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Por Pedro Menezes

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 31 de agosto de 2024 às 7:26 h | Autor: Pedro Menezes

Poucos brasileiros mudaram de opinião política desde 2022

Uma das principais mudanças no quadro político pós-2022 está na parte mais moderada do eleitorado do Bolsonaro, que ficou mais antipetista

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Imagem ilustrativa da imagem Poucos brasileiros mudaram de opinião política desde 2022
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A opinião política dos brasileiros é mais ou menos a mesma desde as eleições de 2022. As mudanças são relevantes, interessantes, vou falar delas a seguir, mas não impactaram tanto o quadro geral. Essa estabilidade é a principal lição das pesquisas nacionais da AtlasIntel - e vimos isso na última pesquisa, divulgada nesta semana.

O antipetismo continua sendo o maior grupo político do país e se destaca pela união: seja qual for a questão, mais ou menos 45% da população escolhe a opção mais antipetista: é um bloco que, além de reprovar o governo e avaliar o desempenho como ruim ou péssimo, também mantém a avaliação ruim ou péssima em todos os temas perguntados pela pesquisa.

Esse comportamento se repetiu em praticamente todas as pesquisas Atlas: há sempre um percentual que insiste em aparecer nas respostas típicas antipetistas. Isso não significa que todos respondem em bloco, mas significa que quase todos respondem em bloco.

O grande trunfo de Bolsonaro é liderar esse bloco anti-petista. O ex-presidente tem uma imagem positiva para 42% da população, o que engloba cerca de 90% do antipetismo. Tarcísio, que define a própria posição política como “bolsonarista” tem 48% de imagem pessoal positiva.

Ou seja, o bolsonarismo engloba quase todo o grupo. Na hora H, o pequeno resto do antipetismo fica sem opção: é Bolsonaro ou o odiado Partido dos Trabalhadores.

O antipetismo pode até ser minoritário, mas uma mino-ria tão próxima a 50% pode ganhar qualquer eleição presidencial: basta contar com ajuda de quem vota branco, nulo ou se abstém. Enquanto o antipetismo tiver essa força, o petismo terá muita dificuldade. Talvez seja a hora de refletir sobre outro candidato como líder do antibolsonarismo, dado que um petista já começa com quase 50% dos votos contrários.

Uma das principais mudanças no quadro político pós-2022 está na parte mais moderada do eleitorado do Bolsonaro, que ficou mais antipetista. Era um pessoal que avaliava o governo como regular no primeiro mo-mento, mas ao longo de 2023 passou a avaliar como ruim ou péssimo. Foi uma mudança pequena porque, se muito, esse grupo chega a 5% do eleitorado. Ainda assim, ele explica por que a avaliação “ruim ou péssi-mo” está próxima a 40% e superou o ótimo/bom, apesar do aumento na aprovação geral do governo.

Do ponto de vista qualitativo, quando a gente olha a avaliação do governo mais de perto, o desgaste é per-ceptível até entre eleitores de Lula. Tem menos gente otimista com a economia e avaliação do governo está pior em quase todos os 16 temas pesquisados.

Lula tentou engatar um tom mais ameno no último conflito diplomático com a Venezuela. De fato, a imagem pessoal dele não piorou durante a confusão no país vizinho. Por outro lado, a avaliação ótimo/bom do governo nas relações internacionais caiu de 53% para 44%; e ruim/péssimo saiu de 44% pra 50%. É uma mudança grande, envolve parte significativa da população. O saldo saiu de +7 para -6, uma variação negativa de 13 pontos percentuais.

Chega a ser engraçado notar que esse desgaste não aparece tanto nas perguntas binárias, como a aprova-ção/rejeição do governo. Muitas pessoas tem uma avaliação pior sobre o desempenho de Lula e seus ministros, mas o lado político pesa nas respostas genéricas. Entre os eleitores de Lula em 2022, esse desgaste aparece principalmente nas respostas específicas ou temáticas.

A sorte do petismo é que o bolsonarismo se desgasta ainda mais. A aprovação pessoal de Bolsonaro caiu 3 pontos percentuais e a reprovação subiu mais 3. O saldo (aprovação - reprovação) já era -8 em junho e chegou a -14 em agosto. Tarcísio também passou a ser mais rejeitado desde a micareta do golpe: a rejeição dele saiu de 31% em março pra 43% agora.

Esse quadro que deixa a próxima eleição presidencial bem aberta. As preferências relativas aos dois maiores grupos políticos se mostram bem rígidas: quem prefere Lula, no geral, continua preferindo Lula, e o mesmo vale para quem preferiu Bolsonaro.

O antibolsonarismo não é exatamente um grupo: há muita divergência nas respostas em geral. Mesmo as-sim, é um conjunto de pessoas que engloba mais de 50% da população. E esse grupo continua rejeitando Bolsonaro acima de tudo.

Apesar do adversário impopular, o PT precisa manter o olho aberto. O Brasil não tem muitos petistas e essa parcela da população continua diminuindo. Para sobre-viver, o PT precisa manter o apoio de eleitores modera-dos. Gleisi Hoffmann, presidente do partido, precisa refletir um pouquinho sobre a pesquisa.

A nós, cidadãos, resta esperar: tudo indica que a eleição presidencial de 2026 será emocionante e desgastante como as anteriores.

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