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NATA AFROBAIANA

Coletânea ‘Mundo Afro’ traz sete blocos de Salvador

Registro inestimável é produzido por Alê Siqueira

Por Glaucia Campos*

24/02/2025 - 5:00 h
Malê Debalê
Malê Debalê -

Cortejo Afro, Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê, Muzenza e Didá: sete dos principais blocos afros e afoxés de Salvador, se reuniram para gravar o álbum Mundo Afro, que chegou às plataformas de streaming desde a última terça-feira (18). Com 21 faixas – três para cada grupo –, a coletânea traz um panorama do universo percussivo afro-baiano com as sonoridades e identidades de cada um.

A produção musical é assinada por Alê Siqueira e a obra também terá uma edição limitada em vinil duplo, com lançamento previsto para maio. A data escolhida para disponibilizar as canções nos streamings coincide com o aniversário de 76 anos do Afoxé Filhos de Gandhy e também com o ano em que o Ilê Aiyê, primeiro bloco afro fundado no Brasil, completa 50 anos de existência, além da celebração dos 40 anos da axé music.

Para Siqueira, o encontro dessas datas foi uma feliz coincidência que deu um significado especial para a consolidação de um desejo antigo de reunir essas entidades. “Quando eu cheguei na Bahia, há 25 anos, comecei a trabalhar com esse universo percussivo. Fiz muita coisa, inclusive já trabalhei isoladamente com o Ilê e outros. Mas sempre com essa minha vontade de fã da sonoridade dos blocos afro da Bahia, de tentar fazer uma antologia que fosse um panorama dessa produção contemporânea deles”, comentou.

O conceito do álbum foi pensado de forma conjunta com os blocos para trazer canções que não fossem apenas regravações, mas também fossem inéditas e tivessem um elemento marcante: o encontro das percussões afro-baianas com as vozes. O produtor musical afirmou que foi apenas “facilitador” do processo: decisões como a escolha das faixas e a forma como cada um colocou sua marca foram feitas pelos grupos. “O que a gente tem é esse encontro das percussões com as suas polirritmias, com a diversidade toda e pluralidade que tem nos sete blocos, porque cada um tem a sua própria linguagem. Os toques, as convenções particulares”, acrescentou.

Música Viva

O álbum traz uma riqueza rítmica com as variações de cada bloco, como o samba reggae, samba merengue, samba afro, samba mambo e também as influências dos toques do candomblé. Além de trazer canções com temáticas de teor social e político, reforçando a resistência cultural dessas instituições. As canções aparecem em ordem alfabética, uma escolha para garantir que ninguém seria priorizado em detrimento do outro. “Aí eu fui vendo porque cada um dos blocos tinham três músicas e tentar criar esse diálogo, artístico, estético”, explicou Siqueira.

Mundo Afro traz três canções de cada grupo: o Afoxé Filhos de Gandhy apresenta Dandarerê, Axé, Paz e Amor e Alfazema; o Ilê Aiyê interpreta Filhos do Barro Preto, Nzinga Brasileira e Matriarca do Curuzu. O Olodum traz as canções Dumdum O Pulso Toque do Olodum, Olodum Firme na Estrada e Olodum Fulalá. O Muzenza interpreta as canções Negro lindo, Jah Jah Muzenza e Grito de Liberdade; A banda Didá contribui com as faixas Neguinho Afrofuturista, Uma Nega e Didá Mulher Guerreira. Enquanto o Cortejo Afro trouxe do seu repertório Ajeumbó, Reza Benzedura e Simpatia e Yabás. O Malê Debalê traz Que diz meu povo, Sorri Negão e Negros Sudaneses.

Cláudio Araújo, presidente do Malê Debalê, comentou que a escolha das canções do bloco que iriam participar do disco foi feita de forma consensual. “Fizemos reuniões com a nossa diretoria numa plenária e identificamos que como era uma vontade muito grande gravar um LP, que a gente fizesse isso com canções históricas do bloco, com verdadeiros hinos. E aí tivemos a oportunidade de gravar duas músicas do primeiro e do segundo ano do Malê e uma música mais recente”, explicou.

Ao comentar sobre o resultado final do disco, Cláudio afirmou ter ficado feliz com as sonoridades e com a importância da união dos blocos. “Eu sentia falta da famosa marcação aro 24, onde a gente sente a pulsão a qual nos conduz a dançar, que se parece muito com a pulsação, com o batimento do coração. E o Alê soube colocar isso nas gravações. No que diz respeito ao Malê, é muito emocionante você ver uma música que cantamos lá na década de 1980 toda repaginada, e com uma pulsação muito bonita, de um grave, que faz com que as pessoas se balancem, que as pessoas dancem. Eu acho que quando se grava um LP desse, a gente tá dizendo assim, ‘ó, nós estamos vivos e agora é olhar para frente e é seguir’”.

Som em movimento

As gravações do Mundo Afro foram feitas ao ar livre, na sede do Malê Debalê, fazendo um som próximo a natureza dos blocos de tocar em locais como a rua e a Avenida no Carnaval. Para Cláudio, a gravação em conjunto também simboliza a união dos blocos por um mesmo objetivo.

“A gente precisa estar dando as mãos uns aos outros porque lutamos pela mesma causa. No Malê Debalê, a gente também vê esse processo como um pólo, uma indústria, se tem os blocos afro de Salvador unidos, isso vai trazer uma visibilidade muito maior para a Bahia, para o Brasil. Para mim é uma satisfação imensurável, ter conseguido trazer esses blocos para nossa sede e gravar junto”, afirma.

Para o produtor Alê Siqueira, Mundo Afro simboliza também que os blocos afro baianos estão sempre em movimento e se atualizando. “Às vezes as pessoas acham que os blocos estão num lugar da tradição e ponto final. Existe obviamente todo um laço baseado na tradição, todo um fundamento, mas em constante evolução, em todos os níveis, da melodia, dos ritmos, das polirritmias, dos arranjos todos sofisticados da percussão e das temáticas das letras. Então, não é – eu acho um equívoco, quando se pensa, né, que esta sonoridade, este universo dos blocos está parado no tempo. Como qualquer manifestação artística, tem sempre movimentos, a música é muito viva, a arte tem que ser viva, tem que estar sempre se renovando, se reinventando. O que falta é a gente conseguir viabilizar mais produções como essa, porque repertório tem muito, eles compõem muito, eles tão sempre na ativa”, conclui Alê.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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