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Em um mês, governo Bolsonaro ignorou 10 e-mails da Pfizer oferecendo vacinas

Publicado sexta-feira, 21 de maio de 2021 às 07:51 h | Atualizado em 21/05/2021, 07:56 | Autor: Da Redação
Primeira oferta da empresa foi formalizada ao Brasil em 14 de agosto | Foto: Michelle Spatari | AFP
Primeira oferta da empresa foi formalizada ao Brasil em 14 de agosto | Foto: Michelle Spatari | AFP -

Durante o período de um mês, a fabricante Pfizer enviou cerca de 10 e-mails para o governo brasileiro para tentar vender vacinas contra a Covid-19. A série de emails entregue pela Pfizer à CPI da Covid em caráter sigiloso mostra que a empresa foi ignorada pela gestão Bolsonaro.

De 14 de agosto a 12 de setembro de 2020, quando o presidente mundial do laboratório mandou carta ao Brasil, foram ao menos dez emails enviados pela farmacêutica discutindo e cobrando resposta formal do governo sobre a oferta apresentada. Os documentos foram obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo.

A primeira oferta da empresa foi formalizada ao Brasil em 14 de agosto, de 30 milhões e 70 milhões de doses, e tinha validade até o dia 29 daquele mês. Após o envio do documento, a Pfizer mandou emails por três dias cobrando resposta até que uma representante da farmacêutica telefonou para uma técnica da Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos (Sctie) do Ministério da Saúde.

“Desculpe, a ligação caiu e não consegui mais contato. Espero que esteja tudo bem com vc! Só queria confirmar se vcs receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de Covid-19. Vc me avisa? (sic)”, escreveu Cristiane Santos, da Pfizer.

“A validade das propostas continua sendo a mesma, até 29 de agosto de 2020, e gostaria de saber, com urgência, do interesse deste ministério em iniciar conversações sobre aspectos legais e jurídicos da presente proposta”, continuou Cristiane.

A oferta da Pfizer previa início de imunização em dezembro do ano passado, com 1,5 milhão de doses e mais 3 milhões no primeiro trimestre deste ano. O Ministério da Saúde brasileiro só firmou acordo com o laboratório em março de 2021, quando adquiriu 100 milhões de doses — das quais 14 milhões devem ser entregues até junho, e o restante até setembro deste ano.​

Em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi questionado sobre o assunto e classificou a insistência do laboratório como “agressiva”.

“Eu acredito que a estratégia de venda da Pfizer, a forma agressiva da publicidade, aquilo ali é uma estratégia de empresa. Então, ela veio muito forte para vender no Brasil, no boom da América Latina, o que é normal”, disse.

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