Circuito DasPretas lança quatro livros
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Toda ação reparadora é pouca para os descendentes dos milhões de escravizados na África, trazidos à força nos navios tumbeiros, e mesmo depois de protagonizarem a luta pela Independência, não tiveram reconhecimento.
Uma destas boas ações acontece hoje, na primeira edição do Circuito DasPretas, programada para 19h, na Livraria Leitura, localizada no Shopping da Bahia.
Lá estarão quatro pretas escritoras, sobreviventes do processo de invisibilidade ancestral: Anajara Tavares, Camila Carmo, Patrícia Silva e Vânia Melo vão autografar e dedicar a leitura de seus novos livros.
Anajara Tavares escreveu “Unguento”; Patrícia Silva, “Ouroboros”; Vânia Melo, “Aroeira”; e Camila Carmo, “Minha vida em Salvador”; todas elas têm histórias para contar sobre a superação de adversidades devido ao racismo de classe.
– Escrevi um livro de crônicas, sobre a vida das pessoas de Salvador, quando morei na Liberdade e no Barbalho, antes de sair para fazer graduação em Letras na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Amargosa – afirmou Camila Carmo.
Mudanças –O passeio literário de Camila levará o leitor a Salvador de hoje e outra já extinta, quando se podia brincar na rua com tranquilidade e as mudanças arquitetônicas não tinham transformado o perfil da metrópole, como ocorre na Estrada da Rainha.
Em fase de doutoramento em Letras, na área de pesquisa de “Literatura e Cultura”, Camila Carmo vem desenvolvendo o conceito de “riografia”, em exercício de metáfora com as sinuosidades e fluxos dos “rios das letras”. O arcabouço conceitual leva em alta conta a reparação dos séculos de menosprezo das mulheres pretas.
Estantes populares
Uma rede de pequenas estantes, com o objetivo de troca de livros entre moradores, vai homenagear a memória do jornalista Jorge Ramos, um dos mais atuantes na luta por unir comunicação à cultura e ao conhecimento. Ao deixar saudoso um sem-número de colegas e admiradores, “Jorginho” inspirou a criação do primeiro posto de trocas em uma mercearia situada em centro comercial da Paralela. A iniciativa do distinto casal Ruy e Mônica Calmon funcionou como semeadura espalhando-se agora pela comunidade do Bate-Facho, Narandiba e no alto do Saboeiro, todas as localidades carentes de uma biblioteca pública.