CORONAVÍRUS
Aulas presenciais: prefeitura projeta retorno e Estado ainda não tem previsão
Por Rodrigo Aguiar e Fernando Valverde
A prefeitura de Salvador avalia retomar as aulas presenciais da rede municipal já na próxima semana, enquanto o governo do Estado ainda não tem uma previsão para a volta das atividades no modelo.
O prefeito Bruno Reis cogitou a possibilidade de retomada das aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 27, ao afirmar que a variante delta, cepa mais transmissível do novo coronavírus, não causou até então impactos no sistema de saúde da capital. "É o nosso desejo. Se tivermos condições, podemos voltar a partir de segunda", declarou o gestor municipal.
"Estamos caminhando para o final de setembro. A vacinação está muito avançada em Salvador. A variante delta trouxe maiores consequências em países onde uma boa quantidade da população ainda não havia tomado a 1ª dose", disse o prefeito, ao informar que 96% dos soteropolitanos já receberam a primeira dose - são mais de 2 milhões de pessoas.
Atualmente, tanto as aulas da rede municipal quanto estadual ocorrem de forma semipresencial (ou híbrida), com metade de cada turma indo às escolas em dias alternados.
Para a infectologista Melissa Falcão, o cenário atual permite o retorno das aulas 100% presenciais, porém com a liberdade de manter as aulas virtuais para as famílias que não se sintam à vontade com o modelo. "Pelo momento, acho que dá para voltar presencial, mas não obrigando os pais cujos filhos ainda não estão vacinados. Quem optar por aula online fica em casa. Acho que o mais adequado seria a aula diária para quem quisesse. Essas crianças não têm como ficar em casa o tempo todo, porque a qualidade do ensino [virtual] não é a mesma, além do impacto emocional. Deve ser estimulada a aula presencial o máximo possível", defendeu.
Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, o epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), afirmou que, com os números atuais, é "absolutamente equivocado" não haver aulas presenciais.
"No momento em que o risco de contágio é tão grande fora da escola quanto dentro da escola, não faz sentido não ter aula. A ciência que recomendou fechar lá atrás, hoje, pelos indicadores brasileiros, ela recomendaria abrir", disse Hallal. "A variante delta pode mudar esse cenário? Pode, mas por enquanto o cenário é de escola aberta, sem dúvida nenhuma", acrescentou.
Já o virologista Gúbio Soares acredita que o ideal é prosseguir com a vacinação das faixas etárias mais jovens antes de adotar uma flexibilização maior. "O problema vai ser quando o vírus começar a circular nas crianças. Acho que deve prosseguir a vacinação dos adolescentes, como está sendo feito, e ir abrindo gradualmente. Porque uma criança contaminada vai terminar brincando com o colega no recreio, no corredor. Não há como monitorar isso", opinou. A vacinação de adolescentes de 12 anos será iniciada nesta quarta-feira, 22, na capital.
O virologista elogiou o plano dos Estados Unidos de vacinar em outubro crianças entre 5 e 11 anos com o imunizante da Pfizer. A farmacêutica divulgou um estudo segundo o qual a vacina é segura e eficaz para essa faixa etária. "Acho que o Brasil deve entrar em contato com a Pfizer, para em seguida pedir um relatório da Anvisa", disse. Atualmente, a vacina da Pfizer tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para ser aplicada em adolescentes entre 12 e 17 anos.
O presidente do sindicato dos professores, Rui Oliveira, reclamou que a entidade não se reuniu com a prefeitura para discutir o possível retorno das aulas totalmente presenciais. "O que ele [prefeito] chama de aula presencial? Não combinamos nada", disse o presidente da APLB.
Apesar do esquema vacinal contra a Covid-19 já concluído para os profissionais da Educação e da ausência do registro de óbitos pelo sindicato desde a retomada das atividades em sala, o dirigente ainda se diz preocupado. "A gente tem que saber que a variante delta está aí", afirmou.
A prefeitura havia anunciado o início das aulas semipresenciais em maio, mas a APLB impôs como principal condição para a volta das atividades em sala a vacinação completa de todos os trabalhadores da Educação, o que adiou o começo do modelo híbrido para o fim de agosto.
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado informou que "no dia 26 de julho, as aulas na rede estadual migraram para o formato híbrido, prosseguindo até haver condições para que possamos iniciar a fase ensino totalmente presencial, ainda sem data definida".
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