Por que Record, SBT e RedeTV! decidiram criar uma empresa
Anos atrás, em sigilo, os sócios proprietários de três TVs abertas decidiram montar uma empresa chamada Simba. Essa empresa passaria a representar conjuntamente as vozes de SBT, Record e RedeTV! em assuntos institucionais, governamentais e, claro, de negócios.
Mal a ideia foi divulgada oficialmente, as operadoras caíram em cima da jovem empresa como águias sobre um filhote alheio. Entre 2014 e 2015 as operadoras no país fizeram de tudo para que a Simba não nascesse.
Recorreram ao Conselho Administrativo Defesa Econômica (Cade) alegando que essa nova “joint venture” poderia prejudicá-las, que poderia desequilibrar o setor, a concorrência, prejudicar o consumidor e até afetar a inclinação do eixo da Terra, com graves danos ao ecossistema da Patagônia. Tá, estou exagerando, mas só faltou usarem isso…
No final do ano passado o Cade decidiu que as TVs do senhor Silvio Santos, Edir Macedo e Amílcare Dallewo e Marcelo de Carvalho tinham, sim, todo o direito de criar uma nova pessoa jurídica que defendesse de forma conjunta seus interesses. Derrota para as operadoras.
E o primeiro movimento da Simba foi exigir que as operadoras passassem a remunerar também SBT, Record e RedeTV! pela cessão de seus sinais HD de seus associados.
As operadoras bocejaram para a reivindicação e a resposta da Simba foi começar a negociar com o Netflix Brasil para cessão dos conteúdos de seus associados.
Tudo bem, aí os leitores de A TARDE certamente podem perguntar: Peraí, colunista Feltrino, se nem as operadoras querem pagar pela programação de SBT, Record e RedeTV!, porque raios o Netflix iria querer?
Em duas palavras: jornalismo e novelas.
A inexistência de conteúdo jornalístico atualizado no Netflix é sabidamente um ponto fraco do serviço (em todo o mundo, não só aqui). Já pensou se você puder assistir também (se quiser) telejornais?
Sem fazer juízo de valor, as operadoras no Brasil são um oligopólio, funcionam em um setor em que poucas empresas movimentam dezenas de bilhões de reais por anos, cobram o quanto querem e oferecem um produto – a TV paga – campeão de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor.
E as operadoras em breve sofrerão outro questionamento da Simba, que pretende reivindicar canais extras na TV por assinatura para seus associados.
Hoje dos 100 canais mais vistos da TV paga, cerca de 50 pertencem à Globosat, inclusive em pay per view, adultos, Premieres e no sistema “on demand”. Todos esses canais do Grupo Globo recebem (boa) remuneração das operadoras.
Só que quando outras empresas, emissoras tentam entrar no line-up das operadoras elas precisam quase que implorar. São anos e anos de negociação. Vejam o caso recente dos canais Fox Sports, que até hoje não estão 100% garantidos no menu da Sky.
Pois a Simba veio também para questionar tudo isso, e não deixa de ser bem-vinda ao jogo.
#nomeucaso
Sou apaixonado pelo desenho South Park (sim, aquele dos bonequinhos cabeçudos). Quando mudei de operadora, perguntei qual pacote que incluía o canal Comedy Central, que exibe meu desenho adorado. Disseram que só estava presente num pacote HD caríssimo, e que incluía dezenas de canais HD premium que em nada me interessavam.
O detalhe: o canal Comedy Central NÃO É HD.