Turismo – problema ou solução?
Começa o ano de 2019. Novo Governo, velhos problemas. Afinal, é o turismo problema ou solução? Se for encarado como solução, muito tem que ser feito para incrementar uma das atividades que mais cresce no mundo atual, e que traz recursos, fazendo girar a economia, especialmente no ramo de serviços.
Hoje o turismo é uma atividade segmentada, focada no atendimento cada vez mais especializado no que o cliente busca. Não é apenas o ato de viajar para curtir um determinado local, é viajar para se obter uma experiência única, especial, verdadeira.
Assim entre os maiores segmentos desse mercado, por afluência de turistas, temos o turismo de lazer; de negócios ou compras; de eventos (congressos, convenções, feiras, encontros e similares); terceira idade ou melhor idade; desportivo; ecológico; rural; de aventura; religioso; conhecimento; cultural; científico; gastronômico; estudantil; familiar e de amigos; de saúde ou médico-terapêutico. Fora outros que estão sendo criados neste momento, para atender determinada faixa de pessoas ou clientes.
A segmentação traz enorme vantagem, como economia de escala para as empresas turísticas, aumento da concorrência no mercado, criação de políticas de preços e de propaganda especializada, e promoção de maior número de pesquisas científicas, o que reflete em melhoria na oferta de empregos, maior arrecadação e, em consequência, melhor atendimento das necessidades em educação, saúde e segurança, que são os campos onde o Estado realmente não pode faltar.
Embora o Brasil possua um potencial espetacular em termos de belezas naturais, biodiversidade, clima e território, o turismo ainda é muito incipiente em nosso país. Se buscarmos a base de dados do anuário estatístico do Ministério do Turismo, de 2018, que compila os números de 2017, veremos assustados que embora tenha melhorado em relação ao ano de 2016, pois saltamos de 6 milhões e 546 mil turistas para 6 milhões e 588 mil (nossa, como cresceu!!!), o afluxo de turistas estrangeiros é ridículo se comparado a outro destinos no mundo, como por exemplo a Europa, que atraiu em 2015, cerca de 608 milhões de pessoas.
O investimento em infraestrutura e na educação voltada para o atendimento desse mercado de trabalho, poderia gerar resultados permanentes e bastante promissores, como por exemplo, a República Dominicana, um país que divide a mesma ilha onde se situa com o Haiti, o mais pobre país das Américas, e é o mais rico do Caribe, oferecendo basicamente o turismo como fonte de renda para a sua população, e obtendo bastante sucesso até o momento.
Ao compararmos aquela pequena ilha caribenha a uma parcela do litoral brasileiro, por exemplo ao Estado possuidor do maior litoral entre os demais Estados da Federação, a Bahia e seus 1100 km de praias, vemos que as praias baianas nada ficam a dever em relação às dominicanas, pelo contrário, as daqui nunca fecham por conta de furacões, que assolam aquela parte do mundo durante um período do ano.
Eis o porquê de se entender o ramo de serviços como alternativa bastante razoável a outros setores mais tradicionais, como o de commodities ou até mesmo o industrial, que vicejam na maré dos mercados, ora em crise, ora em alta. Além é claro, de considerarmos, o constante crescimento da automação da indústria e da agropecuária, implicando no aproveitamento da mão-de-obra ociosa, oriunda da substituição do ser humano por máquinas. Nesse ponto o turismo e o setor de serviços, surge como alternativa viável e lógica, necessitando também de uma mudança de paradigmas em relação ao trabalho e como encaramos o trabalhar quando outros descansam.
A implantação de um resort ou outro empreendimento turístico qualquer, por exemplo, implica na contratação de centenas de funcionários para o atendimento das diversas demandas existentes, como recepção, recreação, atendimento a portadores de necessidades especiais, informática, lavanderia, cozinha, arrumação, jardinagem, manutenção predial, motoristas, fora toda a parte logística que funciona ao redor do empreendimento para suprir as demandas em alimentação, vestuário, material de limpeza e construção etc e nem consideramos aqueles outros empreendimentos que podem se beneficiar da chegada de turistas à região, como restaurantes, lojas de souvenires, bares, cafés, artesanato etc.
Em suma, o turismo em um país como o nosso talvez seja a verdadeira solução para o atendimento das necessidades crescentes da sociedade, por mais e melhores empregos e oportunidades de crescimento profissional. Seria bom se voltássemos nossas atenções para este setor, ainda pouco explorado nesse continente chamado Brasil.