São Miguel das Missões
Esta semana o sul do Brasil está comemorando os 183 anos da Revolução Farroupilha e uma excelente pedida para conhecer um pouco mais da história e de outro conflitos que assolou aquele pedaço do País, as chamadas Guerras Guaraníticas, retratadas brilhantemente no filme A Missão, de 1988, com Robert de Niro e Jeromy Irons, é viajar para São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.
Considerado Patrimônio Cultural da humanidade, desde o seu tombamento pela UNESCO em 1983, as ruínas da Redução jesuíta maravilham visitantes de todos os lugares, ano após ano, pela grandiosidade e beleza de suas construções que se destacam na plana paisagem dos pampas gaúchos desde o século XVII.
A Redução de São Miguel Arcanjo é a mais bem preservada da região onde também estão localizadas as ruínas de outras três missões: São Lourenço Mártir, São João Batista e São Nicolau, que, ao lado de São Borja, São Luís Gonzaga e Santo Ângelo, formam os chamados Sete Povos das Missões. Para contar a história do lugar, São Miguel exibe todos os dias o belo espetáculo Som e Luz narrando como surgiram, desenvolveram-se e foram destruídos os Sete Povos. O show dura cerca de 50 minutos e inicia logo que escurece, o que no verão é por volta das 21 e 30 horas, transformando as ruínas em um portentoso palco para a emocionante apresentação.
Durante o dia, porém, a aventura é explorar as ruínas. O Sítio Histórico com os prédios remanescentes dão ao visitante a ideia da planta da Redução Jesuíta, da dimensão e do grau de sofisticação da obra, realizada por padres e índios Guaranis, entre 1687 e 1756. Com uma monumental fachada de 30 metros de altura, a Catedral de São Miguel Arcanjo — ou o que restou dela — impressiona com suas arcadas de inspiração romana e colunas coríntias, em pedra arenito. A construção da igreja teve início em 1735 e contou com mais de cem operários guaranis. Da planta original, há vestígios do colégio, da casa dos padres e do cemitério. Na antiga sacristia é exibido um vídeo com a reconstituição computadorizada do antigo vilarejo.
Ainda dentro do sítio arqueológico funciona o Museu das Missões. Projetado por Lúcio Costa, imita uma habitação indígena. Lá está o maior acervo brasileiro de esculturas de santos feitas pelos índios ou trazidas da Europa. São quase cem imagens, de tamanhos que vão de 15 cm a 2,20 m. A arte missioneira reflete a influência do barroco europeu da época e sua fusão com os traços indígenas. Por falar em índios, eles ainda estão por lá, normalmente encontrados na porta do museu vendendo artesanato. Um pequeno grupo vive nos arredores, em casas de taquara, barro e teto de palha, na Aldeia Tekoa Koenju.
Para se chegar a São Miguel das Missões, o turista deve estar disposto a alugar um carro ou vir de ônibus desde Porto Alegre, a 524 km de distância, o que dá uma viagem rodoviária de no mínimo 6 horas e meia. Existe a opção aérea até Santo Ângelo, bem mais próxima de São Miguel, mas sabendo que apenas uma empresa aérea faz o percurso e que os voos não são diários. Aliás, Santo Ângelo oferece um pouco mais de opções de hospedagem e alimentação, embora a simpática São Miguel esteja mais voltada a atender a demanda turística da região.
Em relação à hospedagem, destacam-se a Pousada das Missões e o não menos temático Tenondé Park Hotel, com muito boas acomodações e nível de conforto. Para a alimentação existem opções das mais variadas, como a Cafeteria Bistrô Café do Leitor onde além do café e lanches variados, pode-se aproveitar uma boa leitura em dos livros da biblioteca que está à disposição dos clientes. A proposta é ser um local para que os moradores da cidade possam interagir com os turistas, deixando pago um café a quem você não conhece (com uma mensagem de boas-vindas) e vice- versa.
Para os mais tradicionalistas, uma boa churrascaria e um bom “espeto corrido”, que é como os gaúchos chamam o rodízio, ou um “A La minuta” , como é conhecido em gauchês, o prato feito ou PF, que vem com arroz, feijão, bife, ovo, batata frita e salada.
São Miguel das Missões é uma boa pedida para se conhecer um pouco mais da história do nosso país e dos costumes regionais que nos diferem uns dos outros, mas que nos unem no sentimento de brasilidade e pertencimento a algo que chamamos Brasil! È um lugar inesquecível e de uma beleza ímpar, valendo todos os instantes dessa experiência única.