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CÊNICAS

Celebração e resistência

Ao celebrar 25 anos de carreira, Nando Zâmbia convida diversos artistas para criar coletivamente na Casa do Benin

Por Manoela Santos*

09/04/2025 - 9:15 h
Nando Zâmbia
Nando Zâmbia -

Um espaço de reflexão, trocas artísticas e muita celebração. É o que propõe o ator e iluminador Nando Zâmbia no evento Elegbapho – Território Afrocênico de Celebração Negra, que acontece hoje, a partir das 18h, na Casa do Benin.

Dentre os convidados, estão o ator Sulivã Bispo, a coreógrafa Tânia Bispo e o diretor musical Jarbas Bittencourt, além dos musicistas Jader Ryan e Talita Felício.

As trocas realizadas pelos convidados vão ajudar a construir o novo projeto da Zâmbia. Segundo o ator, o evento vai funcionar como um “sarau de ideias” que vão ajudar a nutrir a dramaturgia do seu mais novo espetáculo.

“Um sarau de perspectivas e um lançamento do que é esse projeto em 2025. A gente vai falar sobre a comunidade negra, seus avanços e suas colheitas”, explica Zâmbia

O encontro vai discutir sobre as mudanças para a população negra do Brasil durante a primeira Década Internacional dos Afrodescendentes, instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Além do evento de lançamento, realizado no dia 09, o projeto vai promover outros encontros em Salvador no mês de maio para reunir artistas, pensadores e expoentes negros e negras em torno da importância da celebração.

“Esse primeiro encontro é um contato de lançamento dessa ideia, para que outras pessoas possam contribuir nos próximos dois encontros”, afirma o idealizador do evento.

Celebração ancestral

Apesar de compreender que a população negra está longe da equidade racial e que a resistência ainda se faz necessária no processo de conquista e manutenção dos direitos, o autor também acha importante reconhecer os avanços.

“Preciso entregar ao mundo um bastão melhor do que eu encontrei, mas eu preciso entender o que foi que a gente avançou, para podermos deflagrar que vencemos algumas lutas, conquistamos vários direitos e aí precisamos dar outros passos”, afirma Zâmbia.

Para o artista, uma das formas de reconhecer as conquistas é através da celebração. “Nós chegamos em lugares de destaque e de liderança. Como é que a gente está se relacionando com isso?”, indaga o autor. “O nosso projeto fala sobre celebrar, sobre nos reunirmos, sobre estarmos em comunidade, tal qual nossos ancestrais”, completa Nando.

Ele ressalta que o projeto também é uma forma de comemorar seus 25 anos de dedicação à arte. “Esse projeto acaba sendo, inclusive, o meu projeto de vida. Ele se estabelece aos 41 anos de idade, mas com a celebração de 25 anos de carreira. Em 1999, no centro integrado Luiz Navarro de Brito, eu comecei a me relacionar com o teatro e isso mudou completamente a minha perspectiva de vida, porque a arte é a única coisa que te dá liberdade interna”, afirma o ator.

Paga para Exu

Nesses 25 anos de carreira, Nando, formado pela Universidade Federal da Bahia, já foi indicado como ator revelação ao Prêmio Braskem, em 2010, por sua atuação no espetáculo Dois Perdidos Numa Noite Suja. Com seu primeiro solo, Irumalé Ayê o artista circulou por Portugal, Itália, Alemanha e Grécia”. Esteve em cena em espetáculos como Sirê Obá - A Festa do Rei e Oxum, ambos do repertório do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas. Além de ator, Nando também realiza trabalhos como produtor cultural e iluminador.

Enquanto candomblecista, ele compreende que, no axé, todo pedido alcançado deve ser celebrado, pois a celebração é paga para Exu. “Estou com 25 anos de carreira e quero celebrar juntamente com Exu, que é o meu pai, o dono do meu ori”, afirma o artista.

O próprio nome do evento também presta uma homenagem para Exu. Elegbapho é a junção de Elegbara, orixá de cabeça do artista Nando Zâmbia, com a palavra ‘bapho’, que remete tanto ao calor do fogo – elemento desse orixá que simboliza vida e movimento –, quanto aos usos do termo para se referir a algo muito bom pela “pajubá”, linguagem criada pela comunidade LGBTQAPN+..

A música é parte fundamental de muitas celebrações e, no Elegbapho não seria diferente. O responsável por dar ritmo ao encontro é o diretor musical Jarbas Bittencourt, acompanhado pelos musicistas Jader Ryan e Talita Felício.

Jarbas não esconde a sua empolgação em fazer parte do evento e da construção dramatúrgica. “Eu acho que o evento vem sendo esperado por mim e por todos como aquilo que dá o primeiro tom. Aquilo que dá o ritmo, assim como o som dos primeiros atabaques a tocar. Vai ser incrível, como como um ponto de plantar essa energia inicial que vai nos mover até o processo findar lá na frente”, relata o músico.

Longa história nos palcos

A relação entre Zâmbia e Jarbas é antiga e começou quando o diretor musical teve contato com o grupo teatral NATA, do qual Nando é integrante há 20 anos. De lá para cá, Jarbas já criou várias trilhas sonoras de espetáculos para os quais Nando Zâmbia também fez a luz, a exemplo de Caetanear e Sirê Obá.

Bittencourt, assim como Zâmbia, valoriza o teatro como construção coletiva. “Eu entendo o teatro como um espaço de construção de diversas linguagens, sabe? Eu venho desse teatro feito dentro da sala de ensaio, onde eu posso trocar diretamente, não somente com o diretor, mas também com o coreógrafo, com o ator”, afirma Jarbas.

Além de diretor musical, outros artistas negros e negras de destaque na cena soteropolitana e nacional foram convidados para participar do projeto Elegbapho. Neste primeiro encontro, estarão reunidos o ator Sulivã Bispo, famoso por suas personagens femininas como Mainha, Kaiala e Koanza; a artista da dança Tania Bispo, que é mestre em Dança pela UFBA e pesquisadora do universo do Candomblé para a cena.

Para Zâmbia, a diversidade de linguagens artísticas é uma forma de garantir que outras perspectivas sejam trazidas para o espetáculo. É o que explica o idealizador do projeto: “Eu não posso criar uma dramaturgia a partir do que eu penso, do que eu acho – e sim, de uma coletividade que possa falar e trazer outras perspectivas, até porque, é uma pesquisa”, reforça Nando.

O projeto conta com o apoio do Rumos Itaú Cultural. A estreia do espetáculo está prevista para o fim de 2025 ou início de 2026, fruto da dramaturgia construída coletivamente durante os encontros.

Elegbapho – Território Afrocênico de Celebração Negra / Hoje, 18h / Casa do Benin (R. Pe Agostinho Gomes, 17 - Pelourinho) / Acesso gratuito

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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