LITERATURA
Bel Mayer lança obra sobre experiência com bibliotecas populares
Lançamento acontece nesta quarta-feira, às 15h, na Biblioteca Central do Estado da Bahia

Por Israel Risan*

Acompanhada de integrantes da Rede de Bibliotecas Comunitárias da Bahia, a educadora e ativista social Bel Santos Mayer promove hoje uma roda de conversa intitulada “As comunidades periféricas e o direito humano à literatura”. O evento marca o lançamento do seu livro Parelheiros, Idas e Vi(n)das - Ler, viajar e mover-se com uma biblioteca comunitária, publicado pela Solisluna Editora. A programação acontece a partir das 15h, na Biblioteca Central do Estado da Bahia, nos Barris.
Parelheiros, Idas e Vi(n)das - Ler, viajar e mover-se com uma biblioteca comunitária traz um relato da experiência de Bel Santos Mayer, que é uma das responsáveis pela criação da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura (BCCL).
O livro, que é fruto do projeto de mestrado da autora, na Universidade de São Paulo (USP), aborda a importância da biblioteca para a transformação de realidades. Em seu trabalho, Bel busca a compreensão de uma realidade complexa ao cenário local.
“Meu livro fala dos encontros, trocas, das mobilidades que a literatura proporciona, dos nossos corpos que se movem, dos objetos como livros, das imagens, das fotografias, dos registros, mas também dos imaginários”, afirma. Para a autora, a principal motivação para a publicação é a possibilidade de circulação do texto fora da academia.
A educadora estuda como esse equipamento cultural comunitário desencadeou uma série de transformações, desde sua criação com presença ativa dos jovens, passando pelas formas de atuação e as práticas coletivas que têm o direito humano à literatura para todos como princípio norteador.
“Os sujeitos da pesquisa, além de mim, como pesquisadora, foram, principalmente, jovens vinculados à Biblioteca, mas também aqueles e aquelas que vencem muitos quilômetros para entrar em contato com esse mundo literário no extremo sul de São Paulo”, afirma. O livro recebe o Selo Emília, um selo independente de obras literárias e livros teóricos no campo de estudo da leitura que fomenta reflexões para os desafios da contemporaneidade, especialmente nas discussões em torno da formação de leitores.
Transformação
A Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura foi criada em 2008 por um grupo de jovens e pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), do qual Bel Santos Mayer é uma das coordenadoras. A autora vê a biblioteca comunitária como um espaço democrático, que possibilita o acesso, daqueles que não teriam condições individualmente, à leitura. “Esses jovens que não eram leitores se transformam em habituais leitores e mediadores da leitura, que levam a literatura para a universidade, pro campo de futebol, pra maternidade”, explica. Para ela, a leitura é, além de agente transformador da sociedade, um espaço de recreação, que pode estar no lugar de lazer.
O espaço foi instalado a 50 km do centro de São Paulo, em um cemitério de Parelheiros, região periférica rural do município. O local começou a atrair os olhares curiosos. “Um pouco pelo exótico, mas também pelo fato de ser articulada e mediada por jovens, quando no nosso imaginário os jovens não leem, muito menos jovens periféricos. Muitas pessoas, muitos corpos passam a nos visitar”, comenta Bel.
Bel Santos Mayer é educadora social e ativista da causa do livro, literaturas e bibliotecas. As ações de ativismo começaram com a alfabetização de crianças e adultos que não chegavam à escola, até que, ao observar a violência e mortes de pessoas muito jovens na localidade, se junta a alguns amigos para trabalhar na defesa dos direitos de crianças e adolescentes. “E não demorou para que o meu ativismo fosse voltado pra esse lugar onde os jovens perdiam a vida muito precocemente”, expressa.
Mestra em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo (EACH/USP), Bel coordena o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC) e é cogestora da Rede LiteraSampa. Ministra formações e tem artigos publicados nas áreas dos Direitos Humanos, Relações Raciais, Direitos das Crianças e Adolescentes e formação de jovens leitores.
Recebeu prêmios por sua trajetória nas bibliotecas comunitárias, entre eles: Retratos da Leitura no Brasil (2018); Estado de São Paulo para as Artes (2019); 67° Prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes na categoria Difusão de Literatura Brasileira; Prêmio Pessoa Inspiradora APF (2021) – Associação Paulista de Fundações.
Apesar de ter nascido e crescido em Santo André, no ABC paulista, a relação de Bel com a Bahia é sanguínea: seus pais são de Terra Nova, no Recôncavo. “Quando chego em Salvador, quando chego no Recôncavo, é um voltar pra casa, mesmo nunca tendo morado na Bahia”, conta. Para a educadora, fazer parte de uma rede nacional que reúne também bibliotecas comunitárias baianas a torna ainda mais próxima do estado.
*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.
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