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CULTURA

7º edição do Melanina Acentuada Festival exalta ancestralidade

Festival Sob o conceito do “tempo espiralar”, 7º ‘Melanina Acentuada Festival’ vai reunir artistas, pensadores e público

Por Júlio Cesar Borges*

07/07/2025 - 10:00 h
O Festival está em sua sétima edição
O Festival está em sua sétima edição -

“Ancestralidade Futurística” é o tema da 7º edição do Melanina Acentuada Festival, que acontece nesta semana, entre a quarta-feira (9) e a próxima segunda-feira (14), nos bairros do Rio Vermelho, Federação, Pituba e Corredor da Vitória.

O evento, que celebra a cultura negra, oferece espetáculos teatrais, musicais, encontros formativos, entrevistas públicas e performances de dança. Direcionado a todos que têm interesse em narrativas afrocentradas, o festival é gratuito, exceto pelos espetáculos, que possuem valor de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).

Idealizado por Aldri Anunciação, ator, produtor e doutor em Dramaturgia do Debate pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o Melanina Acentuada nasceu do desejo de dar visibilidade ao trabalho de autores negros. O impulso para criar o festival veio, segundo Aldri, em 2012, quando foi questionado no Festival de Teatro de Curitiba, sobre o seu sentimento em ser o único homem negro escrevendo para o teatro no Brasil.

“Achei aquilo muito pesado, pois tinha mais de 30 referências em minha cabeça. Respondi o nome das pessoas quase como um ‘ataque-performance’. A repórter me interrompeu, se desculpou e disse que não conhecia a existência deles. Quando ouvi isso, pensei: ‘preciso fazer um festival para reunir todo mundo e mostrar essas pessoas’ ”, relembra.

Inspirado pelo Cadernos Negros, série de contos e poemas escritos por autores negros, organizada em 1978 pelo coletivo cultural Quilombhoje, Aldri conta que o Melanina Acentuada Festival foi pensado para tratar assuntos diversos, sob a perspectiva da negritude.

Tempo espiralar

Nesta edição, a escolha do tema, segundo o idealizador, foi pensada conforme o conceito de “tempo espiralar”, visão africana sobre a dimensão temporal. É, inclusive, esta ideia que define a curadoria de todo o evento.

Aldri esclarece que “O tempo espiralar é um entendimento que explica a passagem temporal africana a partir de uma perspectiva mais básica: uma estrutura não cronológica do tempo, sem início, meio e fim. O passado, o presente e o futuro estão acontecendo ao mesmo tempo. O que acontece no presente é um resultado do passado e uma prospecção do futuro. Nessa perspectiva, o futuro já existe e já é visível. Não é mágica, é ciência”.

O festival pretende propor novas maneiras de existir e contar histórias. A ideia de “início, meio e fim” é deixada de lado. De acordo com Aldri, os agentes culturais, autores e pensadores escolhidos estão na programação justamente por não adotarem a perspectiva do tempo ocidental em suas obras. Nesta edição, a novidade é o show de abertura da cantora baiana Sued Nunes, que acontece quarta-feira (09), a partir das 20h, na Casa Rosa, em formato “transmídia”. Isso significa que, após a realização do show, a cantora discutirá, com o público, a construção dramatúrgica do seu espetáculo.

“É bonito ver que um festival que traz a dramaturgia pro centro entende a música como aliada. Até porque ela é minha forma de escrever também uma história e performar. Me sinto parte e isso é muita coisa. Vou cantar meu disco Segunda-Feira, espero poder lembrar nesse show que somos feitos de festa, mais do que qualquer coisa e que o corpo responde, porque guarda memória disso”, afirma Sued.

Na agenda, destaque para a professora da Universidade Federal de Minas Gerais e autora do livro Performance do tempo espiralar: Poéticas do corpo e tela, Leda Maria Martins.

Considerado por Aldri como o “coração do evento”, Leda pretende dialogar diretamente com o tema central do festival no Ateliê de Ideias, que será realizado nesta quinta-feira (10), das 16h às 18h, no Goethe-Institut.

Múltiplos territórios

O evento é sediado em diferentes bairros de Salvador. O Pátio Viração da Casa Rosa é o espaço que abre a temporada. Após a abertura oficial, o roteiro de espetáculos se inicia no Teatro do Goethe-Institut , passa pelo Teatro Jorge Amado, volta à Casa Rosa (em seu Teatro Cambará), passa pelo Cineteatro 2 de Julho e encerra novamente, no Goethe.

A justificativa para a realização em diferentes locais é simples: Aldri acredita que a descentralização é importante para que o público seja diverso. “A intenção é se espalhar pela cidade, seja em periferia ou não periferia. É claro que temos a limitação de que em todos os lugares não existe teatro, e isso também é revelador. Uma sala de teatro é diferente de um auditório, de um palco aberto, o teatro precisa de um espaço tecnicamente articulado com a acústica e iluminação e isso ainda é pouco em Salvador”, ele complementa.

40 espetáculos em cena

Realizado pela primeira vez no ano de 2012, o encontro – que antes acontecia a cada dois anos –, já passou por diversos desafios para se manter, especialmente por questões financeiras. Com o tempo, o número de apoiadores e parceiros cresceu, e a partir de 2016, passou a acontecer anualmente. O idealizador atribui este fato à luta dos movimentos sociais dos últimos 10 anos.

“O movimento do ‘Black Lives Matter’, junto com a ONU, que definiu que seria a década da diáspora no mundo, além de todas as questões nichadas e mortes espetacularizadas neste período, fez com que as pessoas se interessarem um pouco mais por narrativas pretas. Não só na literatura, mas no mundo pop também. A estética, a beleza, e personagens negros passaram a ocupar holofotes”, ele afirma.

Nestes 13 anos de realização, o festival acumula apresentações de mais de 40 espetáculos e cerca de 30 mil pessoas já marcaram presença no evento.

Melanina Acentuada Festival / A partir de quarta-feira (9) até segunda-feira (14) / Espetáculos teatrais, de música, dança, palestras e bate-papo com artistas na Casa Rosa, Goethe-Institut, Teatro Jorge Amado, Cineteatro 2 de Julho / Atividades gratuitas / Espetáculos: R$ 40 e R$ 20 / Informações e programação completa no perfil @melaninaacentuada

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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