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ARTES CÊNICAS

Ânima dá voz às mulheres silenciadas pela história em monólogo impactante

Filósofa Lúcia Helena e atriz Beth Zalcman celebram o poder da alma feminina em espetáculo

Por Eugênio Afonso

27/07/2025 - 5:00 h | Atualizada em 28/07/2025 - 0:25
Peça fica em cartaz de quinta-feira, 31, até domingo (03 de agosto), no Teatro Sesc Casa do Comércio
Peça fica em cartaz de quinta-feira, 31, até domingo (03 de agosto), no Teatro Sesc Casa do Comércio -

Para o psiquiatra Carl Gustav Jung, ânima é um componente feminino da personalidade de todos os seres humanos. Para o espetáculo Ânima, a expressão parte também de uma frase da filósofa Delia Steinberg Guzmán – ‘desde sempre e para sempre toda mulher tem parentesco com a primeira estrela brilhante que levou luz ao azul profundo do céu’ - para refletir sobre a força ancestral feminina ao longo dos séculos.

Em cartaz de quinta-feira, 31, até domingo (03 de agosto), no Teatro Sesc Casa do Comércio, o monólogo escrito pela filósofa carioca Lúcia Helena Galvão, com a atriz Beth Zalcman, 64 – também do Rio –, tem direção do produtor Luiz Antônio Rocha.

Terceiro texto teatral da escritora, Ânima é uma ode à resistência, à espiritualidade e à inteligência feminina, exaltando figuras que muitas vezes foram silenciadas ou apagadas da história oficial. A peça entrelaça a existência e a história de mulheres que sacrificaram as próprias vidas em nome de um ideal.

Beth conta que o espetáculo fala de mulheres que mudaram o curso da história pelo comportamento em relação ao homo sapiens. “Tudo que elas faziam era em prol do ser humano e não para elas. Então, são mulheres que trazem qualidades que às vezes ficam esquecidas. Ânima é a essência da humanidade, a essência da nossa existência”.

Em cena, Beth vive uma tecelã que embaralha os fios da vida em busca de sua ancestralidade, dando voz a seis mulheres reais que desafiaram seu tempo: Joana D'Arc, Hipátia de Alexandria, Simone Weil, Marguerite Porete, Helena Blavatsky e Harriet Tubman, pensadoras, místicas, líderes e ativistas que transformaram o mundo com coragem e idealismo.

“Eu empresto meu corpo e a minha alma para que essas mulheres possam aparecer de forma mais genuína, mais verdadeira. Eu não estou à frente delas, estou atrás, e ainda tem uma sétima mulher, que é a tecelã. Ânima vai trazer esse momento de encontro interno de cada um”, ressalta a atriz.

“Todas elas trazem ideias muito profundas, que nos ajudam a refletir sobre a nossa existência. Então, esse encontro é muito forte, muito bonito. Essas são as mulheres que Lúcia tem como referência e, inclusive, ela escreveu esse texto para mim. Eu fico muito honrada e por isso tenho tanto cuidado e carinho com cada uma delas”, alinhava.

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Potência feminina

Para Luiz Antônio Rocha, 58, a peça nasce da vontade de dar voz à potência do feminino através da história de mulheres que desafiaram seu tempo e marcaram a humanidade com coragem, sabedoria e espiritualidade.

“A dramaturgia da Lúcia Helena propõe um mergulho poético e filosófico na alma feminina. O propósito é provocar reflexão e inspiração, mostrar como a alma humana, quando guiada por valores elevados, pode transformar o mundo”, sinaliza o diretor.

Ele ressalta ainda que é um monólogo que transborda presença através do corpo, da voz e da entrega de Beth Zalcman. “Damos vida a seis mulheres que atravessaram os séculos. A encenação é minimalista, com forte apelo visual e sonoro, e convida o espectador a uma escuta atenta, quase meditativa. A tecelã não apenas narra, ela incorpora, borda histórias, costura destinos. É teatro para tocar a alma”.

Já tendo sido parceiros em outros trabalhos, como no espetáculo Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio, Luiz Antônio garante que Beth é uma atriz de entrega absoluta, que mergulha no texto com rigor e sensibilidade.

“Ela tem a rara capacidade de unir técnica apurada e presença cênica pulsante. Em Ânima, isso é essencial, já que ela carrega o espetáculo sozinha, transformando-se a cada cena. Cada processo com ela é um reencontro com a arte em seu estado mais puro”, sentencia Rocha.

“Um monólogo precisa respirar junto com quem assiste. Em Ânima, buscamos esse equilíbrio entre forma e conteúdo, poesia e emoção, para que o público não apenas assista, mas vivencie a jornada da personagem. É como tecer um fio invisível entre palco e plateia”, alinhava.

Sensibilidade e ética

Como um solo que transita por diferentes épocas, países e contextos históricos, mas que encontra unidade na alma feminina, Ânima é também um convite à reflexão sobre o papel das mulheres na construção de um mundo mais ético e compassivo.

Beth acredita que a mulher ainda tem muita batalha para vencer, mas que, ao mesmo tempo, tem algo que ela já traz consigo, que é a sensibilidade para a conexão com a humanidade.

“Isso não precisa mais de luta, a qualidade feminina no pensamento humano já é uma grande conquista. Falta, muitas vezes, sermos escutadas, mas que a mulher já tem um lugar diferenciado no sentido do olhar para o mundo, eu creio que sim, e cada vez mais é como um rio, vai achando curso e vai chegando até o oceano”, declama a protagonista.

A encenação aposta na iluminação de Ricardo Fujii como um forte elemento dramatúrgico, e na palavra como instrumento de revelação e afeto. Com sua visão filosófica, a autora nos leva, desde o início da humanidade, à transcendência feminina entre passado, presente e futuro.

A peça também faz uma homenagem ao teatro, esse espaço de inúmeras possibilidades. “Cabe a mim, a atriz, girar a roda do teatro e ser histórias, alinhavar tempo e espaço, ser o feminino em sua máxima expressão. Trazer a luz do espírito para a manifestação é função do teatro, é função do feminino”.

E, por fim, Beth fala do seu eterno amor pela terra do dendê. “Sempre gostei da Bahia. Amo a ancestralidade que pulsa. A Bahia talvez seja um dos estados mais fortes nessa questão do Brasil. A Bahia tem uma identidade muito bem construída”.

ÂNIMA / Teatro SESC Casa do Comércio / 31 de julho, 01, 02 e 03 de agosto / Quinta, sexta e sábado às 20h - Domingo às 17h / R$ 130 (inteira) e R$ 65 (meia) / Vendas: Sympla e bilheteria do teatro / Classificação: 12 anos

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