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Samuel Celestino

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ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 30 de outubro de 2014 às 7:36 h | Autor: .

Fim da linha: da Arena ao DEM

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O avô do DEM, portanto da mesma linhagem, nasceu como Arena por arte do Ato Institucional-2, promulgado em 1965 pela nascente ditadura militar, que destroçou o sistema pluripartidário brasileiro originário da Constituição de 1946. Abriu espaço para o bipartidarismo.

Criou-se, na mesma tacada, também o velho MDB, que supostamente seria "partido da oposição ao sistema". Acabou por dar certo. É, hoje, o PMDB, sombra dos partidos no poder.
O DEM está se despedindo da cena política, por falta de votos e consistência. Não tem mais força na vida pública brasileira. O grande viúvo que deixa é o prefeito de Salvador, ACM Neto, que ao ser eleito, há apenas dois anos, emergiu como uma estrela com promessa de brilhar na política baiana e, talvez, brasileira.

O DEM nasceu como Arena, se tornou PDS, virou PFL e chegou à condição que hoje se encontra. É uma legenda minguante, que perde parlamentares, já não tem governos estaduais e não é mais a força política que ajudou o regime dos generais.

Sem consistência e nos estertores, tenta, mais uma vez, realizar nova transmutação, juntando cacos de partidos pequenos para formar um só. De certa maneira, é uma forma de derrubar a quantidade de partidos nanicos, nascidos para fazer negócios, que pululam na democracia brasileira. É possível que, pouco a pouco, parte dos 32 partidos hoje existentes desapareça desta forma.

A velha Arena vovozinha não sabe o que fazer. Quase chega a comandar o país na época de ACM, que deu ordens na política brasileira como ministro de Sarney (ex-presidente da Arena na ditadura), presidente do Senado e obsequiado em razão, sobretudo, por comandar à sombra o então PFL, e pelo temor ao seu temperamento que chegava ao descontrole no enfrentamento aos adversários. Neste mês de outubro, ACM Neto sofreu duas derrotas. Uma que não esperava, a eleição de Rui Costa já em primeiro turno, e a segunda, como um dos principais apoiadores de Aécio Neves.

Se, para o governo baiano, o DEM caiu absolutamente tonto, como apoiador de Aécio chegou perto do poder. Caso o PSDB tivesse êxito, seria a salvação do DEM. Agora, fala-se em sepultamento.

A situação para o prefeito de Salvador já não é luminosa como há dois anos. As duas derrotas o enfraqueceram.

Como tem projeto para o governo baiano, Neto terá que esperar e já não se sabe até quando. Não é possível fazer-se previsão se ele se lançará candidato ao governo da Bahia, e se não o fará porque a fila andou neste outubro e continuará a andar.

A situação política de Neto é agora complexa. O prefeito terá que agir no campo nacional para encontrar uma forma de criar o partido que dará sequência ao moribundo DEM.
Primeiro, se entender e afinar a música com José Agripino, presidente da legenda, que não quer que a velha Arena se transforme numa corrente de partidos minúsculos para ver se, do somatório dos nanicos, nasce um partido competitivo.

É difícil, muito difícil que a fórmula dê certo. A saída, ao que parece, aponta para outro lado. Se o DEM já não dá mais, o que acontecerá com os seus integrantes, hoje quase sem teto? Irão se dispersar? Embarcarão em outra canoa? Continuarão na tentativa de soerguer a legenda para ver se a ressuscitam, já que está na UTI dos partidos?

Procurar novos seguidores é perda de tempo. Dificilmente os encontrará. Esta é a grande interrogação que atordoa o DEM. A partir da Arena, que nasceu no berçário da ditadura, virou PDS, em seguida PFL e afinal, DEM. Está agora num beco sem saída.

A sua situação é, de fato, dificílima. Neto, esperança da legenda para uma saída até nacional, já não sabe para onde andar. Este é o seu desafio: o partido se perdeu no tempo. O prefeito de Salvador está, assim, numa encruzilhada.

Por ora, não tem ideia para que lado vai. Perdeu a bússola. Sabe, certamente, que carrega um caixão e, dentro dele, um partido morto. E pior, com as iniciais de satã. DEM, de demônio. Portanto um partido que, na sua trajetória, cometeu muitos pecados e deixou a glória para chegar ao nada.

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