Presença de pets torna ambiente de trabalho acolhedor
Repartições públicas e empresas investem em ações que as aproximam do conceito ‘pet friendly’
Pode não parecer, aos olhos de quem não é muito afeito à convivência com animais de estimação, mas tê-los no ambiente de trabalho torna a rotina menos estressante. Isto já acontece em estabelecimentos hospitalares, como o Santa Izabel e a Clínica Amo, unidades de saúde que adotaram a terapia assistida. Em alguns casos, é permitida a ida ao hospital do pet tutelado por paciente que esteja internado por mais de 15 dias. No Ministério Público Federal (MPF), em Salvador, é permitido aos colaboradores levar o seu bichinho de estimação uma vez por mês.
“Ter o pet por perto traz benefícios como redução da ansiedade, da pressão arterial, do estresse, diminuição do risco cardíaco, fortalecimento do sistema imune, minimiza sintomas de depressão, melhora a socialização...”, explica a médica veterinária Isabel Cristina Santos Guimarães, 57 anos. E não é só o humano que se beneficia desta prática.
Respeito e cuidado
Segundo Isabel, para os animais, levá-los ao ambiente de trabalho do tutor reduz a ansiedade e o estresse que muitos enfrentam ao ficarem sozinhos em casa o dia inteiro. Tudo isso desde que observados cuidados como o respeito ao comportamento natural deles. “É muito saudável para o trabalhador e gratificante para o animal que muitas vezes passa o dia sozinho em casa e desenvolve estresse e a saudade da separação”, avalia o médico veterinário José Eduardo Ungar de Sá, membro da comissão de Bem Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-BA).
A assessora de gabinete Daniela Rodrigues Barreto, 35 anos, viveu esta experiência com o seu cãozinho Théo, 1 ano. No final do mês passado, ela pôde levá-lo à repartição pública onde trabalha na Paralela. Devidamente identificado com o crachá da Procuradoria da República na Bahia, Théo fez sucesso entre colegas de trabalho de Daniela, que adoraram a visita do cãozinho. “Trouxe a caminha, os brinquedos e um biscoitinho e ele ficou tranquilo, foi muito gratificante”, conta Daniela, que disse que a presença dele não atrapalhou em nada a rotina de trabalho, que fluiu normalmente.
Foi pensando em resultados como este que o Ministério Público Federal (MPF) deu inicio ao projeto que permitiu a Daniela levar seu bichinho de estimação à sede do órgão no mês passado. Idealizado pela procuradora chefe Vanessa Cristina Gomes Previtera Vicente, a iniciativa visa assegurar bem-estar aos colaboradores, especialmente agora, no retorno ao trabalho após o tempo de afastamento da equipe por conta da pandemia. Apaixonada por animais, a procuradora sabe o quanto os bichinhos de estimação fazem a diferença na vida das pessoas. “Muita gente aderiu e não recebi nenhuma reclamação, pelo contrário, o pessoal gostou”, conta ela que possui um shitzu de 12 anos, Loly.
Antes da pandemia, o projeto ocorria na procuradoria apenas na Semana do Servidor Público, em outubro. Agora, no retorno ao trabalho semipresencial, ele foi ampliado e passa a ocorrer uma vez por mês. Para levar o animalzinho ao local, o servidor precisa que o seu pet esteja com a vacinação em dia. Além disto, o bichinho deve usar guia e coleira e o seu tutor deve se responsabilizar por sua alimentação. Os tutores também ficam responsáveis por higienizar o espaço em caso de o bichinho urinar ou defecar. É solicitado que o tutor leve um enxoval mínimo e siga as regras de convivência.
Na avaliação da psicóloga Tatiane Seixas, coordenadora do Serviço de Intervenções Assistidas do Grupo GNAP, a presença de cães em ambientes corporativos contribui para a imagem de um ambiente mais acolhedor, empático, e que realize ações voltadas para o bem-estar de seus colaboradores.
“No dia da presença dos cães, a equipe tende a apresentar maior motivação, melhor empenho e, consequentemente, aumento na produtividade, além da presença do pet tornar o dia mais leve, com sensação de relaxamento e descontração”, conclui.