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Samuel Celestino

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ACERVO DA COLUNA
Publicado Tuesday, 25 de November de 2014 às 8:54 h | Autor: .

Os roedores da República

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O governador eleito, Rui Costa, está tendo tempo suficiente para cuidar da formação do seu futuro governo. Não está, como normalmente acontece, sendo acossado pela mídia para dar informações sobre a equipe que formará para ajudá-lo a conduzir o seu primeiro quadriênio.

Aliás, primeiro e possivelmente único, porque a reforma política prometida - e exigida - tende a reduzir os mandatos executivos, colocando um ponto final na reeleição, que nunca fez parte da tradição política brasileira. Foi invenção de Fernando Henrique Cardoso.

O foco, por ora, é outro. O país está em chamas com o megaescândalo de corrupção político-empresarial que balança a maior estatal brasileira, a Petrobras. O esquema montado por corruptos dentro da Petrobras e, acentuadamente, por empreiteiras que agiam praticamente às claras, embora o governo não soubesse de nada. Como sempre. A todo o momento surge um fato novo, adensando o esquema da gatunagem que impede foco nas políticas estaduais, como a da Bahia.

Rui Costa fica, então, a distância. Já o governador Jaques Wagner aguarda a decisão sobre o seu futuro no governo da República que, provavelmente, ele já tem conhecimento, mas não revela. O esquema das empreiteiras é imensamente maior do que se presumia no início das investigações. A cada instante surgem fatos novos envolvendo-as. O mais recente, descrito pelos investigados na Operação Lava-Jato, é a participação delas nos fundos de pensão dos funcionários das estatais.

Não se sabe até que ponto elas roeram os cofres de tais instituições que administram, juntamente com funcionários, as aposentadorias das estatais. Os fundos detêm um patrimônio de R$ 450 bilhões. Foram os próprios funcionários que denunciaram a possível roubalheira ao Ministério Público, à Polícia Federa e à Previ -Superintendência Nacional de Previdência Complementar. As empreiteiras conseguiram estabelecer seus tentáculos, pelo visto, em todos os setores da economia, ou, pelo menos, os que tiveram acesso.

A pergunta que não me cala: como o governo brasileiro esteve ausente deste saque verde-amarelo alegando não saber absolutamente de nada? Mais próximos ao governo, alguns ministérios, como é do conhecimento, realizavam obras com a parceria de empreiteiras que superfaturaram contratos à larga, daí dizer-se que o saque foi amplo, geral e irrestrito. Onde havia dinheiro lá estavam elas e, para apenas citar uma, a Delta, se tornou rapidamente uma das maiores empreiteiras do Brasil, agindo basicamente no Ministério dos Transportes.

Quando a roubalheira chegou ao público, a Delta desapareceu do circuito. Minguou por falta do queijo para roer, que nada mais era uma "doação" de políticos que geriam o ministério. Agora, na composição da nova equipe de Dilma Rousseff, os partidos estão rondando a presa para saber qual a parte que lhes caberá no futuro latifúndio. Mais ainda. Petistas, basicamente, trabalham na direção inversa à da presidente, que convidou Joaquim Levy para ocupar o Ministério da Fazenda. A presidente parece recuar diante das pressões que está a receber do seu partido, que considera o escolhido um "liberal", antenado com o tipo de política econômica que Aécio Neves iria estabelecer se eleito fosse.

Ademais, Guido Mantega brigara com ele lá atrás, em função dos seus métodos, como se os de Mantega estivessem no caminho certo. Pelo contrário. A escolha deve recair mesmo sobre um nome que tenha uma concepção inversa à do atual ministro, porque foi dele a política econômica que está levando o Brasil ao despenhadeiro. Com a inflação; queda de emprego; contas da República que não fecharão este ano no azul; com a queda das exportações e a ascensão das importações, derrubando o balanço de pagamentos; o PIB chegando perto do zero, se não ficar negativo, enfim, com o retorno da miséria, principalmente no Nordeste. Mantega é um personagem para ser esquecido. Mas Dilma, se ainda não voltou atrás, não anunciou, como deveria fazê-lo na última sexta-feira, o nome do futuro ministro da Fazenda, como estava previsto. Resolveu, acuada pelos petistas, ganhar tempo, certamente para chamar Lula e mandar que ele aquiete os descontentes do partido. O certo é que o Brasil não pode permanecer com esta política econômica sob pena de desandar, embora já esteja imerso neste processo. O momento exige que o comando do país não fique alheio ao que acontece, com ratos roendo a Petrobras, destruindo o que lhe seja possível destruir. Enfim, já não dá mais para, à frente, dizer que não sabia de nada.

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