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Salvador terá nova estratégia de vacinação para idosos

Segunda dose de reforço recomendada pelo governo federal será destinada a pessoas acima de 80 anos

Publicado sexta-feira, 25 de março de 2022 às 06:04 h | Autor: GABRIELA CRUZ*
MS divulgou orientações e a estimativa é que, na capital baiana, o número de habilitados é de cerca de 40 mil
MS divulgou orientações e a estimativa é que, na capital baiana, o número de habilitados é de cerca de 40 mil -

A Prefeitura Municipal de Salvador ainda estuda o planejamento da estratégia para aplicação da segunda dose de reforço contra a Covid-19 em indivíduos acima de 80 anos, conforme determinação do Ministério da Saúde (MS). A pasta divulgou uma Nota Técnica com orientações para nova etapa da campanha nacional de vacinação e a estimativa é que 4,6 milhões de brasileiros sejam imunizados. Na capital baiana, o número de habilitados é de cerca de 40 mil idosos.

O imunizante, preferencialmente, será o da Pfizer e o MS reforça que há vacinas suficientes para esta nova demanda. De maneira alternativa, podem ser utilizadas vacinas da Janssen e Astrazeneca. O intervalo deve ser de quatro meses após a primeira dose de reforço.

O médico, pesquisador e infectologista Roberto Badaró afirma que essa estratégia não é exatamente uma quarta dose, mas um booster, ou seja, um reforço. “O booster é necessário quando há uma queda acima de 50% no número de anticorpos neutralizantes. Seria ideal medir o número de anticorpos, mas não é viável em saúde pública, então cada vacina tem a determinação de período mínimo para fazer o booster, ou seja, aplicar outra dose”.

Badaró detalha que a recomendação para o imunizante da Pfizer e Coronavac é que pessoas de 12 anos ou mais recebam o reforço após 5 meses da terceira dose; para a Moderna, 18 anos ou mais após 5 meses; para a Janssen e Oxford, 18 anos ou mais com intervalo de 2 meses entre os reforços. “Enquanto a doença não entrar em desaparecimento, é preciso seguir com a vacinação”.

Segundo o infectologista, a recomendação Centro de Controle e Prevenção de Doenças “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC) dos Estados Unidos é utilizar um diferente imunizante para o reforço: “Don’t Match, Mix”, que significa “Não combine, misture”, slogan utilizado na campanha de reforço. “Utilizar um imunizante diferente para o reforço aumenta o nível de anticorpo e com maior celeridade”, defende Badaró.

A recomendação da pasta foi discutida pelos especialistas da Câmara Técnica Assessora em Imunizações (CTAI). Estudos apontam que a diminuição da efetividade das vacinas em idosos, a partir de 3 a 4 meses depois da aplicação, pode ser explicada pelo envelhecimento natural do sistema imunológico. 

Em nota, a prefeitura de Salvador informou que aguarda a chegada de novas doses do governo federal e que não tem autonomia para definir estratégia própria. Considerando o público-alvo da primeira dose de reforço, 56% dos habilitados já foram imunizados.

Em relação à aplicação do segundo reforço em outras faixas etárias, o MS acompanha a necessidade e as recomendações podem ser revistas. Em dezembro, a pasta determinou a aplicação da segunda dose de reforço em pessoas imunocomprometidas com 18 anos de idade ou mais.

De acordo com o último boletim epidemiológico do MS, publicado na última segunda-feira, o Brasil registrou queda de 60,4% na média móvel de óbitos por Covid-19 desde o pico nas ocorrências causadas pela variante Ômicron. O recuo foi de 895,36, em 18 de fevereiro, para 354,3. Nos últimos dois meses, a epidemiologia do SARS-CoV-2 tem sido caracterizada pelo surgimento e rápida disseminação da variante Ômicron, declínio da Delta e circulação em nível muito baixo das outras variantes (Alfa, Beta e Gama). 

Segundo informações extraídas do Sivep-gripe e SIPNI, os dados apontam para o aumento de casos de SRAG por covid na faixa etária acima de 80 anos de idade, com tendência de perda de proteção em idosos adequadamente vacinados. “Alguns estudos têm demonstrado a redução da efetividade das vacinas contra a Covid-19 a partir de 3 a 4 meses de sua aplicação e de maneira mais pronunciada após 5 meses”, informou a Nota Técnica do MS.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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