O Ibope não era pró-Globo? Morre outra teoria da conspiração
Na última quinta-feira publiquei em minha coluna no portal UOL (parceiro de A TARDE) uma notícia exclusiva e que surpreendeu quem acompanha o mundo da TV. Tive acesso simultaneamente à medição de audiência das TVs abertas feitas pelo Ibope e pelo GfK.
Há dois anos o GfK, instituto alemão criado nos anos 30, chegou ao Brasil pelas mãos de um pool formado por SBT, Record e RedeTV! Os três canais se uniram porque tinham desconfiança de que a empresa Kantar Ibope "favorecia", "distorcia" ou "roubava" para a Globo.
Mesmo sem provas cabais, essas emissoras sempre lançaram desconfiança sobre a metodologia e os resultados da então única empresa a medir público da programação das TVs no Brasil.
O pior é que essa ideia se disseminou e ficou arraigada nos últimos anos na cabeça de muitos telespectadores. Basta acompanhar redes sociais e comentários em sites para ver que sempre existiu uma maciça "teoria da conspiração" dedicada a provar que as pesquisas do Ibope são feitas para beneficiar a Globo.
Pessoalmente, nunca duvidei do profissionalismo da Kantar Ibope, e muito menos do isolamento longínquo da Globo em primeiro lugar.
Isso não quer dizer, porém, que não existam distorções, e a primeira delas se refere à divisão do bolo publicitário entre as emissoras.
Não tenho dúvidas de que as maiores agências do país não fazem a repartição desse "bolo" de acordo com a participação de cada TV no universo de TVs ligados (que seria o recomendável).
Não, muitas agências colocam muito mais dinheiro na Globo por uma série de fatores, que vão desde o que chamam de "resultado" (a Globo "vende") até outras benesses como a devolução, pela Globo às agências, de parte da publicidade destinada ao próprio canal. Vale dizer: essa espécie de bônus é coisa que só existe no Brasil, e é altamente questionável.
Aí ocorreu a chegada do GfK ao Brasil, prometendo uma nova medição. Isso jogou ainda mais gasolina no "conspiracionismo". "Porque agora o Ibope será desmascarado", escreveram muitos; "Agora acabou o reinado da Globo"; "Finalmente a máscara da audiência vai cair…" etc. etc.
Bom, acho que os "conspiradores" terão de arrumar novos argumentos, pois eu vi com estes olhos (que a terra não há de comer, pois pretendo ser cremado) que a medição GfK reforça não só a liderança inconteste da Globo, como ainda a amplifica.
Durante todo o tempo em que tive acesso às duas medições simultaneamente, a GfK apurou que a Globo tinha uma audiência de 11% a 49,2% maior que a registrada nos mesmos minutos pelo Ibope.
O pior é que as outras emissoras também têm variação superior no GfK, mas a da Globo é de longe a maior de todas. Entre os prováveis motivos: diferenças de metodologia entre as empresas e maior número de domicílios medidos pela GfK.
Em alguns momentos, inclusive, quando o Ibope marcava que a Globo estava em segundo lugar (atrás do Masterchef, da Band, por exemplo), na medição GfK ela estava isolada em primeiro.
Durmam com isso agora, teóricos da conspiração
Bombou
A audiência de Liberdade, Liberdade em Salvador encheu os olhos da Globo com lágrimas de felicidade: 19 pontos de média; e 4 em cada 10 aparelhos de TVs ligadas na capital baiana acompanhando a novela do começo ao fim. Trata-se de uma das maiores audiências de uma novela das 23h na Globo desde Gabriela, em 2012.
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