CULTURA
Corpo do artista plástico Mário Cravo Jr. é cremado em Salvador
Por Gabriel Andrade*
Amigos, familiares e admiradores de Mário Cravo Jr., um dos representantes da primeira geração de artistas modernistas da Bahia, se despediram do mestre no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, na tarde desta quinta-feira, 2. Ele estava internado no Hospital Teresa de Lisieux e morreu de falência múltipla de órgãos, aos 95 anos, na quarta passada.
O neto de Mário, Akira Cravo, falou sobre a saudade do avô. “O que fica são as lembranças, as conversas e fotos. Eles vão, a gente fica, mas a cabeça muda totalmente”, contou. Criador de icônicas esculturas que estão espalhadas pela cidade.
Durante a despedida, o artista plástico e escultor Bel Borba relembrou sua obra e também a personalidade do artista. “Ele deixa sua volúpia criativa, ele foi um super herói para todos nós, um homem de força, de garra. É como se ele nunca tivesse partido. Sempre estará conosco”, completou, emocionado.
Nascido no dia 13 de abril de 1923, Mário Cravo fez parte, ao lado de Carlos Bastos e Genaro de Carvalho, da primeira geração de modernistas da Bahia. Com 15 anos, começou a fazer seus primeiros desenhos e esculturas e trabalhou nos ateliês do artista baiano Pedro Ferreira e do escultor Humberto Cozzo.
Em 70 anos de atividade como artista plástico, ele deixou um legado de pinturas, gravuras, desenhos e esculturas, com inúmeras exposições individuais, coletivas e prêmios. Fora de Salvador, o artista teve esculturas instaladas em diversas capitais do Brasil e no mundo, com títulos como “O Tocador de Berimbau”, que fez parte do acervo do Hotel Nacional, de Brasília.
Para o escritor Cláudio Portugal, que trabalhou diversas vezes com a obra de Cravo, é importante preservar e manter viva a memória de Mário. “Hoje, além de saudade, fica uma obra imensa e fantástica para o povo baiano. Ela deve ser conservada e mantida onde está, aberta ao público. Transformando os espaços da cidade em áreas de lazer e cultura”, conta.
“Ele tem toda uma obra exposta ao público no Parque de Pituaçu que está deteriorada. Se existe tanto turismo e interesse na Bahia, é muito fruto da obra dele e de tantos outros. Preservar a cultura é preservar também a identidade”, completa o escritor. No Parque das Esculturas, em Pituaçu, está um acervo que reúne esculturas, pinturas e desenhos, gravuras.
Entre as esculturas espalhadas pela capital baiana, estão: A Fonte da Rampa do Mercado, na Praça Cayru, no Comércio, a Sereia de Itapuã, A Cruz Caída, na Praça da Sé, a escultura de Ruy Barbosa, no Fórum de Nazaré, o memorial a Clériston Andrade, na avenida Garibaldi. Suas obras também integraram museus como o MoMA, de Nova Iorque, e o Hermitage, na Rússia.
Exposição
Além das diversas obras espalhadas pela cidade, os admiradores do artista terão a oportunidade de conhecer um pouco mais do trabalho de Mário na mostra Acervo do MAM, do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), aberta nesta quinta.
Ele será homenageado na exposição que exibe o trabalho de artistas como Tarsila do Amaral, Djanira Mota e Silva, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, João Alves, Carybé e Aloísio Magalhães.
*Sob supervisão da editora Meire Oliveira
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes