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ASTROFÍSICO ALAN BRITO

"A ciência só será humana quando for diversa e inclusiva"

Astrofísico baiano Alan Alves conduziu conversa poética durante a sétima edição do Night Lab

Matheus Calmon*

Por Matheus Calmon*

07/10/2023 - 9:00 h
Imagem ilustrativa da imagem "A ciência só será humana quando for diversa e inclusiva"
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Como tornar a ciência mais acessível e combater a sub-representação de pessoas negras no ambiente científico? Essa foi a pergunta central que impulsionou uma conversa poética durante a sétima edição do Night Lab, no Sesi Lab, em Brasília. A reflexão foi conduzida pelo astrofísico baiano, Alan Alves Brito, finalista do prêmio Jabuti, a principal premiação de literatura do país, e pela pesquisadora Denise Rodrigues.

O debate foi uma das oficinas da noite, que teve o tema "Cosmologias - tentativas de entender o Universo". Após o debate com o público, o Portal A Tarde participou de uma conversa com o baiano. Brito trouxe à tona a importância de reconhecer que as ciências são, essencialmente, construções humanas. Ele enfatizou que elas precisam ser diversas e inclusivas para refletir a maioria da população.

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Brito pontuou que historicamente, grupos da sociedade foram excluídos de diversos espaços, incluindo na ciência. "O racismo é institucional e epstemico. São duas facetas importantes do racismo de um jeito mais profundo que é urgente no Brasil. A gente não pode naturalizar que mais da metade da população brasileira, que é negra, esteja fora, por exemplo, do sistema de conhecimento do Brasil. Nas universidades nós temos uma sub-representação de pessoas negras, nós não temos pessoas indígenas".

Brito destacou que, apesar dos avanços conquistados por essas políticas, ainda há muito a ser feito. "Queremos mais médicos, juízes, e representantes negras e negros em todas as áreas, mas essa representatividade deve vir acompanhada de consciência política e histórica."

Ciência negacionista

Ele enfatizou que o racismo é uma realidade no Brasil, mesmo que muitas vezes seja negado. "Nós temos hoje no Brasil cientistas, filósofos, médicas, médicos negacionistas que negam o racismo, evidências de que o racismo existe e que ele articula as nossas estruturas. Então, por isso a educação básica é importante, por isso que a universidade é importante. As ciências exatas, todas as áreas, vão precisar fazer esse movimento reconhecendo o seu racismo do dia a dia".

O astrofísico enfatizou a importância de reconhecer a responsabilidade e o compromisso ético que os cientistas, especialmente aqueles pertencentes a grupos historicamente sub-representados, têm com as gerações passadas e futuras.

Educação como ferramenta

Para Brito, políticas de ações afirmativas são necessárias para promover a diversidade e a inclusão nas instituições de ensino superior. Ele pontuou, no entanto, que é preciso ir além, garantindo que os estudantes negros tenham suporte adequado, como moradia e alimentação, para permanecerem na academia. Ele salientou que a representatividade por si só não é suficiente, sendo essencial que os profissionais das mais diversas áreas sejam conscientes das questões raciais e busquem uma educação anti-racista.

"Como é que pessoas negras e não negras podem se relacionar pra desconstruir um sistema que não foi causado pelas pessoas negras".

Ciência e o combate ao racismo

Na conversa, o astrofísico pontuou que a ciência pode, sim, ajudar a sociedade a combater o racismo, tendo em vista que as ciências são construções humanas. Entretanto, será necessário antes o reconhecimento de que alguns foram considerados, durante o decorrer da história, mais humanos do que outros.

"A primeira virada de chave do projeto de uma ciência antirracista é reconhecer que ela não só não combateu ao longo da história desigualdades sociais, mas ela também reforçou e reforça desigualdades sociais quando, por exemplo, não nega e não reconhece o racismo, quando não reconhece que a gente vive no país racista, que precisamos construir políticas públicas pensando a categoria raça, cor, que a gente precisa pensar em pessoas quilombolas, indígenas".

Neste momento, ele lembrou que o estado falhou na proteção de mãe Bernadete.

"Um estado que não protege uma liderança quilombola morta na Bahia da forma como foi com mãe Bernadete... A ciência só vai ser de fato humana, uma construção coletiva, quando ela for diversa, quando ela for inclusiva, quando ela de fato trouxer a cara da maioria da população negra. Enquanto ela não fizer isso ela está descartando uma potência de criatividade que as pessoas negras e indígenas trazem".

Além da oficina com Alan, o Sesi Lab promoveu também outras atividades e discussões. Na oficina 'Satelites do futuro', por exemplo, participante montaram miniatura de satélite com mensagem em seu interior. Já na 'Ornamentos da meia-noite', a proposta foi criar colares com sobreposição de acrílicos com formas de astros mitologias inspirados em cosmogonias indígenas e quilombolas.

Participantes puderam ainda acompanhar o astrônomo Adriano Leonês apresentando histórias da Astronomia e abordando temas como a etnoastronomia brasileira, cultura espacial e astronomia austral.

*De Brasília à convite do Sesi Lab

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