Piedade ao Terreiro
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Hoje, às 14h, marisqueiras e pescadoras vão fazer valer sua força e sua voz, na Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, saindo da Praça da Piedade rumo ao Terreiro de Jesus.
A ação, integrante da Semana Mundial dos Manguezais, marca também o Dia Internacional da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha, coincidindo com o Dia Nacional da quilombola Tereza de Benguela e das Mulheres Negras.
Trata-se de uma data incluída no movimento Julho das Pretas e reconhecida por sanção presidencial da então chefa de estado brasileira Dilma Rousseff, por meio da Lei 12.987/2014.
A manifestação mistura-se à religiosidade ancestral, ao passar o cortejo pelas encruzilhadas, com o objetivo de abrir caminhos para as trabalhadoras saírem de situações de vulnerabilidade social.
Pautas – A reivindicação de pautas por prosperidade e melhoria de vida confronta o mau costume da invisibilidade do árduo trabalho de marisqueiras e pescadoras, prejudicadas pelo chamado “racismo estrutural e institucional”.
– Estas mulheres negras das águas seguem com maestria enfrentando o racismo e o machismo de cada dia e liderando as lutas das comunidades na defesa do seu modo de vida e de suas famílias, sonhando com a transformação das suas condições – afirma a secretária-executiva do Conselho Pastoral de Pescadores Bahia-Sergipe, Zezé Pacheco, uma das organizadoras da passeata.
O Conselho Pastoral de Pescadores trabalha por este futuro junto ao terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais; Coletivo Negro Evangélico e o Coletivo Mahim, entre outras sociedades civis.
Em defesa do ‘jarê’
Os integrantes do centro religioso Palácio de Ogum e Caboclo “Sete Flecha” uniram-se aos terreiros da localidade das “Toalhas”, de Lençóis, na Chapada, em defesa do “jarê”, como é chamado o candomblé nativo. Os ogãs (zeladores) do estabelecimento, o maior da região, denunciam a invasão e destruição do “Peji da Casa Branca”, há mais de 45 anos instalado nas “Toalhas”. Testemunhas contaram 16 homens encapuzados, dizendo-se pertencentes ao órgão federal ICMBio, resultando na destruição de 15 casas onde residiam moradores e outras dedicadas aos encantados do jarê. A prefeita de Lençóis, Vanessa Sena, repudiou o ataque.