Cinema baiano engaja cidadania
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Um documentário feito no capricho para abrir as mentes dos cidadãos e das cidadãs ainda não engajados na luta diuturno por um mundo melhor, em vez de conquistas pessoais bobinhas.
Este o novo lançamento do cinema baiano em escalada, honrando o legado de Walter da Silveira, André Setaro, João Carlos Araújo, Mahomed Bamba e Glauber Rocha.
O filme, “Cangaçou, Vila Nova da Rainha e Homem Nenhum nasceu para ser pisado”, é de autoria de Darlan Orfeu e Alen Peixinho.
O debut não poderia ter um berço mais auspicioso: a sede da Academia de Letras e Artes de Senhor do Bonfim, no Norte do Estado.
Segundo a jornalista, assessora e mãe de Alen, a aguerrida Liliane Peixinho, o documentário oferece uma interpretação muito própria da história do coronelismo e da opressão das sociedades rurais do Nordeste, assim emergindo a guerrilha armada dos admiráveis Lampião e Corisco.
A fração do nome da película, referente à filosofia moral, é um pequeno-grande manifesto por um mundo no qual as desigualdades tornam-se um tabu tão proibitivo quanto um filho homem dormir com a mãe.
“Homem nenhum nasceu para ser pisado” remete aos meados do século XVIII, há quase 200 anos, quando Marx e Engels mobilizaram os recursos da “Liga da Justiça”, uma organização idealista, para criarem os primeiros sindicatos e partidos visando libertar a humanidade da opressão do homem pelo homem.
A frase está presente ainda na canção “Cantiga de Cangaceiro”, magistralmente interpretada pela cantora baiana Mariene de Castro em seu disco “Abre Caminho”, onde versa poeticamente sobre Lampião.
Educação criativa
Talvez não seja inédito, mas seguramente é inusitado o método de ensino-aprendizagem não-formal, no qual cédulas antigas servem para instruir os jovens da comunidade do Buracão, na Narandiba. Os encontros não têm dia certo e nem local pré-definido por causa da insegurança, pois a região tem focos de conflito. Nem na rede whatsApp, a galera confia, preferindo reunirem-se de surpresa, mas quem perde a aula, tem o conteúdo recuperado pelos presentes.
- Já aprendi mais sobre história do Brasil que quando estava na escola”, afirmou um dos estudantes, nome mantido em sigilo, como manda a prudência.