CULTURA
Balé Folclórico da Bahia assina convênio com a Prefeitura de Salvador
Medida foi firmada nesta terça-feira, 16, e visa auxiliar no custeio dos artistas e realização dos espetáculos
Por Rafaela Souza
Em meio aos seus quase 35 anos de existência, o Balé Folclórico da Bahia firmou um convênio com a Prefeitura de Salvador na noite desta terça-feira, 16, no Teatro Miguel Santana. Com um montante de R$ 380 mil, a medida visa auxiliar no custeio dos artistas, na administração da companhia, na manutenção do imóvel, localizado no Pelourinho, e nos espetáculos feitos pelo grupo. Além disso, a iniciativa vai viabilizar a continuidade das oficinas de dança gratuitas feitas pela companhia para a comunidade.
Em entrevista ao Portal A TARDE, o fundador e diretor-geral da instituição, Vavá Botelho, afirma que o convênio representa um marco para a história do Balé Folclórico da Bahia tendo em vista o ineditismo em relação à parceria municipal, além das diversas dificuldades enfrentadas com a pandemia de Covid-19. Por falta de recursos oriundos da bilheteria dos espetáculos e cancelamento das turnês, a instituição quase encerrou suas atividades. Ela se manteve com a ajuda de artistas e admiradores que participaram de uma arrecadação financeira virtual.
"É um marco extremamente importante, principalmente por ser a primeira vez que a gente consegue fechar um apoio, um patrocínio com a prefeitura. O Balé existe há 35 anos e, nesses 35 anos de atividade, a Prefeitura de Salvador disponibiliza esse apoio. Isso é muito importante e, com essa aproximação, eu espero que a gente possa levar isso por muitos anos daqui para frente", pontua.
Atualmente, a companhia conta com cerca de 60 integrantes, entre dançarinos, músicos, cantores e técnicos. Desde a sua fundação em 1988, o Balé Folclórico já formou mais de 800 bailarinos. Ainda sobre a parceria com a gestão municipal, Botelho conta que os recursos servirão como suporte para as despesas da companhia, que podem chegar até R$ 90 mil por mês.
"Esse apoio vai ser importante para complementar a renda que a gente tem. Com o retorno dos eventos na cidade, a gente já começou a se organizar, temos muitos projetos já desenhados e estamos esperando abrir oficialmente as inscrições para a gente começar os trabalhos", afirma.
Para o diretor artístico José Carlos Arandiba, conhecido como Zebrinha, a assinatura do convênio é um reconhecimento à história do Balé Folclórico da Bahia e a sua importância para a cultura baiana.
"O reconhecimento do município por essa expressão maior da cultura baiana que é o Balé Folclórico da Bahia, que é o embaixador da cultura brasileira no mundo, que é embaixador das religiões iorubanas no mundo. E você ter reconhecimento do município já é um super caminho para se ter um reconhecimento nacional. É só o começo, assim espero", aponta.
De acordo com o diretor artístico, a medida é fundamental para a retomada dos projetos da companhia, que sofreu com os impactos da pandemia no setor cultural. Zebrinha ainda conta que a previsão é voltar com as tradicionais turnês do grupo no próximo ano.
"As coisas esfriaram muito depois da pandemia. O mundo esfriou e culturalmente o país quebrou, mas estamos fomentando os projetos. E acho que em 2024 a gente cai no mundo de novo. Tem coisas se desenhando, vários empresários querendo a nossa presença em festivais pelo mundo, como sempre fizemos", disse.
O termo foi assinado pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil), pelo secretário municipal de Cultura, Pedro Tourinho, e pelo presidente da instituição, Vavá Botelho.
Documentário
Como adiantou o fundador e diretor-geral da companhia, os planos da companhia são promissores, incluindo a produção do documentário dirigido pela atriz Glória Pires, que estreia na função, e de uma série. O longa começou a ser feito em 2018.
"[O documentário] está em andamento, a gente fez uma parte em 2018. Uma pequena parte quando a gente iniciou o projeto, mas não conseguimos patrocínio naquela época. Aí ficamos parados em 2019, 2020. Já no ano passado demos uma boa adiantada porque tivemos o apoio da Lei Rouanet e conseguimos adiantar uma boa parte, mas ainda falta muita coisa", reitera.
Apesar das dificuldades enfrentadas na produção da obra, o presidente da companhia explica que o documentário está com 70% do conteúdo completo.
"O nosso projeto era lançar em agosto em comemoração aos 35 anos do Balé, mas acho difícil porque temos muita coisa do exterior ainda, principalmente as entrevistas com os artistas internacionais. Uma equipe vai se deslocar para lá. Não sei se a gente consegue até agosto, mas de qualquer maneira já tem 70% do filme pronto e, inclusive, o material que a gente tem armazenado podemos pensar não somente no documentário, mas numa série que é o que a gente está trabalhando agora", detalha.
Parceria
O prefeito Bruno Reis ressalta a atuação e influência do Balé Folclórico da Bahia na cultura e turismo na cidade. O gestor conta que a parceria integra um pacote de iniciativas que buscam requalificar e movimentar o Centro Histórico de Salvador.
“Os recursos são da Secretaria de Cultura e Turismo, firmamos a parceria com o Balé Folclórico da Bahia por toda a sua importância para a nossa história, nossa cultura, nossa arte e nossa dança. O Balé nos seus 35 anos teve a capacidade de projetar Salvador, a Bahia e o Brasil para todo mundo Já se apresentou em diversos estados e países”, inicia.
“Milhares de visitantes e turistas que vem ao Pelourinho vem assistir a apresentação belíssima do Balé Folclórico e precisamos estimular a cultura na nossa cidade, em especial dentro do Centro Histórico. Isso vem da nossa estratégia de tornar essa região desejada por nós soteropolitanos e todos que nos visitam. O Balé Folclórico, sem sombra de dúvidas, é um dos principais ícones do Pelourinho e é responsável em atrair milhares de visitantes para nossa cidade”, acrescenta.
O prefeito ainda reitera que o convênio é o começo de uma série de parcerias que vão ser realizadas no decorrer do ano. Entre as iniciativas, ele também destaca a construção de equipamentos culturais na região e o apoio destinado aos blocos afros. “Essa é a primeira parceria de outras que vamos firmar. A prefeitura está construindo a Casa de Espetáculos, a Escola de Arte e o Balé Folclórico vai fazer parte dessa história”, revela.
Para o presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, a medida é a concretização e reconhecimento da trajetória do Balé Folclórico como um expoente da cultura baiana e brasileira. Além disso, ele afirma que a expectativa é que a parceria se expanda com a disponibilização de um espaço maior para que haja mais apresentações do grupo, que, atualmente, se apresenta nas segundas, quartas e sextas, às 19h, no Teatro Miguel Santana.
“A Fundação já vinha namorando, mas hoje aconteceu o casamento. É um dos grupos mais importantes do mundo da dança e a gente precisa lutar para que ele tenha esse reconhecimento na cidade de Salvador, no estado da Bahia. Acho que é apenas o início dessa caminhada, que esse apoio se concretize. Para mim, o próximo passo é ter um espaço maior e deixar o Balé trabalhando todo o ano, todos os dias em um espaço com 400, 500 lugares. Porque isso é uma construção e um patrimônio da nossa cidade”, enfatiza.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes