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01/10/2024 às 2:00 - há XX semanas | Autor: Elis Freire*

CULTURA

Confirmado no festival ‘Radioca’, Giovani Cidreira lança single inicial de projeto

Giovani Cidreira interpreta sambas de Ederaldo Gentil; rapper Vandal participa

Imagem ilustrativa da imagem Confirmado no festival ‘Radioca’, Giovani Cidreira lança single inicial de projeto
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Feira do Rolo foi composta há quase cinquenta anos pelo sambista, ourives e relojoeiro Ederaldo Gentil em Salvador. Outro soteropolitano, Giovani Cidreira conheceu o trabalho de Ederaldo Gentil ainda adolescente e resolveu se aventurar como intérprete, construindo versões de suas músicas que se tornarão um álbum e um documentário audiovisual.

O pontapé inicial foi justamente o single Feira do Rolo, com participação do rapper, também soteropolitano, Vandal. Costurando essa trindade de vivenciadores de Salvador ao longo do tempo, a faixa renova, com delicadeza e minúcia, a canção do sambista tão admirado. O cantor e compositor Giovani Cidreira, conhecido por suas canções autorais entre a MPB setentista, o indie e o pop, agora busca sua voz na interpretação.

O combustível foi a admiração e identificação, por alguém que segundo o cantor, compositor e performer, tem uma samba diferente que o leva para lugares profundos. E remexe dentro.

“O samba dele é diferente. A poesia dele é diferente. Os acordes são diferentes. Tem muita profundidade no que ele faz, ele abre espaço pro mistério. A poesia é muito bem trabalhada na métrica e ele é muito minucioso esteticamente. Ederaldo Gentil foi relojoeiro e parece realmente que ele está mexendo nas engrenagens, em cada detalhe pequeno”, observa Cidreira.

“O que me identifica nele é um espaço de profundidade e memória muito forte. Mesmo nas músicas alegres, tem uma coisa triste também. Eu gosto de ouvir música que não é inofensiva. Ele é um artista atemporal, parece que ele escreveu as músicas ontem”, completa o artista.

Feira do Rolo atemporal

Sucesso na voz de Alcione, Feira de Rolo é um samba que explora as vivências nas feiras de Salvador, que já movimentavam a cidade na década de 1960, quando o compositor Ederaldo Gentil era um jovem adulto. A versão de Giovani Cidreira, em single, chegou às plataformas no último dia 19, expressando outras nuances e musicalidades na canção que ganhou versos compostos por Vandal. A faixa tem produção musical de Mahal Pita e Filipe Castro, e direção musical da dupla junto a Giovani.

“Eu gosto muito do que a gente fez com a música Feira do Rolo. A proposta dos sons da feira de Filipe Castro abraçou muito a identificação com Salvador que tenho hoje. Toda vez que eu passo tempo longe de Salvador, eu fico mais apaixonado. Então, essa música Feira do Rolo entra no repertório e, junto às outras músicas, acabou mudando um pouco a vibe do disco. Ele perdeu um pouco essa característica mais nebulosa e triste para ser uma coisa mais afirmativa e solar”, explica Giovani.

A música fará parte do novo álbum, ainda sem nome divulgado, com previsão de lançamento ainda para este ano. Formado apenas por composições de Ederaldo Gentil, o trabalho apresenta uma face diferente do trabalho de Giovani Cidreira, que é fã do sambista desde a adolescência.

“Eu tinha 16 anos mais ou menos, quando ouvi Ederaldo Gentil pela primeira vez. O que me chamou a atenção foi a vazão da música O Rei. Logo de cara eu fiquei apaixonado pela música e eu não consegui mais parar de ouvir. O tempo foi passando e eu fui descobrindo outros discos e outras canções dele. Eu sempre cantava e ouvia ele e a minha produtora me deu essa ideia boa de fazer esse disco. Depois também veio a ideia de rodar um documentário sobre a história do cara, já que eu gostava tanto”, relata o cantor e compositor.

Então, surgiu o projeto Identidade: Giovani Cidreira canta Ederaldo Gentil. Mergulhar na interpretação, sem o compromisso de compor, mas com a liberdade de criar novas versões abriu os olhos de Giovani Cidreira para novas possibilidades de expressão.

“Eu sempre achei que a música que ele fez foi uma coisa muito perfeita e estava tudo pronto, eu só fiquei com vontade de que a música fizesse pessoas mais jovens terem mais vontade de ouvir. Por isso, trouxe esses arranjos que surgiram de uma maneira muito natural, sabendo que a gente não ia trazer só samba”, afirmou o artista.

“Foi uma coisa bem diferente também para mim fazer composição de versão, mas eu sabia que tinha que ser sempre uma coisa muito minimalista e alegre, principalmente para essa música”, completa.

Trindade Soteropolitana

Para completar o enlace de referências em Feira de Rolo, Vandal foi um nome que logo surgiu na mente de Giovani Cidreira. Criados em bairros próximos, entre Cidade Nova, IAPI, e Vila Laura, a canção conectou tempos diferentes, mas em perspectiva muito próxima de viver Salvador. Sem rodeios e com muita força expressiva, tanto o sambista setentista quanto o jovem rapper Vandal, trazem uma caneta bem afiada e afirmativa.

“Quando eu pensei nesse projeto, eu logo pensei em Vandal. Isso porque eu sempre fiz a relação de Ederaldo Gentil com Vandal; primeiro uma similaridade por eles terem crescido em bairros próximos da cidade e, depois, porque achei que esses dois artistas tinham o comprometimento com a verdade em comum. Os dois tem um trabalho verdadeiro de linha de frente, que consegue reunir os elementos da cidade nas músicas deles. Eles são comprometidos com a arte, sem concessões”, caracteriza Giovani Cidreira.

Já com o pontapé dado pela primeira canção lançada, o projeto vai trilhar o caminho de iluminar o trabalho de Ederaldo Gentil, falecido no início de 2012. Com liberdade de expressão e força de transgressão, o novo trabalho promete encantar o público com uma nova faceta de Giovani Cidreira, desta vez em referência ao clássico compositor de samba. “As pessoas podem esperar que o nível se mantenha daqui para frente nesse projeto. A gente está fazendo tudo com muito carinho para contar a história desse cara que é uma estrela forte, um gênio. É um lugar de experimentação muito interessante, o do intérprete. A galera pode esperar um um disco bem diferente de tudo que eu já fiz na minha carreira toda”, finaliza Giovani.

Em tempo: ontem, o festival Radioca anunciou um show especial reunindo Giovani Cidreira, Jadsa e Josyara, encerrando o primeiro dia do evento, 02 de novembro, no Museu de Arte Moderna (MAM - Bahia).

Ederaldo Gentil: sambista que, do lodo, gerou pérolas finas

“O ouro afunda no mar / Madeira fica por cima / Ostra nasce do lodo / Gerando pérolas finas”, compôs Ederaldo Gentil em 1973. A música conhecida na voz de Clara de Nunes foi gravada por outros grupos de samba como Nosso samba e Originais do Samba e cantada por nomes da MPB como Beth Carvalho.

Essa é uma das diversas obras primas do sambista soteropolitano que colocava a marca de melancolia em temas tão sutis e cotidianos.

Nascido em em Salvador, no dia 7 de setembro de 1944, de uma família de sete irmãos, Ederaldo Gentil trabalhou desde os nove anos de idade, carregando saco na feira e depois aprendeu a profissão de ourives e relojoeiro.

Na música, começou cedo. Aos 11 anos, já participava da bateria da Escola de Samba Filhos do Tororó, onde iniciou suas composições para a escola ainda muito jovem. Mais a frente, lançou cinco discos ao longo da carreira, o primeiro foi o compacto Triste samba/O ouro e a madeira de 1973, depois o álbum Samba, Canto Livre de um Povo em 1975, ambos lançados pelo selo Chantecler.

O último álbum, Identidade, de 1984, foi lançado pelo Nosso Som, gravado nos estúdios WR, de Salvador, onde, de certa forma, nasceu a axé music. Ederaldo Gentil faleceu em 2012, em Salvador e ao lado de Batatinha, Riachão, Panela, Nélson Rufino e Edil Pacheco, é considerado um dos maiores nomes do samba da Bahia.

Repercussões

Ederaldo Gentil teve seu trabalho eternizado ao longo das décadas. Jair Rodrigues, em 1970, gravou duas músicas de Ederaldo: Berequetê e Alô madrugada – a última, uma parceria com Edil Pacheco. Também em 70, Tião Motorista gravou o seu samba Esquece a tristeza.

Para dar vazão à história desse sambista que compunha com a mesma minúcia com que consertava relógios, em 1999, seu parceiro Edil Pacheco reuniu artistas como Gilberto Gil e Elza Soares para gravar o CD Pérolas Finas, que reúne algumas das melhores composições de Ederaldo.

Em 2006, em um movimento parecido, o CD A Voz do Poeta, patrocinado por amigos, admiradores e familiares, reuniu em uma coletânea 15 músicas do cantor e compositor.

Já cinco anos após a sua morte aos 68 anos de idade na periferia de Paú Miúdo em Salvador, seu sobrinho, o músico Luisão Pereira, falecido em março último, reuniu seus três discos lançados e mais um com inéditas em uma caixa de CDs, lançada como registro de sua obra, pela Natura Musical.

Clássicos do samba - BA

Além de O Ouro e Madeira, o sambista baiano ficou conhecido pelas canções A Bahia vai bem, Eu e a viola, Rose, Impressão digital, A volta ao mundo e claro, Feira do rolo, que acaba de ganhar uma versão pelo compositor soteropolitano Giovani Cidreira.

Entre seus principais intérpretes constavam Agepê, Alcione, Miltinho, Eliana Pittman, Leny Andrade, Maria Bethânia, Originais do Samba, Beth Carvalho, Elza Soares, Jair Rodrigues e Roberto Ribeiro.

Ederaldo Gentil se consagrou por uma história sem mínimos privilégios em sua vida cotidiana, mas que construiu obras que, até hoje, são grandes pérolas – um privilégio para quem as escuta.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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Giovani Cidreira Radioca single

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