CELEBRAÇÃO
Corpos que contam histórias: Jornada de Dança da Bahia abre celebração dos 15 anos
O evento contará com mostras artísticas e workshops voltados para o tema deste ano

Por Franciely Gomes

Emoção, música e memória afetiva marcaram a primeira noite da 15ª Jornada de Dança da Bahia nesta quarta-feira, 19. Com a mostra artística “Rememoriar + Dança Cansada”, o Espaço Xisto Bahia recebeu pessoas de todo o Brasil para prestigiar mais uma edição do evento.
Com a temática voltada para o envelhecimento, esquecimento, luto, cansaço e relações dos idosos com o mundo moderno, o espetáculo 'Rememoriar' contou histórias pessoais de familiares das bailarinas Helena Bevilaqua e Lilian Lima, que coreografaram e apresentaram a obra.
“Nosso espetáculo se chama Rememoriar, que também é o nome do nosso coletivo, que acontece desde 2021, na cidade do Rio de Janeiro. E, especialmente, está sendo um momento bem emocionante pra mim porque foi esse evento da Jornada que me levou pra Bahia pela primeira vez. Eu dancei aqui em 2019”, disse Helena em conversa com a reportagem do Portal A TARDE.
“E, mais do que justo no 'Dançar O Que Sou', que é essa temática que tá por trás da Jornada, a gente fala sobre os nossos, as nossas famílias e as nossas histórias. Então, me sinto muito contemplada com o tema, muito feliz e animada pra contar um pouquinho dos nossos familiares pra plateia”, completou.

Já Liliam destacou a importância da discussão destes assuntos durante a Jornada de Dança da Bahia, realizando este intercâmbio de culturas entre Salvador e o Rio de Janeiro.
“Nós compomos esse coletivo juntas desde 2021. É um prazer enorme estar aqui hoje, pois estamos sendo muito bem recebidas aqui na Bahia e a Jornada tem confirmado isso. De certa forma é um pouco do que todo mundo quer e o que une também o Rio de Janeiro e a Bahia”, afirmou.
“O nosso espetáculo fala sobre envelhecimento, as nossas avós, adoecimento, esquecimento, como lidar com isso, como isso pode ser um mote criativo e como todos nós temos coisas para contar dos nossos. É para incentivar um pouco esse lugar de olhar para o que a gente já carrega, para todas as nossas memórias, e por isso a gente busca esse tema do Rememoriar”, finalizou.

Dança Cansada
Com um olhar voltado para o cansaço que assola a sociedade moderna em todas as idades, o espetáculo 'Dança Cansada' deu um choque de realidade através dos movimentos dos corpos em cena, exibindo o processo de cansaço do corpo.

Coreógrafo e idealizador da apresentação, Ramon Moura explicou detalhes da temática por trás do que pode ser visto pelo público da 15ª Jornada de Dança da Bahia.
“O espetáculo Dança Cansada, do grupo Outras Danças, foi criado no início desse ano. Na realidade, ele é o espetáculo que reestreia a companhia e fala sobre uma temática que é muito atual e muito presente, que é sobre esse excesso da vida contemporânea”, explicou.
“Às vezes, a gente se perde muito naquilo que a gente faz, que queremos fazer ou que devemos fazer, e a gente acaba perdendo também um pouco da nossa sensibilidade e percepção. Então o trabalho mostra nitidamente o que a gente está criticando. O trabalho excessivo, essa ideia que a gente não para de pensar o tempo inteiro, então a gente está abordando isso com a dança”, completou.

O profissional ainda reforçou que a ideia é instigar o público a sentir o mesmo cansaço graves da dança. “A proposta é mesmo instigar, chegar nesse lugar para poder cansar e a gente traz isso para o público, juntamente com o elenco que está no palco. Então a gente fala mais ou menos sobre essa temática, esses excessos da contemporaneidade e também como as virtualidades têm mudado a nossa maneira de perceber o mundo”, disparou.
“E participar da 15ª edição da Jornada de Dança é muito importante, sobretudo pra mim, porque esse ano faz 10 anos de uma outra companhia que estreou o trabalho aqui, e pra gente é importante porque reafirmamos o trabalho enquanto grupo e é uma honra pra gente estar participando da programação da Jornada, onde esperamos que o público se divirta e aprecie o nosso trabalho”, finalizou.
Intercâmbio cultural na Jornada
Diretora da Jornada de Dança da Bahia, Fatima Suarez conversou com a reportagem do Portal A TARDE sobre o intercâmbio cultural entre estados e países durante a edição deste ano, que tem o apoio do Ibercena.
“Hoje é uma espécie de mistura e é um espetáculo muito especial de abertura da Jornada. Este ano temos o apoio do Ibercena e a vinda de pessoas da América Latina, além do intercâmbio com o Isadora Duncan Foundation de Nova York, dos Estados Unidos. Entre professores e pessoas que vão vir pra Jornada, são mais de 45 cidades diferentes do Brasil que estão aqui representadas”, contou.
“Trazer toda essa gente aqui para falar de dança e de educação é uma coisa que realmente nos representa muito nesse momento. A gente vê que a jornada atrai pessoas, pois temos pessoas de quase todos os estados do país participando, seja como bailarinos, professores, na mostra artística ou no fórum de educadores. Então isso é muito legal e esses intercâmbios vão se fazendo. As pessoas vão reconhecendo umas nas outras aquilo que trabalham, aquilo que podem intercambiar e eu acho que esse é um dos pés da Jornada como um projeto de educação”, completou.

A coreógrafa ainda reforçou a importância de um espetáculo cultural desse porte, como a Jornada, estar celebrando 15 anos de vida com o tema “Danço o que sou”, que mostra a força e potência dos bailarinos que estarão presentes ao longo destes cinco dias de festival, que segue até o dia 23 de novembro.
“Um projeto de cultura no Brasil estar completando 15 anos não deixa de ser um orgulho para todas as pessoas que fazem parte, que compõem esse projeto e que estão juntas há muito tempo lutando para que ele sobreviva. E de uma certa forma também para o público, porque eles aguardam a jornada a cada ano. Então é muito legal a gente poder estar voltando com a nossa programação e trazendo o nosso público de volta mais uma vez para assistir à Jornada de Dança da Bahia”, destacou.
Presente durante os espetáculos, a bailarina Yasmin Rezende contou que veio do Pará especialmente para a Jornada, pois é sua primeira vez na Bahia. “Estou vindo do Pará para apresentar aqui e participar dessa vivência. Eu acho que o tema ‘Danço O Que Sou’ tem muito a ver com aquilo que a gente tem trazido de narrativa dentro do nosso estado. Poder compartilhar isso com vocês e fazer essa troca entre Pará e Bahia é algo muito incrível para a gente, porque consegue tirar de nós muito do nosso corpo, das nossas memórias e da nossa ancestralidade”, afirmou.
“Estou muito feliz de poder participar, porque é a primeira vez que eu estou vindo na Bahia e participando da Jornada também. Então eu espero muito que seja algo lindo, que tenhamos muitas trocas e que saiam muitas criações maravilhosas a partir disso”, destacou.
Já a bailarina Daisy Silva reforçou que a temática da Jornada este ano dá voz aos colegas de profissão e reforça a importância deles na ocupação de certos espaços artísticos.
“O tema da jornada desse ano é muito importante e pertinente pra estarmos em cena. Eu tô participando também da residência aqui na jornada e tá sendo uma experiência incrível. Danço o que sou porque eu sou isso, eu sou dança também. Então, acredito que, além de mim, os meus outros colegas artistas também estão sentindo muito contemplados com esse tema e com a Jornada como um todo, que tem anos de história”, disse.
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