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MODA

Como o Barbie Core se tornou um fenômeno e estilo de vida

Saiba como a tendência influenciada pelo filme da Barbie está tomando conta do universo da moda

Por Felipe Sena

15/07/2023 - 6:00 h | Atualizada em 16/07/2023 - 16:26
Cáah Pinkie com sua Barbie Curvy
Cáah Pinkie com sua Barbie Curvy -

Rosa. Essa é a cor do momento. Em suas várias tonalidades, do pastel ao rosa-choque, a cor pode significar tranquilidade como também otimismo e alegria, de acordo com a Psicologia das Cores. O rosa-choque, inventado pela designer italiana Elsa Schiaparelli em 1931, obtido através de magenta com pequenas quantidades de branco, foi a cor predominante no desfile de Outono Inverno 2022/2023 da Valentino na Semana de Moda de Paris, momento de efervescência no pós-pandemia. No entanto, o filme da Barbie, que estreia na próxima quinta-feira, 20, nos cinemas de Salvador, trouxe consigo uma vasta paleta de tons de rosa e fizeram a cor invadir as vitrines de todas as lojas.

De acordo com dados do Pinterest, em maio deste ano, aumentaram 980% e 1.920%, respectivamente, as buscas mundiais pelos termos “Barbie Core” e “Moodboard Barbie”, em comparação com o ano de 2022. Na moda, o levantamento feito pelo app mostra uma alta de mais 485% do termo “Look Temático Barbie”, mais de 70% de “Botas Cowboy Rosa Pink” e mais de 145% por “Look Rosa Pink Salto Plataforma”. Já na decoração, as buscas por “Quarto Estética Barbie”, tiveram um aumento de 500%.

Para chegar à tonalidade ideal para a casa da Barbie no live-action, a decoradora Kate Spencer e a designer de produção Sarah Greenwood testaram mais de 100 variações de rosa. A ideia era chegar à artificialidade que remete a franquia dos filmes da Barbie. Em entrevista ao site Architectual Digest, a diretora do filme, queria que o rosa fosse brilhante. O uso da cor causou a escassez da tinta rosa fluorescente da marca Rosco.

Para os fãs da boneca, gostar de Barbie é muito mais do que cor ou estética, mas sentimento. A empresária e cosplayer, Cáah Pinkie, de 26 anos, levou a ficção para a vida real. Na sua foto do perfil no WhatsApp está usando o look da Barbie Cowgirl, já as vendas, em que Margot Robbie, atriz que interpreta Barbie no novo filme, aparece em um momento do trailer, divulgado pela Warner Bros, de calça flare, colete e bandana rosa, e bota e chapéu branco.

Cosplayer desde os 15 anos, Cáah diz que é com esse look que vai comparecer à sessão do filme no cinema na próxima sexta-feira, 21. Inspirada pela relação afetiva com a Barbie, Cáah criou um grupo no WhatsApp que já reúne mais de 70 pessoas para um encontro um dia após a estreia do filme, no Shopping, para tirar fotos e ver o longa e claro que é obrigatório o uso da cor rosa.

Imagem ilustrativa da imagem Como o Barbie Core se tornou um fenômeno e estilo de vida
| Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

“Neste mundo [cosplayer] sempre foi feito encontros para a estreia de filmes de super heróis em geral e como sempre fui fã da Barbie, quando vi a estreia, pensei: ‘esse é o momento". Depois disso, em fevereiro, Cáah começou a tentar reunir pessoas através de convite por mensagem no Instagram e divulgação em alguns grupos, mas sem sucesso. “Quando chegou próximo da estreia do filme da Barbie, que várias tendências estão em alta, Barbie e a cor rosa estão dominando tudo, mudou”, diz.

Cáah tem uma coleção de mais de 50 Barbies, entre Barbies Playline, voltada para crianças, outras específicas para colecionador e outras lançadas há anos atrás, que atualmente tem um valor maior. “Coleciono Barbies desde os meus 10 anos e sempre foi uma paixão. Com essa idade, ganhei uma Barbie e disse: ‘não vou tirar essa da caixa’. Eu comecei a brincar cada vez menos, porque eu deixava dentro da caixa e expostas. As que estavam fora da caixa, eu personalizava”, afirma.

Apesar de não ser colecionadora, a estudante de Nutrição pela Uneb, Quezia Rios, de 21 anos, também tem relação e memórias afetivas da infância relacionadas à Barbie. “Eu tinha algumas bonecas da Barbie, a casa dela, eram meus bens preciosos. Cuidava delas como se fossem minhas filhas”, diz. Além disso, Quezia relata que sempre que visitava o avô, que sabia do seu amor pela boneca, ele deixava um filme gravado em seu computador. “Sempre que ia na casa dele, tinha um filme novo da Barbie para ver. Eu cresci com os filmes”.

Quanto mais rosa, melhor!

Para quem tem uma relação com a Barbie é quase imprescindível gostar de rosa. Cáah, que também é estudante de Artes Visuais pela UFBA diz que a boneca não foi o principal fator para gostar da cor, pois sempre esteve presente na sua vida, principalmente pelas referências, como a Sharpay do longa “High School Music” , e do filme “Meninas Malvadas”, mas ainda assim, afirma que sua grande referência é a Barbie. “Faz parte da minha poética, eu sempre trago nas minhas obras, nos quadros que eu pinto, sempre trago a cor rosa, principalmente relacionada a mim mesma. As coisas do universo da Barbie fazem parte do que é intrínseco a mim”, explica.

O guarda-roupa de Quezia, que vai comparecer à estreia de saia e blusa rosa, fala por si só. A estudante de Nutrição diz que cerca de 70% a 80% do seu dress-code é rosa. “A maioria das minhas peças são na cor rosa ou tem detalhes rosa e não só peças de roupa, como acessórios e material da faculdade. Qualquer coisa que eu for comprar, se tiver a opção em rosa, eu vou comprar”. Quezia diz que a relação com a cor vai além do vestir. “A cor não é apenas estética, mas uma espécie de conforto. É uma cor que faz eu me sentir confiante, como se eu pudesse conseguir tudo o que eu quisesse”, conclui.

Imagem ilustrativa da imagem Como o Barbie Core se tornou um fenômeno e estilo de vida
| Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

No entanto, o uso da cor rosa muitas vezes é socialmente atrelado à infância feminina, e por isso, Cáah já teve receio de ser julgada no mercado de trabalho em que atua, mas pondera que não deixou de ser fã e colecionadora nesse período. “Chegou um momento em minha vida que eu comecei a sentir a necessidade de ser levada a sério e me vestir de uma forma que as pessoas esperassem que eu me vestisse. Teve uma época que eu só vestia preto, cores mais fechadas e maquiagem forte. Tudo porque eu queria me encaixar no meio que eu estava. Eu achava que ninguém me levava a sério”.

A estilista Diana Von Furstenberg diz: “Se há uma regra, para se vestir, para a moda, é basicamente a mesma regra que para tudo na vida: não vá contra a si mesma, não vá contra a sua própria natureza. Isso ficará evidente”. Por isso, após a pandemia e questões internas, Cáah decidiu se libertar, processo que já vinha acontecendo quando pintou as mechas do cabelo de rosa, o que seu pai não deixava quando era criança.

Ressignificação da Barbie

Por muitos anos a falta de diversidade de Barbies foi questionada. Loira, alta, olhos azuis e magra. Esse sempre foi o padrão de beleza propagado pela boneca que influenciou a infância de tantas crianças. Contudo, a inserção da boneca no mercado de trabalho, mostrando que há possibilidade das mulheres serem o que quiserem, a torna também um símbolo feminino progressista. “A Barbie foi a boneca que trouxe a realidade de que podemos ser astronautas, presidente [como o novo filme em que há uma Barbie negra com este cargo], aeromoça, veterinária, doutora, artistas”.

No primeiro teaser de lançamento de “Barbie The Movie”, é possível ver Margot Robbie em tamanho descomunal, usando um vestido listrado branco e preto, como ressignificação do maiô usado pela primeira Barbie, lançada em 1959, e meninas, deixando suas bonecas bebês de lado. “Antes as bonecas limitavam a mulher a ser uma dona de casa. A Barbie veio mudar tudo”, diz Cáah.

Para Quezia, a inspiração na aparência da Barbie lhe transmite confiança e eleva sua autoestima. “Quando era criança, queria ser a Barbie, porque ela fazia tudo e podia ser o que quisesse. A Barbie me mostrou que ela pode ser super feminina, usar rosa, brilho e ainda conseguir o que ela quiser e ser melhor que muitos homens. Isso sempre me passou empoderamento”.

Em entrevista ao PORTAL A TARDE, Gabriela Lira, estilista e pesquisadora autônoma de História da Moda, disse que “a Barbie desde sua origem foi criada para que as meninas pudessem brincar e projetar nas bonecas o que elas quisessem ser quando adultas, se elas quisessem ser modelos, estilistas, cirurgiã, astronauta”. No entanto, pondera que “na vida real não somos bonecas”.

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Uma publicação compartilhada por Gabriela Lira (@blondevennus)

“O filme tem tudo para tratar do tema de igualdade de gênero, que é muito complexo, de uma maneira muito leve, divertida, para que as meninas entendam que o mundo ideal não é um mundo onde homens mandam e mulheres mandam, mas na verdade é a igualdade, é os dois convivendo da forma mais pacífica possível”, completa.

Além da quebra de paradigmas em relação ao papel da mulher na sociedade, há maior diversidade em relação à cultura, cor de pele e outras características das bonecas. Cáah tem uma Barbie do modelo Curvy, que segundo ela é uma de suas preferidas, chamada carinhosamente de “Barbie Eu”, pois tem características físicas que se assemelha às suas. “É uma boneca gordinha, tem o cabelo rosa, o rosto mais redondinho. Isso para mim foi incrível e eu comecei a entender a importância de todas as outras Barbies que tem dentro dessa coleção [Barbie Fashionista]”, afirma. Em 2020, a Mattel criou a linha Barbie Fashionista, com Barbies e Ken de diferentes corpos, a Barbie latina, pequena, esguia, mais magra, entre outras características.

Cáah, que quando criança queria ser amiga da Barbie ou até mesmo a própria boneca diz que foi importante se ver refletida em sua referência. “Minha irmã, de 5 anos, estava vendo um desenho da Barbie, e disse: ‘mãe, Carol está nesse desenho’. Na época eu tinha o cabelo rosa. Eu só faltei chorar, porque percebi que estava sendo representada dentro de um desenho da Barbie”, relata.

Imagem ilustrativa da imagem Como o Barbie Core se tornou um fenômeno e estilo de vida
| Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Além da representação, Cáah diz que o caráter da Barbie nos filmes, também é algo que a inspira e se assemelha com a sua personalidade. “É uma pessoa com um caráter maravilhoso, com empatia. Ela é muito amiga, parceira, coloca as necessidades dos amigos acima das dela, o que nem sempre é bom. Acabei absorvendo muito depois de ver a Barbie”, diz.

Mas afinal, o rosa é da Barbie e feminino?

O rosa muitas vezes é vinculado a meninas, diferente do azul, que já é relacionado ao sexo masculino, mas segundo a estilista Gabriela Lira, historicamente, a cor era usada por bebês meninos. Foi por volta da década de 1950 que o rosa começou a ser atrelado ao universo feminino, por causa do pós-guerra.

De acordo com Gabriela, durante a Segunda Guerra Mundial, a cartela de cores era sóbria, porque em alguns países houve falta de pigmento e não era fácil conseguir a cor. Quando a guerra terminou, as mulheres começaram a usar tudo que não podiam antes, como o rosa. “O filme da Barbie tem várias referências à moda de 1950, porque a Barbie foi lançada em 1959, quando a cor rosa era totalmente associada ao sexo feminino”, explica.

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Uma publicação compartilhada por Maria Landeiro (@cronicasdamoda)

Como usar o rosa nos looks?

O Portal A TARDE conversou com a jornalista de Moda, youtuber e influenciadora digital, Maria Landeiro, que deu várias dicas sobre como usar o tom de 2023. Confira abaixo:

Pra quem não é fã da cor - “Um bom truque é apostar em tons menos vibrantes da cor, indo para um rosa mais escuro, puxado para o magenta. Vale também investir em acessórios na cor, como bolsa, sapato, lenços e brincos”.

E no trabalho? “Para o trabalho depende do tipo de formalidade que o ambiente exige. Sendo um ambiente mais formal, vale apostar no monocromático que sempre deixa o look mais elegante, especialmente quando falamos de uma cor que não é sóbria como o rosa”.

Ponto de luz - “O lenço é uma boa opção porque dá para usar de várias formas: no pescoço, no cabelo, na bolsa, e até como cinto”.

Monocromático - “Para um visual mais arrumado e elegante, o ideal é fazer o monocromático todo no mesmo tom de rosa, mas se a proposta for mais descontraída, vale misturar tons dessa cor”.

Além do look - “Maquiagem e esmaltes são ótimas opções. Hoje existem diversas inspirações de nail arts, das mais minimalistas às mais criativas, com essa cor. No caso da make, vale apostar no batom rosa, mas para quem gosta de um blush ou sombra mais rosados também são uma boa pedida”.

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Tags:

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