Centro Gemológico forma lapidadores
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Só quem conhece ou conheceu uma artista da lapidação e ourivesaria sabe a delicadeza do ofício envolvendo opção de uso entre milhares de maquinários de polimento, pinças e artefatos visando construir uma joia a partir da pedra bruta, como se pode verificar quem tiver curiosidade de aparecer na Rua Gregório de Matos, 27, endereço do único curso de todo o Nordeste.
O ambiente aprazível do casarão-sede do Centro Gemológico da Bahia (CGB), administrado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, completa o clima favorável ao ensino-aprendizagem, tendo o órgão promovido 15 oficinas este ano resultando na formação de novos e bons profissionais.
Ontem, Dia do Lapidário, o Centro Gemológico da Bahia uniu-se às comemorações em territórios baianos onde é parte integrante da história o hábito de transformar a pedra em preciosidade, como é o caso de Lençóis, local de romaria à residência da saudosa Kátia “Pedra Rolada”, lendária mestra de várias gerações de lapidários da Chapada Diamantina.
O ponto de encontro anual, no caminho do ponto turístico Ribeirão do Meio, reúne integrantes de novas gerações de ourives e lapidários, e também das veteranas, em defesa um ofício em extinção, devido ao fechamento dos garimpos, embora ainda resistente em Lencóis.
- Aqui em Salvador, atuo há três anos formando novos colegas e por meio das oficinas contribuímos para a continuidade do ofício”, afirma o lapidário e professor, formado pela casa, Victor Eloy, instrutor da nova turma.
Para 2025, já há duas oficinas previstas: a de Preparo de Ligas e Laminação de Metais, entre os dias 27 e 31 de janeiro, e a de Lapidação Brilhante, entre 10 a 15 de fevereiro. O pré-cadastro já está disponível.
Equidade na OAB-BA
Em votação realizada na manhã de ontem, o Conselho Pleno da OAB Bahia aprovou uma proposta que busca trazer mais equidade à formação da lista sêxtupla para a vaga de desembargador pelo quinto constitucional da advocacia. Com relatoria da conselheira Graça Varela, a iniciativa traz uma nova forma de reduzir possíveis riscos de abuso econômico, mantendo a votação direta da classe. A medida já foi adotada nas Seccionais da OAB no Distrito Federal, Espírito Santo, Pará, Piauí e Santa Catarina. Na Bahia, a proposta é dos conselheiros Carlos Medauar, Ana Beatriz, Renata Deiró, Davi Bellas, Rafael Lino e Jéssica Coimbra.
Filha de yalorixá é nova acadêmica
Perde-se o cálculo de quantas academias se abrem, em demonstração inequívoca para a identificação de textos de excelência e dedicação às letras, seguindo-se no próximo dia 20, uma nova outorga do cobiçado título de novíssima acadêmica, desta vez a poetisa Ana Cecília Ferreira, autora dos livros “Parida pela Liberdade” e “Nossa pele”.
Ana Cecília Ferreira foi indicada para tomar posse na Academia de Cultura da Bahia, depois de eleita por unanimidade, sem sequer um “voto de Midas”, no exame do currículo da candidata aprovada.
De infância marcada pela perturbação dos colegas, certos de agirem bem chicanando a religião de Ana Cecília, o enredo da escritora teve como situação a ser enfrentada, o menosprezo ao perfil de sua mãe, ialorixá (alta hierarquia feminina chamada “mãe de santo” no senso comum).
Nascida e criada ouvindo os cânticos, participando do preparo de oferendas e de ritos dos encantados afrobaianos dos candomblés, Ana Cecília trabalha de psicóloga, voltando-se preferencialmente para cuidar de mulheres em situação de vulnerabilidade.
- A literatura que eu faço é para contribuir socialmente para o rompimento desses silêncios que insistiram em nos colocar”, afirma Ana, ciente da importância de avançar no reconhecimento do seu trabalho, visando adicionar asé à luta antitrracista.
Não é exatamente a vaidade de ser muito lida ou algum eventual sucesso editorial a passar em primeiro lugar pela cabeça da escritora e sim o desejo de cada mulher poder ocupar o lugar dos seus sonhos, uma vez que a falta de determinações causais produz necessariamente a escolha incessante de cada pessoa dotada de consciência querer ser como queira.
da redação, com Paulo Leandro