Terreiro de Lençóis prestes a ser tombado
Processo foi iniciado em 2007
Após celebrar o cinquentenário do tombamento como Cidade-Patrimônio e o reconhecimento da Festa de Senhor dos Passos na condição de patrimônio imaterial, o município de Lençóis está prestes a uma nova conquista.
Agora, é o Terreiro de Jarê Palácio de Ogum e Caboclo "Sete Serra" a ser tombado, encerrando um processo iniciado em 2007, por iniciativa de Sandoval Amorim, filho do fundador do estabelecimento religioso, Pedro de Laura.
A construção, feita toda em tijolo de adobe, um dos mais antigos materiais de construção do mundo, porém vulnerável à umidade, necessita de reformas constantes, como vem sendo feito agora, conforme informou Sandoval Amorim.
"Vamos construir uma cozinha fora da edificação a ser tombada, com mais de 20 cômodos, além de recuperar paredes rachadas, só aguardando a data da solenidade de tombamento”, afirma o herdeiro do jarê.
De acordo com pesquisadores de universidades interessadas em contribuir com a preservação da memória, os tijolos de adobe foram transportados em 1949, na cabeça de adeptos da religião afroindígena e em carroças improvisadas até o local do terreiro, a oito quilômetros do centro de Lençóis.
Poeticamente localizado próximo ao Rio Capivara, em área onde antes a caça era farta e permitida, o terreiro é um dos mais frequentados da Chapada Diamantina e o primeiro da região a ser tombado.
As filhas de santo já ensaiam o “dorosan”, como se chama o coral para chamar os encantados, pela ordem, Ogum, Xangô, Santa Bárbara e Sete Serra, em uma mistura típica do jarê, uma inusitada prática de candomblé nativo desconhecido em outras regiões.