Leão: um ano para celebrar
Confira a coluna do jornalista Angelo Paz
Os rubro-negros iniciaram este feliz ano de 2024 com uma expectativa lá em cima. Era a volta do Leão à Série A depois de cinco anos. Mesmo com a base campeã da Série B mantida, o clube tinha a meta de elevar o nível do elenco para que pudesse competir na elite do futebol brasileiro. E por mais que os clubes de ponta hoje tenham departamentos dedicados ao mapeamento de atletas, é praticamente impossível acertar em todas os atletas possíveis de serem contratados.
Coloquei o possível aqui como um ponto fundamental. Já explico. Com o 16º orçamento (218 milhões) entre as equipes que disputaram à elite este ano, o Leão não tinha cacife para concorrer com os atletas mais valorizados. Logo, teve e terá que apostar mais que os ditos ricos do futebol brasileiro. E assim fez nesta temporada, com mais de 30 contratações realizadas. Evidente que muitas delas não vingaram, outras sim, inclusive com a essencial participação o técnico Thiago Carpini.
Se faz necessário lembrar que do time titular que encerrou a temporada em um interessante empate com o Flamengo, em um lotado Maracanã, ao menos três iniciaram o campeonato desacreditados: os laterais Lucas Esteves e Cáceres, e o volante William Oliveira, que passou a jogar com mais liberdade com a chegada de Carpini – atuou como primeiro volante sob o comando de Léo Condé. Acrescento até o próprio Alerrandro, hoje valorizado com a artilharia do Brasileiro, mas que teve o seu momento de baixa no ano, principalmente ali no início do Brasileiro.
Ou seja, muitas vezes é preciso ter algo que que o futebol não oferece: tempo e paciência. Me parece um consenso, inclusive dentro do clube, que as contratações da segunda janela foram mais assertivas, não só pensando na equipe titular: todos que chegaram no meio da temporada encerraram o ano jogando, e sendo fundamentais na incrível recuperação que culminou com a permanência na elite e a consequente classificação à Sulamericana.
Uma finalização de ano extraordinária para quem se impactou negativamente com o início de Série A, marcado pela demissão de Léo Condé, que apesar da passagem vitoriosa pelo clube, não resistiu a um início de Brasileiro marcado pela conquista de apenas um ponto dos 15 primeiros disputados. Uma decisão que gerou muitas dúvidas no torcedor, afinal o Vitória optava pela saída de um técnico que estava no cargo há um ano e três meses, período em que conquistou o inédito título da Série B e também fez o Vitória camepão Baiano encerrando um jejum do clube de cinco anos sem títulos. Além do mais, Condé conhecia muito bem o elenco.
Hoje fica fácil dizer que a diretoria acertou. Mas no momento da decisão eu, por exemplo, entendi o contrário. Que bom que errei e o Vitória se recuperou a tal ponto de encerrar o ano com uma perspectiva de um 2025 cheio de sonhos a buscar, digamos assim. Diferentemente desta temporada, iniciará o próximo ano com uma base de elenco experimentada na Série A, e por isso, com a necessidade de realizar menos contratações. A diretoria projeta 12 de imediato.
Com uma melhor capacidade financeira, mesmo que ainda muito distante dos ditos ricos do nosso futebol, o rubro-negro espera acertar mais. Para isso, tem buscado atletas que tiveram constância na Série A entre os times que brigaram na parte de baixo da tabela, como Criciúma (rebaixado) e Juventude. São atletas que, na prática, entendem o DNA do Vitória atual: muita intensidade em campo para que possa superar a qualidade técnica dos adversários com melhor capacidade financeira.
É na base de muita organização e comprometimento dos atletas que Carpini vai trabalhar para entregar mais uma vez uma equipe competitiva, seja contra qual equipe for. A receita ele já mostrou ser possível colocar em prática.