam o nome dos santos celebrados este mês, que eram médicos e dedicados à caridade, mas escolheram outro ramo da medicina para militar. Os irmãos gêmeos Cosme e Damião Correia Moreira dos Santos, 53 anos, são médicos veterinários cientes do seu papel face ao cenário de avanço do abandono dos animais. A PAPO PET escolheu a história deles para reverenciar o 9 de setembro, data dedicada a celebrar quem abraça a profissão.
Mas o que inspira esses dois já que o cenário não é fácil? “Além de gostar muito e ter vivido minha vida com os animais, foi meu irmão Damião que me inspirou com sua luta e amor pela profissão, pelo cuidado e pela atenção com os animais”, conta Cosme, que tem apenas 5 anos de formado.
Há mais tempo na estrada, Damião sempre teve em mente fazer a diferença. “O veterinário pode contribuir de várias formas, tanto no âmbito da saúde física quanto mental. Aqui em nossa clínica tentamos colaborar ao máximo, desde a cordialidade no atendimento a preços acessíveis”, explica ele, que desenvolve o ofício na Clínica Companhia do Animal, em Vila de Abrantes. Além de atender aos clientes do estabelecimento, ele presta apoio à ONG Abrigo Recanto Grandes Amigos.
Gêmeos de ofício
Entre Cosme e Damião há mais em comum que a profissão e a aparência. Gêmeos univitelinos, batizados com estes nomes para homenagear os santos médicos, ele vêem nos dois uma história inspiradora. “Vejo esse reflexo na minha atuação pois trabalho de forma humanitária e tento ajudar ao máximo os pets e os tutores”, afirma Damião.
Já Cosme afirma o respeito aos santos que inspiraram a mãe a nomeá-los e são reverenciados pela família com um caruru, conforme o costume baiano. Embora não seja católico, ele lembra do exemplo de São Francisco de Assis, o protetor dos animais, e ressalta a importância do ofício que abraçou. “O médico veterinário não se limita à saúde do animal, ele é responsável também por promover o bem estar, tanto do animal quanto do tutor fortalecendo os laços de companheirismo entre eles”, diz.
Este papel é reforçado por Eduardo Ungar, presidente estadual de Saúde Única do Conselho Regional de Medcina Veterinária da Bahia (CRMV/BA). “A mediação do veterinário é importante na relação entre tutores e animais, inclusive na orientação de que animal escolher porque cada tutor tem um animal adequado para ele”, explica Ungar. Uma orientação adequada é fator de combate ao abandono, questão séria que gera impacto na saúde do médico veterinário. “Essa questão do abandono é muito séria. O impacto termina vindo para a gente... Cada um dando um pouquinho de si a gente vai amenizar o sofrimento dos animais”, afirma Ungar, que se diz motivado a exercer o ofício, apesar das dificuldades. “A gente acorda feliz da vida porque faz uma coisa que a gente ama, ajudando de toda maneira que a gente pode”, diz.
Histórico dos santos
Donos de uma das devoções mais antigas da Igreja Católica, os santos Cosme e Damião têm a sua atuação muito associada à saúde, informa a jornalista e doutora em Antropologia Cleidiana Ramos. Contudo, sua devoação não tem nenhuma relação com a causa animal. No catolicismo, o santo protetor dos animais é São Franciso de Assis. “Cosme e Damião eram irmãos, não necessariamente gêmeos, tiveram a vida dedicada à caridade e eram médicos”, explica. Os dois teriam vivido na região da Arábia Saudita.
A devoção ultrapassa todos os limites geográficos e ganhou projeção na Europa por causa de Florença. “Cosme Médici era devoto, mandou construir uma igreja para os santos e fez com que a devoção ganhasse uma projeção imensa no mundo católico”, afirma. O culto a eles está relacionado à persistência de ritos a gêmeos. Na Bahia, ele se encontrou às divindades gêmeas africanas que são reverenciadas com o tradicional caruru como o que os gêmeos do início da nossa matéria oferecem, todos os anos, este mês. “Nos cultos da Nigéria e do Benin, mulheres que tinham filhos gêmeos eram consideradas figuras poderosas”, explica Cleidiana Ramos. É esta aura magica e humanitária dos santos gêmeos que permeia a história de tanta gente como os nossos personagens.
Veja quais as questões que impactam a profissão
Qual o papel do médico veterinário na vida de animais e tutores?
O médico veterinário tem um papel muito grande, especialmente na orientação da escolha do animal, identificando qual a melhor espécie e raça mais adequada ao perfil dos humanos. Cada tutor tem um animal adequado para ele.
Qual o impacto do abandono animal e da falta de condições dos tutores para a saúde e a rotina dos médicos veterinários?
A proliferação de animais abandonados impacta diretamente e de forma negativa a atuação do profissional. Isto por que, na maioria das vezes, o aumento da população de animais nas ruas dificulta o controle de doenças. Por outro lado, em alguns casos, o veterinário necessita de exames complementares para elucidar os casos, o que não é possível fazer principalmente pela falta de recursos dos tutores e instituições.
Como será possível reslver essa questão do abandono?
A partir de políticas públicas adequadas que incluam ações educativas dos humanos e assistência médica veterinária acessível aos animais. Atualmente, no Brasil, o número de animais abandonados é crescente e há escassez de recursos públicos de apoio a entidades de proteção animal. Outro problema é a existência de pessoas que não têm a devida qualificação para atuar no controle populacional destes animais.
Qual a origem do dia do médico veterinário?
O Dia do Médico Veterinário ou Dia do Veterinário é comemorado anualmente todo dia 9 de setembro, porque foi nessa data, em 1933, que foi assinado o decreto que regularizou a profissão e o ensino da medicina veterinária no Brasil. O ensino já existia mas foi oficializado nesta data.