CULTURA
Carioca Marina de La Riva mostra música cubana em SP
Por Agencia Estado
Criada durante a infância no meio do mato em Baixa Grande, distrito de Campo dos Goytacazes, no Estado do Rio de Janeiro, seria difícil imaginar que aquela menina, hoje com 31 anos, ia se enveredar para a música cubana. No caso de Marina de la Riva, apesar do ambiente ?rural? em que nasceu, isso foi natural. A facilidade com que passeia por esse gênero, pouco difundido no País, é observada em seu álbum de estréia ?Marina de la Riva? (Mousike/Universal), que ela apresenta hoje, no Bourbon Street, dentro do projeto ?Terça por Elas?, a preço ?popular?: R$ 30.
A esta altura, você deve estar se questionando como essa mulher, que nasceu no campo, se aprofundou no mundo da música cubana. A resposta é simples: as referências vieram ?geneticamente? de seu pai, que é cubano. Mas sua mãe também ajudou a fazer com que ela se apaixonasse pelo mundo da música. ?Eu já tinha uma vocação natural para música. Meu pai, principalmente, potencializou isso. Mas minha mãe também é muito musical. Ela gostava mais de jazz e ele de música clássica?, conta Marina.
Apesar de ter desenvolvido a vocação de forma natural, como ela diz, em 1994 Marina de la Riva optou por deixar as cantorias em casa e aperfeiçoar seu instrumento: a voz. Na época, veio para São Paulo estudar canto lírico, a qual se dedica até hoje, ?mesmo cantando popular?. Cinco anos depois de sua chegada na capital paulista, ela deu seus primeiros passos na noite, como cantora de banda de jazz. E foi aí que teve a certeza de que queria ser cantora. ?Percebi que queria viver de música. Até então, eu não vivia dela, eu vivia nela?, diz.
Mas Marina ainda não tinha se encontrado. Faltava definir melhor por qual caminho da música ela iria percorrer. Foi num show do veterano pianista cubano Bebo Valdez que a ficha dela caiu. ?Fiquei muito emocionada, porque eu percebi que aquilo que tava me tocando era uma história muito minha. Nesse momento clareou minha cabeça e entendi, no meio de toda aquela emoção, que meu repertório já estava formado, eu que estava procurando ele fora de mim?, explica.
O processo para montar seu projeto foi longo. Foram três anos e meio de garimpagem e de algumas idas a Cuba. O resultado, segundo Marina, veio de muitas pesquisas e de sua memória afetiva e auditiva. ?Foi um trabalho duro, porque tinha que ter olhos críticos sobre mim. Tinha música que eu gostava, mas ela não gostava de mim, da minha voz. E você tem que entender isso?, avalia.
Na hora de procurar gravadoras, entretanto, surgiu o entrave. ?Meu disco era muito diferente e ninguém vislumbrou a parte final. Recebi muitos nãos, mas que foram muito positivos pra mim, porque fui até o final com o meu conceito e fazer o que eu quis?, afirma. Percebeu então que o que precisava mesmo era de uma distribuidora e achou a Universal nesse meio tempo.
Repertório
Incluiu no repertório, entre outras, versões próprias para canções cubanas, como ?Juramento?, de Miguel Matamoros, e ?Drume Negrita" (Ernesto Grenet). Mergulhada na latinidade, Marina trouxe também novas roupagens para canções brasileiras. Em o que ela diz ter sido uma ?homenagem?, resgatou o clássico de Carmen Miranda ?Ta-hí?, onde contou com guitarra e arranjo de Davi Moraes. Deu força também ao samba de Dona Ivone Lara, em ?Sonho Meu?, com a clave cubana. Sempre de forma muito pessoal - original.
Nesse intercâmbio musical, entre Brasil e Cuba, Marina aproximou as duas culturas em ?Tin Tin Deo?, de Chano Pozo, incluindo ?Xote das Meninas?, de Luiz Gonzaga. Faz isso ainda em ?Ojos Malignos?. Nesta contou com a participação especial de ninguém menos que Chico Buarque. A parceria faz sentido, já que Chico é conhecedor admirador da música cubana. Mas como se conheceram? ?Um amigo em comum ouviu um pedaço do meu disco e aí conversando, sonhando alto, ele me disse que poderia apresentar meu trabalho ao Chico. Gravei e entreguei, sem botar muita expectativa. Até que ele me ligou e disse que o Chico tinha gostado muito do projeto e aí gravamos?, explica.
Hoje, com disco gravado e boas críticas colhidas, ao lembrar dos tempos em Baixa Grande, Marina avalia os resultados relacionados a uma certa teimosia, ou ?ousadia?, e atribui isso a seu signo: Áries com ascendente em escorpião. ?O lance é faca na boca e correr atrás?, observa. Mas a nova cantora do cenário da música brasileira traz também uma outra explicação: a sua verdade. ?A música quando tem verdade segue seu próprio caminho. Meu compromisso é com ela e continuarei, nos próximos passos, a ir nessa direção, no respeito com a música?.
Marina de la Riva. Bourbon Street. Rua dos Chanés, 127. Terça-feira (7), às 22h30. Entrada: R$ 30. Informações: (11) 5095-6100.
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