DE ACAPULCO À BAHIA
Chaves invade Salvador com exposição histórica
Maior mostra do mundo celebra os 40 anos da chegada de Chaves no Brasil
Por Maria Raquel Brito*

Visitar o barril do Chaves, entrar na casa do Seu Madruga e finalmente descobrir como é a sala da Bruxa do 71. Os sonhos de quem cresceu assistindo ao seriado mexicano mais famoso do Brasil agora tomam forma na capital baiana em Chaves: A Exposição, maior mostra do mundo sobre a série. A exposição, que celebra os 40 anos da chegada de Chaves no Brasil, desembarca na capital baiana amanhã, no piso L1 do Salvador Shopping.
Os ingressos saem por R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira), e podem ser adquiridos no aplicativo do shopping ou no site Expo Chaves.
A Bahia é o primeiro estado do Nordeste a receber a mostra. A explicação é simbólica: há aqui o quarto maior número de fãs de Chaves no Brasil, de acordo com um levantamento do Grupo Chespirito, empresa responsável por gerir o legado e os direitos das criações de Roberto Bolaños – ou Chespirito –, a mente que deu vida ao seriado. O estado fica atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, respectivamente.
Com mais de três mil itens e 20 cenários distribuídos em um espaço de 1000m², a versão da mostra que chega a Salvador é uma das mais completas até agora. A nível de comparação, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a exposição teve apenas nove cenários, devido às limitações do espaço onde foi montada. Na capital baiana, a exposição é quase idêntica à que aconteceu em São Paulo.
“Tudo que nós podemos levar para Salvador, estamos levando. Todos os itens, todas as construções, os principais cenários, objetos históricos originais, a marreta do Chapolin, roteiros perdidos, inéditos que foram escritos pelo próprio Bolaños. Então, tem muita coisa legal, as pessoas vão poder passear, se divertir com a família, mostrar para os filhos, ter recordações com os avós, com os pais, com os netos”, diz Felipe Pinheiro, produtor executivo e diretor geral da exposição.
Por aqui, haverá também duas novidades especiais. A primeira é um audioguia que pode ser acessado através de QR codes distribuídos pelas salas da mostra. Além de ser essencial para tornar a experiência mais acessível, também nisso há uma pitada de afeto: “A explicação das salas é na voz dos dubladores originais da Chiquinha e do Seu Madruga. A gente gravou com eles no estúdio, então os visitantes vão poder ter a companhia da Chiquinha e do Seu Madruga narrando cada sala para eles ao visitar a exposição”, conta Pinheiro.

A segunda adição é uma sala imersiva de projeção, que mostrará imagens de bastidores e cenas inéditas de Chaves e Chapolin Colorado, autorizadas pela Televisa. Lá, o público terá acesso a cenas dos episódios de Acapulco e da viagem de Chapolin pelos planetas – que deu origem ao vídeo da música Os Astronautas, do episódio O Menino Que Jogou Fora os Brinquedos (1977).
Marianna Muniz, gerente de marketing do Salvador Shopping, conta que os estudos de possibilidades de trazer a mostra para Salvador começaram no ano passado, quando visitou a montagem no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, e se encantou com os cenários e com a qualidade da obra. Para ela, é marcante ver agora a concretização daqueles planos: abrigar a primeira parada de Chaves: a exposição no Nordeste.
“A expectativa é enorme. Os baianos têm demonstrado um carinho especial pela turma da vila, e a prova disso é que já foram vendidos cinco mil ingressos antecipados. O Chaves transcende gerações, marcando a infância de muitos e continuando a encantar famílias inteiras. Poder proporcionar essa viagem nostálgica e cheia de magia para o público baiano é realmente gratificante”, afirma.
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O caminho até o lançamento da exposição foi suado. Foram dois anos de preparações e aperfeiçoamentos, cujo resultado foi a maior exposição sobre Chaves até hoje, tanto em dimensão como em sensibilidade com os mínimos detalhes. A precisão é tanta que o produtor executivo lembra que, ao visitar a montagem de São Paulo, o ator Carlos Villagrán, intérprete de Quico, se emocionou com a semelhança entre o cenário construído na exposição e o lugar onde eles costumavam gravar.
Alguns dos itens são originais e vieram diretamente do México. Muitas coisas, porém, já não existem mais, uma vez que as gravações aconteceram há mais de 40 anos. Para essas, o jeito foi replicar, com o maior rigor possível. “Só para construir os cenários a gente demorou quase um ano, entre as validações e as aprovações dos consultores do México. As pessoas vinham do México para ver como estava ficando, para garantir que estava tudo igualzinho. Então, você vai entrar no restaurante da Dona Florinda, por exemplo, e vai ser igualzinho, com o mesmo prato, o mesmo copo, a mesma cadeira”, detalha Felipe Pinheiro.
Toda a pesquisa feita junto à família de Chaves – que significa o Grupo Chespirito e a família literal: isso porque o grupo é comandado hoje por Roberto Gómez Fernández, filho de Bolaños, e porque os idealizadores da mostra fizeram questão de consultar os familiares de outros atores a cada passo da concepção. Com atenção dos consultores mexicanos a cada detalhe, o sinal verde só vinha quando estava tudo perfeito.
“A gente tem os figurinos que não são os originais, nesse caso, porque muitos figurinos se perderam, mas a gente pegou todos os desenhos originais que foram feitos pelo próprio Roberto e um figurinista nosso fez e homologou tudo no México. Todos eles são aprovados, eles são idênticos. Os bonecos em 3D também foram todos homologados por todas as famílias dos artistas que já faleceram e que hoje a família cuida dos legados. Todos eles aprovaram tudo: os bonecos, os figurinos, as fotografias inéditas, eles nos deram do acervo para usar”, afirma o diretor.

Um dos toques mais especiais da mostra fica por conta do artista urbano paulista Luis Bueno, também conhecido como Bueno Caos. Autor da série Pelé beijoqueiro, ele confeccionou uma peça exclusiva para a exposição, em que o rei do futebol abraça Chaves e beija sua bochecha, num aceno ao amor de Bolaños pelo esporte e por Pelé, a quem se referia como um ídolo.
A obra, feita em técnica de lambe-lambe – colagem de papel sobre diferentes tipos de superfícies –, é refeita por Bueno a cada nova cidade da exposição. Segundo o artista, a visão do encontro entre Chaves e Pelé veio sem dificuldade à sua mente ao receber o convite para produzir a arte.
“Na hora eu visualizei, porque era um encontro que certamente deveria acontecer na série. O Chaves é um personagem muito querido, e tem essa relação muito forte com o futebol também. E o Pelé tem também uma relação muito forte com o México, por conta da conquista do tricampeonato no México em 1970 e tal, então é uma troca muito interessante e foi uma felicidade poder produzir essa peça”, comenta.
A série Pelé Beijoqueiro surgiu como uma manifestação artística para as ruas. De acordo com Bueno, mesmo que esteja presente hoje em mostras e galerias, a essência da sua arte está na rua, e isso também conversa com Chaves. “O Chaves é um personagem muito urbano, está ali circulando entre as casas, mas a maior parte dos episódios se passa no pátio, um espaço entre a rua e a casa. Eu acho interessante essa relação do lambe-lambe e do seriado com o ambiente urbano”.
O mexicano mais brasileiro

Por quatro décadas, Chaves e sua turma acompanharam gerações de brasileiros, que tinham com ele um compromisso marcado todos os dias, no horário do almoço. Roberto Bolaños sabia bem dessa paixão brasileira pelo Chaves e por ele mesmo, que em uma ocasião chegou até a dizer que acreditava não merecer. Mas, merecia, sim. Prova disso é o carinho que sempre deu de volta para os telespectadores do país, e os personagens com os quais nos presenteou ao longo de décadas.
Esses personagens e a trajetória do próprio Bolaños para construí-los também têm um lugar especial reservado na exposição. Quem visitar, vai se deparar logo no início, nas duas primeiras salas, com a história de Chespirito: do nascimento à criação de seus personagens, passando por curiosidades como a origem do apelido Chespirito e a paixão que ele nutria pelo futebol.
“Ele, ao longo da vida, criou 14 personagens, então a gente conta a história de todos os personagens e daí para frente já começa a contar a história de Chapolin. As pessoas vão entrar na vinheta de abertura, que tem aqueles corações, vão ver o Chapolin Colorado, vão encontrar a marreta dele, vão encontrar história, os inimigos, o Super Sam, o Racha Cuca. E depois, trazemos o Chaves. Todo mundo ama Chaves, todo mundo já viveu com Chaves. É por isso que a gente costuma dizer que ele é o mais brasileiro dos mexicanos”, diz Felipe Pinheiro.
Chaves: a exposição / A partir de amanhã até 18 de maio, de terça a sexta-feira, das 14h às 21h; sábado, das 13h às 21h; domingo e feriado, das 13h às 20h / Piso L1 do Salvador Shopping (acesso Caixa Econômica) / R$ 30 e R$ 15 / Vendas: no aplicativo “Salvador Shopping” ou através do site expochaves.com.br
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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