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Albergaria, o nosso esculhambador-mor

Publicado sábado, 04 de julho de 2015 às 10:07 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Com Luiz Fernando Lima
Ilustração, petrobras
Ilustração, petrobras -

ACM nunca aceitou ser chamado de 'insubstituível'. Muito pelo contrário, dizia justamente lutar para não lhe tomarem o lugar (substituindo-o). Mas aceitava que existem pessoas inigualáveis e que ele era uma.

O antropólogo Roberto Albergaria, ou Alberguinha, como ele às vezes assinava, era desse time. Esculhambativamente inigualável. Doutor em antropologia pela Universidade Paris IV, orientado por Michel de Certeau, uma das maiores autoridades em antropologia do mundo, levava ao delírio os que lhe ouviam ao usar seu vasto conhecimento da formação cultural do baiano com o toque da molecagem saudável.

Veja o que ele dizia sobre o 2 de Julho:

- Nosso Dois de Julho é a melhor expressão do espírito e, mesmo, da estética popular baiana. Um espírito meio esculhambativo pelas frestas - apesar da seriedade de araque das "otoridade" e da papagaiada patrioteira de tantos professores de miolo-mole que acreditam na lenga-lenga livresca dos seus mestres não menos equivocados - à esquerda e à direita…

Pois é. O Albergaria que dizia que o baiano pula Carnaval com a mão na cabeça para não perder o juízo foi para o céu.

Ele levou a vida na brincadeira. E também era dos que não perdiam a ternura jamais.

Caravelas no ar

O governo está em vias de concluir com a Força Aérea Brasileira (FAB) a cessão do aeroporto de Caravelas, que é militar, para o estado, quando passará a ser civil.

O secretário Marcos Cavalcanti (Infraestrutura) diz que a intenção é alavancar o turismo no extremo sul da Bahia.

Missão canal

Os secretários João Leão (Planejamento) e Cássio Peixoto (Infraestrutura Hídrica) passaram o 2 de Julho em Brasília. Missão: arranjar dinheiro, na Codevasf, para tocar o projeto Baixio de Irecê e elaborar o anteprojeto do Canal do Sertão, que já tem estudo de viabilidade técnica e ambiental finalizado.

Baixio de Irecê, tudo bem, mas sobre o Canal do Sertão, ficaram de voltar lá quarta. Com dinheiro curto, a Codevasf pediu para falar com o Ministério do Planejamento.


"Se alguém sacaneou ou roubou a Petrobras, que pague pelo roubo, e que os trabalhadores não sejam punidos. Que não sejam punidos aqueles que efetivamente são responsáveis pela construção dessa extraordinária empresa, motivo de orgulhopara o nosso país"

Lula, ontem, na 5ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Deputado municipal

Quase rompido com o governo, o deputado Alan Sanches (PSD) ganhou um estigma nas rodas governamentais. Dizem que ele nunca perdeu o cacoete de vereador.

Ou seja, foi vereador, ao invés de focar no avanço para Brasília, só pensa como quando estava na Câmara. É uma espécie de deputado municipal, segundo dizem.

Pulga na orelha

Um advogado que milita em Santo Amaro se disse indignado com o fato de o Fórum Odilon Santos estar fechado desde a semana passada por conta da infestação de pulgas e carrapatos no ambiente:

- A juíza da Vara Cível, Ana Gabriela Trindade, já vive abarrotada com 12 mil processos e apenas dois servidores, ainda vem mais essa. É muito chato!

Lá, todo o meio jurídico está (literalmente) com uma pulga atrás da orelha.

Pista livre

ACM Neto inaugurou ontem o Mercado de Periperi, ou Mercado Vereador José Pires Castelo Branco (justa homenagem), mas provocou um subproduto indigesto: a pista onde se amontoava uma esculhambada feira livre continua livre, para os carros, que agora passam em alta velocidade.

Os moradores pedem que a Transalvador dê uma olhadinha nisso.

Chefe da praça — Aliás, eles se dizem curiosos para saber o destino que a prefeitura vai dar ao espaço. Cogitou-se fazer uma praça, mas a ideia foi mal recebida.

Os moradores dizem que praças Periperi já tem demais (a mais festejada delas, a Praça da Revolução) .

Todas abandonadas, por sinal.

Mandatos municipais

Prefeitos se dizem curiosos para saber o que a reforma política fará com o mandato dos eleitos em 2016.

Segundo a deputada Alice Portugal (PCdoB), até o assunto parar, aguardando as votações, a proposta corrente era a de que os mandatos seriam de seis anos, para em 2022 colocar eleições de vereador a governador. A de presidente será isolada.

Posições contrárias — A ideia de seis anos não agrada a alguns, a começar por ACM Neto, que ameaça até não disputar a reeleição, se assim for.

Ele acha que prefeito ter a possibilidade de ficar 10 anos no cargo é um exagero.

POUCAS & BOAS

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lança terça na Casa dos Sete Candeeiros (17h) o livro Da cidade-monumento à cidade-documento, da arquiteta Márcia Sant'Anna.

POLÍTICA COM VATAPÁ

O salvador

Entre 1967 e 1971, Jussara, na região de Irecê, entrou numa exótica ciranda política. Arsênio Santos, o novo prefeito, não completou seis meses de mandato, foi cassado pela Câmara.

Como na época não tinha vice, assumiu o presidente da Câmara, também logo cassado, e a partir daí começou o parangolé: resultado, em quatro anos, o município teve seis prefeitos.

Nenhum valeu. Tudo correu à revelia da Justiça, que, por precaução, bloqueou os recursos municipais até que a situação fosse resolvida.

E só foi na eleição de 70, quando o povo elegeu Antônio Honorato, fazendeiro, analfabeto e beberrão, autointitulado o salvador da pátria.

Com seis dias de mandato a Justiça liberou o dinheiro. Chamou o assessor jurídico, correu para o banco em Irecê, pediu o saldo, estatelou-se:

- Bacharate, filho meu! Nunca vi tanto dinheiro junto! Vou pagar aos funcionários, arrumar a casa e depois comprar um role e roce pra mim! Prefeito aqui agora vai ter moral!

Role e roce é Rolls Royce.

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