Não adianta se iludir
Confira a coluna do jornalista Angelo Paz
O Vitória iniciou o Brasileiro de forma desastrosa. Foi a última da 20 equipes a conseguir uma vitória, e depois de uma melhorada nas apresentações e pontuação, a expectativa externa mudou: “dá para buscar algo melhor do que apenas brigar para não cair”, muitos pensaram. Internamente, entretanto, a ideia de um campeonato com o foco na permanência não mudou. Inclusive, este é um ponto que o técnico Thiago Carpini tem batido em quase todas as entrevistas, mesmo após bons momentos recentes, como as duas vitórias seguidas diante de Internacional e Atlético-MG, e depois sobre o Fluminense, no Maracanã.
Essa última, sem duvidas, foi a vitória que mais empolgou a torcida, que se mobilizou de uma forma diferente para o duelo com o Atlhetico Paranaense no último final de semana. A frustração foi proporcional a empolgação prévia. Com a nítida dificuldade de uma equipe que não consegue impor o jogo, o Rubro-Negro deu um vacilo lá atrás e perdeu mais uma vez no Barradão. Mas não é por que perdeu que o Vitória foi totalmente diferente em relação as partidas em que conseguiu vencer.
Explico melhor. Antes da chegada de Carpini, a fragilidade da equipe era muito mais escancarada. As derrotas eram quase que naturais diante da visível diferença de nível frente as equipes adversárias. O que mudou, sobretudo, com a chegada do novo treinador foi o perfil de competitividade do Vitória, que passou a duelar de uma forma mais consistente dentro de campo, algo que culminou com a chegada das vitórias. E olhe que essa equipe mais sólida veio com jogadores que eram reservas, como o lateral Lucas Esteves, a improvisação de Caio Vinícius na zaga, e a presença dos volantes Luan e Léo Naldi.
Uma equipe nitidamente construída para brigar por cada bola, fechar os espaços, evitar com que a bola chegue com perigo a Lucas Arcanjo, mas que não tem condições técnicas de propor o jogo necessário a uma equipe que almeja algo a mais na competição. Por isso os sequentes pedidos de pé no chão por parte de Carpini. Por isso também que a torcida vai precisar exercitar muito a paciência na caminhada até o final da competição. Sim, vai ser sufoco até a última rodada.
Para alterar a realidade do time a diretoria também muda um pouco o foco na busca por atletas na nova janela de trasnferências. A característica técnica é uma exigência primária acrescida em relação aos atletas que vão chegar. O Vitória tem clareza que só com altetas de força, intensidade e competitividade a realidade não irá mudar. Assim, a missão é encontrar oportunidades dentro da realidade do clube para oportunizar que Carpini possa tirar algo mais do elenco. De momento eu diria que tem tirado até muito mais do que muitos podiam imaginar.
A diretoria, principalmente o diretor Ítalo Ferreira, discorda deste ponto de vista. Em entrevista coletiva no ínício desta semana, durante o anúncio do volante Ricaro Ryller, o gestor não considerou que houve um erro de planejamento na construção do elenco que aí está. O título do Campeonato Baiano foi a justificativa utilizada. A desclassificação na primeira fase da Copa do Nordeste, entretanto, foi minimizada por uma questão do regulamento, que não contemplou à fase seguinte as equipes que mais pontuaram no computo geral da primeira fase.
Diante o meu olhar, sim, houve equívoco em parte das contratações, principalmente em relação a jogadores de nome que não vinham sendo mais competitivo anteriormente, como os atacantes Luan e Luiz Adriano, já dispensados. Outro ponto de discordância é o atraso na componente técnica como fator preponderante das contratações. Na Série A, ou você tem qualidade aliada a força ou o time só terá capacidade de se defender, com alguns lampejos ofensivos, que é o que ocorre com o atual Leão.