CULTURA
Casarão Barabadá abriga multiprojetos culturais no Santo Antônio Além do Carmo
Por Carolina Ferrari

Com foco na residência criativa e compartilhamento feminino, o Casarão Barabadá, idealizado por Daniela Amoroso, transcende o conceito de casa na cidade e leva o visitante a se sentir confortável como se estivesse em sua própia residência.
Após anos morando no Recôncavo, em 2012, a professora de dança da Ufba Daniela buscava no caos da cidade o aconchego do interior, quando se deparou com o casarão, de arquitetura ainda original, e a vizinhança artística que o Santo Antonio Além do Carmo proporciona.
Ela não teve dúvidas que tinha encontrado o lugar certo para morar. “É um bairro que arquitetonicamente parece o interior dentro da cidade, você sai na rua e dá bom dia para todo mundo, você conhece os vizinhos”.
Apesar da casa ser uma residência pessoal, ela começou a funcionar como espaço cultural. As atividades deram início com o projeto Samba no Quintal. A partir disso, projetos foram acontecendo, e cada vez mais houve o fortalecimento feminino.
Com a chegada de Bruna Teixeira, alagoana e autora do Maria Escombona, projeto ligado ao patrimônio artístico e cultural da Bahia, e Graciene de Ávila, historiadora e professora, à casa, foram acontecendo trocas de ideias sobre empoderamento e levaram o casarão a chegar ao conceito que se tem hoje.
Um dos últimos projetos do local foi o Corpo em Casa, que consiste em performances de dança contemporânea em que o espectador é testemunha de todo o processo experimental.
Com curadoria de Nirlyn Seijas, Thiago Cohen, Ana Brandão, Nefertiti e Charlene, as 12 obras cênicas se aliam à proposta do ambiente. A interação do corpo com a casa, o empoderamento feminino, fortalecimento da identidade feminista e arte-resistência foram marcas do programa que foi apresentado de julho ao início de novembro.
“Cada proposta pede a casa de um jeito, mas nós também ouvimos a casa para ver o que é possível, pois não queremos descontextualizar ou fingir que é um outro espaço”, diz Cohen.
Projetos atuais
Desenvolvido por Bruna Teixeira, o projeto Coentro Miudinho é uma espécie de menu voltado para o turismo. No programa, são promovidas várias oficinas com grupos pré-agendados com foco na tradição e na identidade brasileira, principalmente na cultura nordestina.
As oficinas ofertadas variam de gastronômicas, musicais e artesanais. Para Bruna, a importância do projeto se dá na conexão do turista com o ambiente. “Você deixa de ser um turista espectador para virar um turista que interage com a coisa“.
A pluralidade do local inclui também uma produção de cerveja artesanal. Porém, a bebida foge dos padrões convencionais e possui um conceito voltado para a luta feminista.
Produzida por Graciene de Ávila, o produto inicialmente era um hobby, sem maiores pretensões. Conhecida em bares da região e com a cerveja sem rótulo recebendo diversos elogios, Graciene decidiu transformar o que era apenas um lazer em um empreendimento.
Hoje, ela produz e comercializa a primeira da série que homenageia mulheres, a denominada Rosa Luxemburgo. A American Ipa possui em seu rótulo uma homenagem à mulher que leva o seu nome. “É uma cerveja feita por mulher, é uma cerveja feminista, é uma cerveja com um rótulo que traz essa proposta feminista.”
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