Pitbulls dóceis e afetuosos desfazem preconceitos
Manejo correto revela lado afável dos animais
Humanos nem sempre são bons com animais e, às vezes, são a principal causa do comportamento inadequado dos seus bichos de estimação. Tem sido assim com o American Pit Bull Terrier, o pitbull, desde que foi criado, no século XIX, a partir do cruzamento dos antigos buldogues da Inglaterra com os terriers. E, acreditem, pitbulls não são cães de guarda, são dóceis e afetuosos e considerados cães de companhia pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC).
Mas de onde vem a fama de vilão deste animal? “O comportamento de um cão é resultado de uma interação complexa entre genética e ambiente. No caso dos pitbulls, essa má fama muitas vezes nasce de generalizações equivocadas. A raça tem características genéticas que, quando mal compreendidas ou mal manejadas, podem contribuir para comportamentos inadequados, mas não determinam que sejam agressivos”, explica o médico veterinário comportamentalista Rafael Ramos, 39 anos .
Preconceito
“É a primeira vez que tenho um pitbull e minha relação é magnífica, ele é super inteligente e muito brincalhão”, afirma o engenheiro de segurança do trabalho, Vinícius de Jesus Santos, 37 anos, tutor de Billy, 8 anos e pai de um bebê de oito meses.
Já a auxiliar de escritório Silvana dos Santos Souza, 35 anos, resgatou a pitbull Estela das ruas há 3 anos e não se arrepende. “O pitbull é tão “mal falado” que inicialmente tínhamos medo, como a maioria das pessoas. Conviver com Estrela nos fez enxergar a raça de outra forma e ver que nem todos são agressivos, e por esse motivo Pandora e Kyara também foram adotadas”, conta.
Tanto Vinícius quanto Silvana atribuem o número de ataques registrados pela raça ao manejo inadequado. “O animal merece passeios, brinquedos; nas ausências deixar sempre um atrativo para ele interagir e quando chegar premiar com biscoitos e muitas brincadeiras”, afirma Vinícius.
Hoje defensora da raça, a administradora de empresas Bárbara Virgínia Figueredo da Silva, 50 anos, já foi, no passado, uma pessoa que tinha medo deles. Mas mudou completa ente após o convívio e até resgatou um casal que hoje vive em lar temporário.
“Não me aproximava deles por pura ignorância e preconceito. Ao conviver com eles, abri a mente e hoje tenho outra compreensão. São muito companheiros e afetuosos”, afirma. Para ela, a visibilidade que a mídia dá aos ataques também contribui para aumentar o preconceito.
Descendentes da linhagem de antigos buldogues da Inglaterra, eles eram usados nos blood sportes(esportes de sangue), quando eram colocados para brigar com outros cães e até leões.
O primeiro registro da raça data de 1848, no United Kennel Club. Os combates foram proibidos em 1976 nos EUA. “A fama de agressivos dos pitbulls se deve à forma como ele foi selecionado na segunda metade do século XIX, eram cães de musculatura robusta e uma mandíbula muito potente para o combate das famosas “rinhas” ”, diz o médico veterinário comportamentalista Luis Carlos Sousa.
DR. PET
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Qual a influência do tutor no comportamento do cão?
O comportamento de qualquer cão pode ser moldado pelas ações do tutor. Estímulos negativos, como maus-tratos, punições severas, isolamento e ausência de socialização, podem desencadear agressividade em qualquer raça. Raças de grande porte, como pitbulls, são mais impactadas por essa falta de manejo, dado o potencial físico que possuem. A criação em um ambiente positivo e equilibrado, com reforço de comportamentos desejados, resulta em cães dóceis e confiáveis mas sempre com atenção e cuidado.
Quais as recomendações para tutores de raças de grande porte?
Invista em socialização precoce para expor o cão a diferentes ambientes, pessoas e animais. Proporcione estímulo físico e mental adequado. Ofereça treinamento, supervisione as interações com crianças e use coleira e guia nos passeios.