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CULTURA

Banda Gram comenta novo cd e sua relação com Pitty

Por A Tarde On Line

03/10/2006 - 16:51 h

Em entrevista exclusiva ao A Tarde On Line, por telefone, Sérgio Filho e Marco Loschiavo, vocalista e guitarrista da banda paulista Gram, falam sobre o lançamento do seu segundo disco de estúdio, “Seu Minuto, Meu Segundo”, o momento de afirmação que esse CD representa, sua irritação com a constante comparação da crítica no primeiro disco com o Los Hermanos, sua amizade com músicos distintos como a cantora baiana Pitty e Tato, vocalista do grupo de forró Fala Mansa, turnê, dentre outros assuntos. Confira:





A Tarde On Line - Ao contrário do primeiro disco, que vocês lançaram independente e só depois for relançado pela Deckdisc, agora vocês tiveram bastante tempo para pensar na realização desse álbum. No que isso resultou nas mudanças de lá para cá?



Marco - Foi uma oportunidade única trabalhar com essa estrutura, uma gravadora, um estúdio só pra gente. Podemos usar um monte de outros instrumentos, um coral de crianças. Foi uma grande empolgação o processo de compor o disco novo. Ficamos nele por um ano. Fora a diversão, teve todo um trabalho de pré-produção, escolher os melhores timbres.



A Tarde On Line- O material de divulgação de “Seu Minuto, Meu Segundo” traz a seguinte frase: “não faz sentido classificar o som [do Gram], dizer que tal faixa é rock ou MPB”. Você não acha que o Gram é uma banda essencialmente de rock, com eventuais influências de outros estilos?



Marco – Não tem outro rótulo que se encaixe melhor do que rock. Escutamos e temos influências de outras coisas como jazz, pop, eletrônica, músicas mais melancólicas. Mas acho que o mais próximo é dizer que a gente faz rock alternativo.



A Tarde On Line - “Seu Minuto, Meu Segundo” foi lançado exclusivamente no formato Dualdisc (CD e DVD na mesma mídia). Como foi a idealização desse projeto?



Marco - Essa foi uma idéia da gravadora. Pra gente foi legal porque temos integrantes da banda que trabalham com arte gráfica. Eu mesmo fiz as animações que estão no DVD. Foi tudo bem descompromissado. Eu acabei fazendo durante as gravações e mostrando pra gravadora. Acabou que tudo o que eu fiz entrou. É legal ter esse controle total do seu trabalho.



A Tarde On Line – O disco de vocês “vazou”para a internet antes mesmo do lançamento. Pelo que vi em algumas comunidades de fãs no orkut, foram vocês mesmos que passaram as músicas. Vocês não têm medo que isso atrapalhe as vendas?



Marco – A gente não sabe como, mas primeiro vazaram seis músicas. Ligamos desesperados pro Rafa (Rafael Ramos, produtor), mas ele disse “Relaxem, se já vazou não tem muito que fazer”. Ele nos deixou a vontade para fazer o que quisermos. Então, como já estavam essas seis músicas na rede, eu mesmo passei a música pro pessoal da comunidade. A gente sabe que tem fã que não tem condição de comprar. Quem pode vai comprar. Nos nossos primeiros shows de lançamento em Belo Horizonte, aqui em São Paulo, já tinha um monte de gente cantando as músicas novas, provavelmente por ter baixado na internet. Se não fosse por isso, talvez esses shows fossem bem mornos pelas músicas novas.



A Tarde On Line – Sérgio, você comentou em algumas entrevistas que teve influências das letras (e não das músicas) do “Bloco do Eu Sozinho” dos Los Hermanos no primeiro cd. Quais foram as influências nas letras do novo disco?



Sérgio – Na verdade, eu disse que quando ouvi o “Bloco do Eu Sozinho”, que é um grande disco, eu percebi que dava pé compor em português. Na verdade, foi mais uma ignorância minha não conhecer bem o rock brasileiro do Legião Urbana, Cazuza, que tinham grandes letras. Nesse novo disco eu busquei menos inspirações pras letras na música e li bastante poesia, os personagens de Fernando Pessoa, um romance do Patrick Süskind, “Perfume”, dentre outras coisas. Eu escrevi as letras do primeiro disco em uma semana. Então, elas têm relações muito próximas. No novo disco eu escrevi as letras em momentos bem diferentes. Então elas falam de coisas que vivi, que ouvi de amigos, da família, até mesmo tem uma crítica à crítica, ou mesmo algo que não aconteceu.





A Tarde On Line– Atualmente, existe um bom número de bandas num patamar intermediário, que já tem público em parte do Brasil sem necessariamente ser algo “massivo” (Leela, Ludov, Cachorro Grande). Você concorda que o Gram está nesse patamar intermediário ou ele mesmo existe? Vocês conseguem viver só do Gram?



Marco – Acho que a gente se encontra nesse patamar sim. Nem podemos tocar em qualquer bar, porque nosso show já tem um monte de elementos que nem toda casa tem, nem temos ainda moral pra tocar em um Festival de Verão como atração principal. Felizmente, nossa banda, como empresa, já se paga. Mas todos têm outros projetos para manter nossas despesas pessoais. Recentemente, eu produzi o clipe “Tranqüilo” do DJ Marcelinho da Lua.

Sérgio – Eu gostaria de ter mais tempo para compor. Música não é que nem desenho, que eu acordo e faço vários. Precisa de um tempo. Nesse disco, tem músicas que eu levei 15 minutos para fazer, outras demoram 2,3 meses. Mas com a situação do direito autoral, é impossível viver de música. Já ouvi de gente das grandes bandas nacionais reclamando que não consegue manter o mesmo nível de vida de antigamente. Hoje, eu me mantenho de ilustrações de livros infantis. É relativamente simples e paga bem. Eu demorei em ter um nome reconhecido no meio, e agora eu tenho. Mas minha grande paixão ainda é a música.



A Tarde On Line– Nas entrevistas vocês comentam que na Deck trabalham “sem cobrança de vendagem”. Qual a cobrança então, como se dá essa relação?



Marco – Nós somos muito amigos do João (Ricardo, dono da Deckdisc) e do Rafa (Rafael Ramos, filho de João Ricardo e produtor de “Seu Minuto, Meu Segundo”). Isso é muito bacana quando se trabalha em uma empresa. O Rafa sempre fala pra gente “Eu quero qualidade. Depois, a gente vê se vai vender. Vamos fazer algo que a gente goste”. Então é sempre um ajudando o outro. Fazemos então música que em primeiro lugar pra gente. Mas tomara que venda bastante.



A Tarde On Line– O segundo disco é o momento de afirmação da banda. Parece-me que agora vocês querem se desvincular da imagem de comparações com Los Hermanos, Radiohead e Coldplay, principalmente. Vocês realmente estão em busca da tal autenticidade?



Sérgio – A gente nesse disco está evitando ser comparado, tudo que tinha nas nossas músicas que era meio brasileiro deixamos de lado, estava chata essa comparação excessiva com o Los Hermanos. Qualquer coisa que tenha uma seqüência de samba, vão dizer que a gente tentou copiar. O segundo disco é a hora de se mostrar, afirmar quem você é. Pra mim o Gram são cinco caras tentando achar espaço dentro de uma melodia. Alguém chega com uma idéia e cada tenta dar sua parcela de contribuição. É isso: Gram é melodia.





A Tarde On Line– Na escolha do repertório, quantas músicas vocês gravaram? Algumas ficaram de fora? Porque a inclusão de “Melhor Assim” que já estava no MTV Apresenta?



Marco – Gravamos vinte músicas. A gente queria lançar todas, gostamos de todas, mas não lançamos por sugestão da gravadora. É importante guardar algumas. Quem sabe podemos lançar em um hotsite. Tocamos elas nos shows, mas é importante ter algumas cartas na manga. Sobre “Melhor Assim”, achamos que ela precisava ganhar uma roupagem melhor do que teve no MTV Apresenta.



A Tarde On Line– Vocês se incomodam de falarem do Gram como a “banda do clipe do gatinho”? Não corre o risco de acontecer com “Você pode ir na janela” como “Anna Julia”, dos Los Hermanos ou “Creep”, do Radiohead, que as bandas se desgastaram tanto com essa super exposição das músicas que pararam de tocá-las nos shows?



Marco – Eu me orgulho muito desse clipe. Quando o Sérgio mostrou pra gente foi emocionante. No show ela é uma música fundamental, se a gente não tocar o cara pode até pedir o dinheiro de volta. Pode ser que daqui a um tempo encha o saco dela, por enquanto não.

Sérgio – Eu acho difícil a gente fazer outra música no mesmo nível. Até evitei fazer música no formato 6/8 para não parecer que queremos repetir a fórmula.



A Tarde On Line– A primeira música de trabalho de vocês, “Antes do Fim”, foi a primeira música a ser composta para o novo disco, logo após o fim do primeiro disco. Foi por ela ser a música mais próxima do som do primeiro cd que foi escolhida como single, por já ser um som esperado pelo público?



Marco – Pode ter sido por isso. Nunca tinha pensado por esse aspecto. Foi a gravadora que decidiu. Na verdade, antes de assinarmos em 2004 com a Deck, já estávamos compondo para o segundo disco, e “Antes do Fim” já estava presente. Quando assinamos com a Deck já íamos gravar o segundo CD, mas o pessoal de lá chegou dizendo “pode parar” e relançou nosso primeiro disco.



A Tarde On Line – O Sérgio dirigiu o clipe mais famoso de vocês, “Você Pode Ir na Janela”. Agora, soube que vai dirigir um clipe do disco da Pitty. Como é sua relação com ela?



Sérgio – Vai ser uma animação para a música “Na sua estante” com personagens famosos vivendo outras situações, por enquanto é o que posso revelar. Ficamos mais próximos dela aí em Salvador, durante o Festival de Verão de 2005, ela era a apresentadora do Palco da Deck que nós tocamos. Quando saímos, ela estava chorando, dizendo que não conhecia nossas músicas, que tinha adorado. A partir daí tivemos várias idéias de parcerias, que acabou nunca dando certo. Ela participou de uns shows nossos recentemente cantando “Across The Universe” dos Beatles e “Candy, Candy”, do Iggy Pop. Nesse meio tempo o Rafa me sugeriu fazer o clipe dessa música. A Pitty nem estava querendo lançar essa música como clipe, mas o Rafa disse a ela que eu faria a animação. Mandei então o roteiro, eles gostaram. Estou fazendo o clipe nesse exato momento. Só depende de mim para ele estrear, terminando ele uns três dias depois já vai rolar na MTV. Tenho o dia 15 de Outubro como data limite.



A Tarde On Line– E a turnê quando vem a Salvador?



Sérgio – Salvador pra gente é um porto seguro, é aquele lugar que quando a gente toca vê que as coisas estão indo bem. O Festival de Verão, que foi nosso primeiro show aí, nós não esperávamos aquilo. Achamos que era apenas para cumprir um trabalho, tocar no palco da nossa gravadora. Mas no show tinha até roda de pogo, teve uma fila enorme de pessoas falando com a gente depois do show, nos chamando pelo nome. O segundo show, no Rock in Rio, acho que foi o primeiro nosso que vimos todo mundo indo para um show nosso pra ver a gente, cantando todas as músicas. Atualmente, Recife e Salvador são as duas cidades onde temos maior público, mais até do que aqui em São Paulo. Talvez seja porque a gente toca muito aqui e pouco por aí (risos). Então a vontade existe, só precisa de fatores que cooperem nesse sentido, mas não há nada marcado.



A Tarde On Line– Nos shows de lançamento, vocês tiveram um convidado inusitado, o Tato, vocalista do grupo de Forró Falamansa. Como surgiu esse relacionamento?



Marco – Eu fiz um trabalho gráfico e acabei conhecendo o irmão dele, que me falou que o Tato gostava muito da gente. Daí, quando fizemos uma residência numa casa de shows aqui em São Paulo para lançar o “Seu Minuto, Meu Segundo”, ele apareceu, falou com a gente. Ficamos amigos de cara, ele entende muito de rock, tem um gosto musical muito parecido. Então, convidamos o cara pra tocar umas músicas com a gente e fizemos no show juntos “Faça Alguma Coisa” e “Where’s My Mind?”, do Pixies. O povo do rock é muito preconceituoso. Se não tivesse ficado legal não íamos fazer. Fizemos também com o DJ Rodrigo Nuts uma versão para nossa música “Moonshine” e da cover “É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo”, do Erasmo Carlos. Provavelmente vamos lançar essas músicas no nosso site em breve.

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