CULTURA
Alexandre Kassin e Thalma de Freitas falam sobre show da Orquesta Imperial

Por Francisco Castro Jr., do A TARDE
Surgida há cerca de seis anos no Rio de Janeiro, como uma grande brincadeira entre músicos notórios e amigos, a Orquestra Imperial se tornou uma sensação no cenário musical carioca com seus animadíssimos bailes com clima de carnaval, despretensão e muita boa música. Flertando com a boa e velha gafieira, mas com uma certa pegada pop rock, já que a maioria dos integrantes é oriunda da cena alternativa de lá, o grupo resgatou - mesmo sem querer - o estilo das orquestras de baile, gerando uma pequena onda de novos grupos.
No show desta sexta-feira na Concha, nove dos cerca de vinte integrantes originais estarão presentes no palco. Confira a escalação das feras: Rodrigo Amarante, Thalma de Freitas, Nina Becker, Kassin, Pedro Sá, Domenico, Nelson Jacobina, Wilson das Neves e Moreno Veloso.
No repertório, clássicos da música nacional em releituras dançantes, incluindo boleros e temas dos anos 60, além de sucessos da música pop, com novos arranjos.
Na abertura do evento, o Rei Momo de 2009, Gerônimo esquenta o público com sucessos como Jubiabá e Eu Sou Negão, entre outros. A festa ainda contará com o DJ Som Peba e o VJ e videomaker Marcondes Dourado.
Saiba mais sobre a Orquestra Imperial e dois dos seus integrantes, a cantora e atriz Thalma de Freitas (voz) e o baixista e produtor Alexandre Kassin (baixo), nas entrevistas a seguir.
Alexandre Kassin
A TARDE: Como surgiu a Orquestra Imperial?
Alexandre Kassin: Começou de um jeito nada planejado. A gente tinha uma data no Balroom (casa de shows do Rio de Janeiro), o cara de lá queria uma coisa semanal, e aí marcamos uma temporada e aí rolou legal. Eu liguei pra duas pessoas que tocam soporos e aí eles rapidamente arranjaram outras pesoas, liguei també pro Nelson Jacobina, que eu sabia que gostava de gafieira. Daqui a pouco outras pessoas começaram a ligar interessadas, amigos de amigos, todo mundo a fim de participar. Isso numa quinta feira. Tivemos ensaios sábado e domingo e na segunda estreamos. Nenhum de nós tinha tocado essa música (gafieira) antes, todo mundo era de banda de rock, mas todos gostavam daquele tipo de coisa. E foi isso que deu uam som diferente. Era para durar quatro shows e já tem seis anos. Se fosse uma orquestra mesmo,seria bem mal planejada (risos). Tem três guitarras, sabe, umas coisas que não tem um porquê. Temos três guitarras simplesmente por que apareceram três guitarristas. Aí a coisa foi desenvolvendo desse jeito estranho.
AT: O repertório será mais baseado nos bailes, onde vocês executam vários covers ou mais das músicas próprias que estão no CD? O que o público do show pode esperar?
AK: O repertório ao vivo era das décadas de 50, 60, que a gente achou que não fazia sentido ser regravado. A Orquestra Imperial nunca foi um projeto "resgatista", é uma coisa depretensiosa, mas nada careta, tipo aula de OSPB, não temos nenhuma pretensão de não deixar o samba morrer ou outra logística nacionalista. Como ninguém queria regravar nada, então gravamos as músicas que as pessoas compuseram para o projeto. A gente não é um show, a gente um baile. Mas show vai ter músicas das duas vertentes.
AT: Você é considerado um dos grandes nomes da música brasileira desta década, como músico e como produtor. Ao contrário de outras décadas, quando os músicos agiam dentro de um nicho próprio (rock, MPB, etc), você transita com facilidade por várias vertentes, de CSS a Vanessa da Matta. Você vê toda a música brasileira como uma coisa só? Caíram todas as barreiras? Onde acaba o rock e começa a MPB?
AK: Puxa, não sei, agora você me pegou. Nunca parei para pensar nisso. MInha banda nos anos 90, a Acabou La Tequila, era basicamente rock, mas não só de rock, a gente do lado do Barão Vermelho, por exemplo, era uma coisa muito distante. Nunca pensei muito nessa coisa de gêneros indefinidos. Acho, na verdade, que alguns gêneros estão se tornando mais fechados. O rock está mais aberto, mas outros gênertos estão mais fechados. O hip hop está menos experimental, menos interessante. Já o rock passou por uma época em que as pessoas começaram a se desinteressar e talvez por isso voltou desse jeito, mais difuso.
AT: Seu projeto mais querido são as produções para os discos dos outros ou as coisas mais autorais, como o projeto +2?
AK: Olha, o que eu me divirto mais de fazer e tocar é a Orquestra. Eu não gosto muito de fazer show, mas com a Orquestra é muito divertido. Geralmente quando o show tá ficando bom, ele acaba. Como o show da Orquestra é grande, podendo durar até quatro horas, então mata bem a minha vontade de tocar. Sobre o + 2, devemos seguir gravando, mas sem muito compromisso, é um projeto aberto. Ainda não pensamios muito sobre isso.
AT: Quais foram as suas últimas produções?
AK: Terminei agora o dvd ao vivo da Vanessa da Matta, o CD da Mariana Aydar e a trilha de um desenho japonês, que é ambientado no Rio de Janeiro,
Michiko e Hatchin. A trilha saiu lá no Japão em dois discos, com vinte temas. Foi um ano de trabalho.
AT: Dizem que você é um cara que transita muito bem entre o experimental e o convencional. Como é se equilibrar nessa corda bamba?
AK: Acho que não existe isso, que é tudo a mesma coisa. Esse negócio de que as coisas são diferentes, eu quase discordo (risos). Tem um lance que me anima a fazer música, é que o dia a dia nunca é igual. Por isso que eu não gosto de ter banda,sabe, é quivalente a peça de tatro. Todo dia você tem que subir no palco e tocar as mesmas músicas. E isso é distante da música. Tem um dia que eu tô tocando baixo, outro eu tô tocando um piano malzão (risos), outro dia eu só faço barulho... A vida tem que ter um pouco de tudo. Até em casa, se eu ouço o mesmo disco umas quatro vezes, eu já entendi, então eu quero ouvir outras coisas, para ter outro ponto de vista.
AT: É a primeira vez da Orquestra em Salvador, não é?
AK: Infelizmente, é a primeira vez da Orquestra, mas eu já toquei aí outras vezes, com o + 2, com o Lenine, com Arto Lindsay no Cortejo Afro, no Carnaval. E também com o Acabou La Tequila, acho que em 1995. Adoro tocar aí em Salvador, é uma grande cidade.
AT: Que banda recente te chamou a atenção aqui no Brasil?
AK: Rockz. Eu gosto muito dessa banda.
Thalma de Freitas
A Tarde: Quais músicas você canta na Orquestra Imperial? O que o público pode esperar do show?
Thalma de Freitas: Entre outras canto a musica que eu gravei no disco, Não Foi Em Vão, que é minha e Onde Anda o Meu Amor, do Orlandivo. O público pode esperar muita boa música. É a primeira vez da Orquestra aí, então tenho certeza q vai ser bem legal. Tomara que as pessoas gostem.
AT: Como você entrou na Orquestra? O Kassin disse que o projeto surgiu numa quinta-feira, ensaiou-se sábado e domingo e na segunda, a Orquestra já estava no palco do Ballroom (Rio de Janeiro).
TF: Entrei logo que começou, desde a tal quinta-feira. Eu estava no estúdio com o Kassin na hora que o dono do Ballroom ligou para ele fazendo o convite da temporada. Kassin desligou o telefone e me perguntou: "quer cantar numa orquestra de gafieira"?
AT: Qual é o grande barato da Orquestra Imperial?
TF: É tocar com os meus amigos, que també são meus músicos prediletos. A Orquestra tem músicos dos grupos que eu mais gosto, como o Amarante (Los Hermanos), Pedro Sá (Do Amor, Caetano Veloso), Nelson Jacobina (Jorge Mautner), o Wilson das Neves, o Kassin (+ 2). Enfim, tocar com os meus amigos o som que eu gosto. Isso me pira.
AT: Além de ser cantora, você também tem uma carreira sólida como atriz. Do que você gosta mais, de cantar ou de atuar? Ou dos dois mesmo?
TF: (Demonstrando irritação) Olha, me desculpe, mas eu não vou responder essa pergunta. Já tem seis anos que a Orquestra Imperial existe. É óbvio que eu prefiro e gosto de fazer os dois, e conheço muita gente que toca as duas carreiras, atuando e cantando de forma sólida, e ainda dá tempo de sair com os amigos, fazer compras e pagar as contas.
AT: Quando sai seu o próximo CD solo? Já fazem cinco anos desde seu primeiro CD solo.
TF: Vou gravar meu disco novo ainda esse ano, produzido por Kassin e Berna Ceppas, com canções de minha autoria.
AT: Você utiliza recursos cênicos de atriz no palco quando canta? Como vc lida com isso?
TF: Palco é palco, sabe? Não uso técnica, uso meu estilo mesmo. Trabalho nisso há vinte anos, então eu nem penso mais.
SERVIÇO:
O quê: Sua Nota é o Show – Orquestra Imperial, Gerônimo, DJ Som Peba e Marcondes Dourado
Concha Acústica do Teatro Castro Alves | Praça Dois de Julho, s/n, Campo Grande.
Quando: 06/03/2009, às 18h
Trocas por internet e call center: ingressorapido.com.br / 4003 1212
Realização: FUNCEB/ SECULT/ SEFAZ
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