CULTURA
“A poesia que me procura”
O escritor baiano Ruy Espinheira Filho lança seu novo livro nesta quinta, às 18h, na na Livraria LDM
Por Elis Freire*
Poeta, jornalista e cronista do jornal A TARDE, Ruy Espinheira Filho vive a literatura há praticamente oito décadas. Com mais de 35 de livros de poemas lançados, o escritor, membro recente da Academia de Letras do Brasil, lança mais uma obra de poesias, intitulada A Invenção da Poesia & outros poemas. O evento será nesta quinta-feira, 01 de junho, das 18h às 20h, na livraria LDM do Shopping Paseo, Itaigara.
“Eu escrevo aquilo que me ocorre, aquilo que me aparecem para eu escrever. É a poesia que me procura. Eu me dediquei mais à poesia do que à prosa, porque ela me procurou mais do que as outras coisas. Faz parte da minha natureza", explica Espinheira sobre a produção dos poemas entre os anos de 2019 e 2022 que se transformaram no seu mais novo livro.
Nesta quinta, os leitores poderão adquirir a obra, lançada pela editora Record, e participar de uma sessão de autógrafos com o escritor. O autor coleciona grandes prêmios de literatura no país como o Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Sousa de Santa Catarina (1981) e o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras (2006). Invenção da Poesia & outros poemas é um livro que explora os diversos estilos formais, objeto de estudo do artista desde sua infância. Com uma escrita madura, reconhecida pelos principais prêmios de literatura do país, a obra dá continuidade a uma trajetória diversa e inventiva.
“Desde de menino eu venho estudando todos os meios de expressão poética. Eu estudo a sério esse negócio de poesia. Escrevo canções, sonetos, versos livres. Toda arte é rigorosa, porque você tem que ter o conhecimento da forma artística, então eu trabalhei muito para obter esse conhecimento e ter hoje essa escrita madura de qualidade”, comenta Ruy.
Após muita leitura, de poetas como Rubem Valentim, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, a escrita se tornou uma aventura contínua para Espinheira Filho. Cada poesia contida no livro reflete um momento específico de criatividade do autor, com abordagens dos temas mais diversos que atravessam a vida.
“A literatura está comigo desde a infância. Desde então, venho lendo muito e tentando escrever: continuo nessa aventura. As poesias são escritas em momentos diferentes, situações mentais diferentes, então cada poema tem sua própria característica da vida. Cada poesia é única, o que une elas no livro é uma questão de qualidade”, afirma o autor.
A arte inventa o homem
A invenção da poesia, canção que dá nome ao livro, é uma reflexão sobre a produção poética, a partir da narrativa de aprendizado artístico de uma criança. O poema abre o livro em uma metalinguagem que traduz a trajetória do escritor baiano.
“A invenção da poesia não é uma invenção feita por alguém. A poesia inventa o poeta. Transforma o menino em poeta. Não é você que faz a literatura, é a literatura que lhe faz” afirma Espinheira. “O homem inventou a arte porque a arte se impôs a ele. A arte mostrou que é necessária. Sem arte não há homem e sem homem não há arte. Não há ninguém que viva sem arte”, completa o autor.
Escrever poesia para ele é algo que está para além da explicação. A invenção de textos líricos segue permeando seus dias e noites. “A poesia me procura das maneiras mais incríveis, inclusive dormindo. Às vezes eu acordo de noite com um poema sendo construído no meu inconsciente. São coisas impressionantes, superiores a mim”, afirma.
Da Bahia para o país que lê
Soteropolitano, Ruy passou sua infância em Poções e a adolescência em Jequié. De volta a Salvador, construiu uma longa carreira acadêmica: graduou-se em Jornalismo na Ufba e tornou-se doutor pela Escola de Letras. Espinheira lecionou 35 anos na universidade. Passando por jornais como A Tribuna da Bahia e Jornal da Bahia, hoje escreve quinzenalmente para o jornal A TARDE. O escritor, que viu diversos colegas de profissão se mudarem para o Rio de Janeiro e São Paulo, reconhece uma grande dificuldade de fazer literatura no Estado. Porém, sem sair da Bahia, ele conseguiu grande projeção nacional. Depois do seu primeiro livro, Heléboro, lançado em 1974, Espinheira não parou mais, lançando obras como Um Rio Corre na Lua (2007) e Estação Infinita e outras estações (2013) por editoras importantes do país.
“Você tem de ir pro Rio, rapaz, aqui não tem ar e lugar para você respirar, não tem atmosfera aqui para isso”, diziam para mim. Rubem Braga, Drummond, Manuel Bandeira, todos foram pro Rio. Falei que não iria, mas as dificuldades na Bahia são enormes, o espaço é muito restrito. Muitas vezes pensava em ir embora daqui, mas fui lutar por uma projeção nacional. Se não, você não atinge os melhores leitores. É no país inteiro que tem bons leitores”, ressalta o poeta
A invenção da poesia & outros poemas é o seu nono livro lançado pela editora Record, , maior conglomerado editorial da América Latina. Espinheira Filho já tem 35 livros individuais de poesia, 15 de ficção, além de diversas crônicas e ensaios. Recebeu o Prêmio Nacional de Poesia Cruz e Sousa, de Santa Catarina, em 1981, o Prêmio Rio de Romance, em 1985 e, em 2006, foi honrado com os prêmios de poesia da Academia Brasileira de Letras e o 2º lugar no Jabuti.
Aos 80 anos, Ruy Espinheira Filho tem uma trajetória com a literatura que se confunde com a própria história de vida. A poesia, para a alegria dos leitores, segue convocando-o para mais um verso, mais uma estrofe, mais um poema, mais um livro…
Lançamento e sessão de autógrafos do livro A Invenção da Poesia & outros poemas, de Ruy Espinheira Filho / Quinta-feira (dia 01 de junho), 18h / Livraria LDM (Shopping Paseo)
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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