CULTURA
Coletivo baiano leva para os palcos espetáculo infantojuvenil
Espetáculo alerta para uso excessivo das telas eletrônicas na infância
Por Eugênio Afonso
Uma reflexão atual sobre o uso massivo dos aparelhos eletrônicos na infância, e em defesa da arte e da literatura como espaços importantes para o desenvolvimento socioeducativo das crianças.
Esta é a sinopse do espetáculo infantojuvenil Histórias do Mundão, que estreia hoje, às 16h, no Espaço Boca de Brasa Cidade Baixa - Sesi Casa Branca (Caminho de Areia). A montagem fica em cartaz até 24 de janeiro, é gratuita e integra a programação do Curto Circuito das Artes, um projeto da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador.
Amanhã, a peça ainda acontece no Sesi, em duas sessões – 11h e 16h –, e no dia 24 será encenada no Espaço Boca de Brasa Subúrbio 360º, às 15h, em Coutos. Tem ainda uma vivência teatral para crianças de 5 a 12 anos, no dia 25/01 (sábado), das 13h às 17h, no Espaço Boca de Brasa Valéria.
Com direção artística da atriz soteropolitana Manu Santiago (O Rabo e a Porca) – que integra o elenco ao lado da iraraense Ana Mendes (Os Cegos) –, em parceria com Rino Carvalho, que também assina o figurino, Histórias do Mundão é uma realização do coletivo Chegança Atelier Cultural.
“O espetáculo foi construído por mim e por Ana com o propósito de estimular a literatura, a palavra oral, através da contação de histórias, do teatro, da palavra escrita, usando o objeto que a gente tem em cena, que é o livro físico. Queremos estimular visualmente a leitura, com ludicidade, claro, com muita teatralidade e música. É também sobre o uso excessivo, desenfreado e desequilibrado das telas”, conta Manu.
Para Ana, a ideia da peça é enaltecer o prazer e a importância da leitura no universo infantojuvenil através de histórias que narram a diversidade brasileira. “Nosso espetáculo é um respiro de magia em contraponto ao mundo cibernético que nossa garotada se vê mergulhada”.
O público vai encontrar em cena muito teatro, ludicidade, música ao vivo e palhaçaria. “É um espetáculo extremamente mágico, envolvente, e não só para crianças. A gente costuma dizer que faz teatro para as infâncias, que são crianças de zero a 100 anos. A criança não vai sozinha ao teatro, ela tem que ir com pai, mãe ou algum adulto responsável, e a gente também precisa fisgar esse adulto”, esclarece a diretora.
Meninas sonhadoras
Indicado ao 28º Prêmio Braskem de Teatro da Bahia (2022), nas categorias Melhor Espetáculo Infantojuvenil e Melhor Direção, Histórias do Mundão parte das aventuras de duas irmãs que, cansadas de olhar o mundo através das telas, decidem que é hora de conhecer o diferente.
Num mergulho sobre as palavras, a poesia e a musicalidade, elas embarcam em uma aventura mágica pelo mundo da leitura e da contação de histórias, defendendo a importância do hábito de ler como exercício para o respeito à diversidade.
Manu vive Tina, irmã gêmea de Kekeu, personagem de Ana Mendes. “Ela é uma menina, uma sonhadora que sempre teve sonhos no peito, no estômago e no olho. É mais serelepe, mais enérgica, fala rápido, tem grandes ideias, acha que sempre tem que estar à frente e é uma menina espivitada, né?”, detalha Manu.
Já Kekeu é uma menina que ama estar junto ao seu violão. “Brincando com os acordes e as palavras, a música é o seu modo de expressão, e é através dela que a menina consegue mostrar seu brilho para o mundo”, explica Mendes.
Ambas defendem a importância de educar as crianças para o entendimento de que os excessos são prejudiciais e podem construir vícios e desequilíbrios emocionais. Que o mundo virtual, o excesso das telas, por si só já é danoso para a formação de um adulto minimamente saudável.
E por mais que as telas estejam cada vez mais presentes no cotidiano das crianças e dos jovens, quando eles estão em contato com o teatro e a arte, conseguem acessar um outro caminho.
“Então, a gente acredita que a redução, o equilíbrio, na verdade, é importante e através da arte, que é uma ferramenta de construção social, de pensamento social. Que ela seja importante para conectar o mundo das infâncias, com esse pensamento do equilíbrio das telas”, argumenta Manu.
Nas últimas décadas, muitos estudos têm apontado para os malefícios do uso excessivo dos aparelhos eletrônicos. A ansiedade, a irritabilidade e, até mesmo, retardamentos cognitivos, vêm sendo citados como sérios problemas detectados, sobretudo na geração plugada.
“A virada está, justamente, em compreender de que modo nós, adultos, podemos contribuir para que esses eletrônicos (que estão aí e irão continuar por aí) possam ser utilizados por nossas crianças de uma maneira inteligente e saudável”, conclui a atriz Ana Mendes.
Histórias do Mundão / 18 de janeiro, às 16h , e 19, às 11h e 16h / Espaço Boca de Brasa Cidade Baixa - Sesi Casa Branca (Av. Caminho de Areia, 1454) / 24 de janeiro, às 15h / Espaço Boca de Brasa Subúrbio 360º (R. da Paz, S/N – Coutos) / Gratuito
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